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APARECIDA DE GOIÂNIA

“Marketing da vacina” dá errado em Aparecida e irrita a população

Gestão de Gustavo Mendanha, na pressa de passar à frente dos demais municípios, começou a vacinar grupo acima de 62 anos e teve que parar por falta de imunizantes

13/04/2021 às 11h00


POR Redação

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Aparecida de Goiânia se preparou para vacinar grupo prioritário acima de 62 anos, numa corrida para se antecipar aos outros municípios goianos. No entanto, faltou combinar com os russos. Ou melhor, com os chineses e indianos. Assim já no sábado, 10, primeiro dia de vacinação para o novo grupo, a prefeitura anunciou que no domingo, 11, já não vacinaria ninguém. Motivo: faltou doses.

Ainda na sexta-feira, 9, o marketing aparecidense divulgou que a ampliação da faixa etária de vacinação foi possível a partir da chegada de 3,6 mil novas doses da Coronavac ainda no dia anterior. E apontou que a estimativa era vacinar todos os 6 mil idosos entre 62 e 64 anos do município. No entanto, não durou um dia. A prefeitura anunciou que para retomar a aplicação da Dose 1 nos drive-thrus, Aparecida aguarda nova remessa de doses.

A capital é mais cautelosa. Ainda vacina grupos a partir de 64 anos. Mas utilizou a nova remessa para a primeira dose em profissionais de saúde ainda não vacinados e para a segunda dose em idosos a partir de 74 anos. Garantir a segunda dose passou a ser essencial para que a imunização seja efetiva, já que os anticorpos são mais presentes a partir da dose de reforço.

Na semana passada, o próprio Butantan havia avisado que paralisou a produção por falta do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). Novo carregamento deveria chegar ainda na sexta, mas foi postergado. O atraso da remessa foi provocado pela intensificação da campanha de vacinação na própria China. E o Brasil ainda não produz esse tipo de matéria-prima. Enquanto o país estiver à mercê de fabricantes externos, haverá dificuldade para o avanço a contento da vacinação. Pode-se argumentar que o governo federal, e a trapalhada do Ministério das Relações Exteriores sob a batuta de Ernesto Araújo, não se preparam para a vacinação em massa, mas é preciso que os munícipios, elo final da cadeia de imunização, trabalhem mais, com menos propaganda.

De acordo com a Secretaria de Saúde de Aparecida, o município totalizou 59.274 vacinas aplicadas entre 1ª e 2ª dose, de 20 de janeiro a 05 de abril. Deste total, 43.974 são referentes à primeira dosagem e 15.300 referentes à segunda. 367 idosos e deficientes institucionalizados, 1.259 idosos acamados e com dificuldade de locomoção e 39.130 idosos com mais de 64 anos já foram vacinados, entre dose 1 e dose 2. Além disso, 17.810 vacinas já foram aplicadas em profissionais de saúde.

Na quinta-feira, 8, o município recebeu 3,6 mil doses do Ministério da Saude, por intermédio da Secretaria Estadual de Saúde, destinadas à primeira aplicação. Dessas, 2.200 foram utilizadas nos postos de vacinação em sistema drive thru; 1.080 para os profissionais de saúde que ainda vão receber o imunizante e 180 para os profissionais das forças de segurança e as demais foram disponibilizadas para a população com 62 ou mais no aplicativo Saúde Aparecida.

O problema é que a conta estava errada desde o início. A própria prefeitura reconheceu que já dispunha da estimativa de que o público alvo, acima de 62 anos, corresponderia a mais de 6 mil pessoas – portanto, matematicamente impossível de ser atendido com apenas 2,4 mil doses, que ainda teriam que ser compartilhadas com os que esperavam a segunda dose. Mesmo assim, para passar à frente de Goiânia e Anápolis e mostrar um ritmo de imunização mais ágil e rápida, a população referente a essa faixa etária foi convocada para se vacinar. O marketing deu errado.

Mortes quadruplicam no 1º trimestre

 

A primeira morte registrada pela Covid-19 em Aparecida ocorreu no dia 7 de julho do ano passado. Em 5 meses de 2020, 509 aparecidenses morreram vítimas do coronavírus, contrastando violentamente com os números do 1º trimestre de 2021, quando foram registrados 484 óbitos, uma alta de 95% em relação a todo o ano de 2020. 

Aparecida tem a maior taxa de incidência do novo coronavírus dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes em Goiás, com aumento também no número diário de mortes (de duas por dia em dezembro para oito por dia em março, em média), com o sistema de Saúde municipal praticamente colapsado em quase todo mês passado, sem disponibilidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou até mesmo de enfermaria para atender aos pacientes da nova doença.

A pandemia se agravou em março, com a chegada da sua 2ª onda. A média diária de mortes nesse mês chegou a 8,3 e não foi por acaso. Pontos comerciais aparecidenses ficam lotados e feiras livres funcionam livremente, como consequência da adoção do polêmico modelo de escalonamento intermitente por regiões do comércio, indústria e serviços. Aparecida foi o único município de porte do Estado a seguir esse padrão. Todos os demais acompanham o decreto estadual, que instituiu o sistema 14×14, ou seja, 14 dias de portas fechadas e 14 dias de reabertura, cortando o ciclo de duas semanas do vírus.

Dados sobre as mortes em Aparecida, do dia 25 de março ao dia 12 de abril, mostram um salto de 882 para 1.026 mortes, em um em um período de apenas 15 dias. Já o número de pessoas contaminadas subiu de 55.579 para 59.097, também no mesmo período.