Senador Canedo enfrenta mais de uma semana sem água nas torneiras, e o que inicialmente poderia ser atribuído ao clima acabou revelando um cenário de má gestão, planejamento deficiente e falta de investimentos estruturais.
No ano passado, a prefeitura inaugurou uma represa com capacidade para armazenar mais de 400 milhões de litros, apresentada como solução definitiva para o abastecimento da cidade. Porém, a estiagem se prolongou e toda a estrutura entrou em colapso. As represas Aras 1 e Aras 2 — responsáveis por atender cerca de 40% da população — também praticamente pararam de funcionar, agravando ainda mais a crise.
Com o sistema à beira do colapso, moradores têm recorrido aos lagos do Parque Boa Vista para tomar banho e coletar água para tarefas básicas. Francisco Oliveira, morador da cidade, afirma estar comprando água diariamente para suprir as necessidades da casa. “É um absurdo”, desabafa.
A Sanesc informa que está remanejando água de outros sistemas e promete normalização até o final da semana — uma promessa que, segundo moradores, já se tornou recorrente diante dos repetidos episódios de falta de abastecimento. Paralelamente, o Ministério Público lembra que Senador Canedo é uma das cidades que mais crescem em Goiás e reforça a recomendação para que as taxas cobradas de novos empreendimentos sejam, de fato, voltadas para investimentos reais em infraestrutura hídrica.
A crise deixa claro que o problema não está apenas na estiagem, mas na falta de previsão, preparo e comprometimento do poder público frente a uma demanda que só aumenta e que já ultrapassa a capacidade do sistema atual.