O senador Vanderlan Cardoso (PSD) é uma aposta perdida para os próximos anos da política em Goiás. Não tem a menor perspectiva de reeleição, depois de se isolar como uma “liderança” que não tem liderados, não representa correntes de pensamento na sociedade estadual – nem sequer no segmento de onde é oriundo, o empresariado – e de integrar um partido para o qual não deu nenhuma contribuição desde que assumiu a sua presidência regional. Reforçando toda essa inconsistência, nunca foi fiel a quem quer que seja, exibindo no currículo a passagem por mais de 10 legendas, a aproximação e o posterior rompimento com nomes de peso como Iris Rezende, Marconi Perillo e Ronaldo Caiado, sempre ao sabor dos seus interesses pessoais e familiares. Pode ter dado certo até agora, já que o levou à mais alta Câmara Legislativa do país, só que às custas da perda da sua confiabilidade.
Em 2024, Vanderlan tomou uma derrota fragorosa como candidato a prefeito de Goiânia: chegou em um humilhante 5º lugar, com reles 45 mil votos. Sinal mais claro de decadência eleitoral, impossível. Antes, em 2022, traiu vergonhosamente o governador Ronaldo Caiado, ao apoiar a candidatura do então Major Vitor Hugo, que terminou em 3º lugar – mesmo porque Vitor Hugo, como um estranho no ninho, não tinha laços com as goianas e goianos e não passava de uma aventura do bolsonarismo radical. Por que Vanderlan agiu assim, depois de ganhar o apoio de Caiado em 2020 na disputa pela prefeitura de Goiânia (que ele perdeu para Maguito Vilela)? Resposta simples: para empurrar a sua mulher Izaura Cardoso como 1ª suplente de Wilder Morais, na chapa de Vitor Hugo. Sim, a mesma Izaura que em 2024, enquanto o marido era derrotado na capital, também correu atrás da prefeitura de Senador Canedo e… mais um fracasso, concluindo o pleito em 3º lugar (com menos de 20% dos votos canedenses).
Na política, também acontecem acidentes. Um deles foi a transformação ocasional de Vanderlan em senador, em uma eleição atípica, a de 2018, quando todas as expectativas, que conspiravam a favor do ex-governador Marconi Perillo e da então senadora em 2º mandato Lúcia Vânia, findaram-se frustradas. Esqueçam, uma conjuntura pró-Vanderlan como essa não tem a menor possibilidade de se repetir. Para 2026, estão bem-posicionados para o Senado a primeira-dama Gracinha Caiado e o deputado federal Gustavo Gayer. Se houver acordo entre a base governista e o PL, essa dobradinha será imbatível. Se não, ainda haverá o “efeito garupa”: quem concorrer em sintonia com Gracinha será beneficiado pela sua enxurrada de votos. E Gayer, enquanto isso, seguirá competitivo. Vanderlan, ultimamente, se esforça para se viabilizar para perfilar ao lado de Gracinha. Mas, é a pergunta, em troca de que a aliança chefiada por Caiado investiria em alguém que nunca é leal e que só pensa em si mesmo a cada passo na política?
Vanderlan meteu-se em um beco sem saída. E do qual não escapará nem mesmo se desistir da reeleição ao Senado e optar pela busca teoricamente mais segura de uma cadeira de deputado federal. Ocorre que não há vagas, a maioria dos atuais 17 componentes da bancada de Goiás na Câmara será reconduzida, sem espaço para nada de novo nas bases municipais, exceto um ou outro candidato abençoado por Caiado. Bem, Vanderlan é rico e poderia usar essa condição para “comprar” o mandato – oooops… arriscando-se a queimar milhões à toa. No entanto, em um delírio de superioridade, é bem mais provável que ele insista no Senado, mesmo como um concorrente avulso, pelo PSD ou talvez na última hora, após perdidas as esperanças de se integrar à chapa governista, partindo para uma composição caso o ex-governador Marconi Perillo tenha a coragem de disputar o governo. Chance de êxito? Nenhuma.
É o preço a pagar para escolhas egoísticas do passado. A conta chegou para o dono da Cicopal, uma empresa de salgadinhos ultraprocessados patinando na contramão da história, quer dizer, fabricando produtos que passam longe de uma vida saudável e perdem mercado a cada dia. Porém, o pior é que Vanderlan não sabe o que é ser senador. Dia e noite, ele viaja pelo interior distribuindo tratores, caminhões e máquinas pesadas para os municípios, com recursos das suas emendas orçamentárias. Mais um erro: isso não leva a nada, não constrói uma liderança política de verdade, muito menos estabelece conexões com segmentos majoritários da sociedade, a exemplo do que significam Gracinha e Gayer. Não cria vínculos, a não ser prefeitos agradecidos que… vão apoiar os candidatos ao Senado indicados por Caiado. Hoje, Vanderlan pode até aparecer bem nesta ou naquela pesquisa. Em 2024, para prefeito de Goiânia, ele chegou até a marcar o 1º lugar, para depois cair, cair e finalizar no fiasco do 5º lugar. É o que, nas urnas do ano que vem, o espera se de fato tentar a reeleição para o Senado: não só um novo revés, como o fim da sua carreira política.