Em 7 de abril é celebrado o Dia Mundial da Saúde. A data comemorativa tem como principal objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidados em prol de uma melhor qualidade de vida. O número crescente de doenças crônicas como diabetes e hipertensão acendem o alerta para a necessidade de atenção à saúde nas diferentes faixas etárias.
Segundo estudo da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2016, em uma década, a taxa de doenças crônicas no Brasil avançou, com o aumento de 61,8% de diabetes e de 14,2% de hipertensão. Os dados também mostram que mais da metade da população está com peso acima do recomendado, colocando o país na transição da desnutrição para a obesidade. A obesidade cresceu 60% em dez anos, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016.
Para o hematologista e patologista clínico Nelcivone Soares de Melo, que atua no Grupo Hemolabor, a pesquisa revela, com dados numéricos, uma realidade que é percebida pela população e constatada no dia a dia dos profissionais de saúde. Em todas as famílias existem pessoas com uma ou mais das doenças citadas e os consultórios médicos e unidades públicas de saúdes estão lotadas de diabéticos, hipertensos e obesos.
Para ele, nas últimas décadas houve um processo acelerado de urbanização que mudou completamente o perfil demográfico da população brasileira. “Atualmente, 80% da população vive nas cidades e isso trouxe uma mudança radical no estilo de vida. Essa mudança veio acompanhada dos três piores inimigos da saúde: estresse, sedentarismo e obesidade. Maus hábitos alimentares com consumo excessivo de alimentos industrializados e carboidratos completam o cenário ideal para o aparecimento das doenças”, informa.
A diabetes, doença crônica metabólica caracterizada pelo aumento da glicose no sangue, acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir a insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo. A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar as células, para ser utilizado como fonte de energia.
Já a hipertensão, popularmente conhecida como pressão alta, é uma doença crônica que é determinada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 30 milhões de brasileiros sofrem dessa doença.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, na maioria das vezes, a pressão alta é uma herança genética. Entretanto, pode ser desencadeada por hábitos de vida pouco saudáveis como: ingestão excessiva de sal ou de bebida alcoólica e inatividade física. Ela não tem cura, mas pode e deve ser controlada.
Medicação
No tratamento destas doenças os medicamentos são essenciais para um bom resultado, mas deve-se tomar cuidado na hora de ingeri-los, ainda que se tenha prescrição médica. O consumo incorreto pode prejudicar o tratamento. Não são recomendáveis, por exemplo, tomar medicamento com líquidos como leite ou café, ou fora do horário previsto.
Além disso, evitar a automedicação é sempre recomendada. O gerente farmacêutico da Drogaria Santa Marta Adriano Umbelino informa ser indicado seguir as recomendações de médicos e farmacêuticos e não de vizinhos, amigos ou familiares. Ele pondera que cada pessoa tem um sistema imunológico próprio, o que funciona para um, não necessariamente dará certo para outro. A automedicação pode prejudicar a saúde, inclusive levando a episódios de intoxicação.
A intoxicação por medicamentos lidera ranking de casos de intoxicação humana no País, sendo responsável por 33,86% de todas as ocorrências do tipo em 2015, ano da última estatística divulgada pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox).
A pesquisadora Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirma que esse comportamento vem sendo observado desde 1994 pelos dados do Sinitox e não está restrito ao Brasil. “Nos Estados Unidos, na Europa e mesmo nos países da América do Sul os medicamentos também lideram o ranking das intoxicações humanas”.
Rosany acrescenta haver hábitos de consumo de medicamentos que favorecem as intoxicações, como estocá-los em casa, reutilizar receita médica achando que não está fazendo automedicação, ingerir medicação errada e a interrupção de tratamento com antibiótico.
Atenção à saúde
Para a manutenção da saúde e a prevenção de doenças, o médico Nelcivone Soares de Melo recomenda algumas mudanças de hábitos. Confira as dicas:
• Ter alimentação saudável
• Praticar exercícios físicos regularmente
• Ter uma dieta equilibrada com a ingestão de frutas, verduras, legumes e cereais integrais
• Prefira as carnes brancas e não abuse dos carboidratos
• Evite os embutidos, os enlatados e os refrigerantes
• Se você não tem tempo para a academia, faça atividades ao ar livre, como caminhar, pedalar e correr
• Visite o seu médico pelo menos uma vez ao ano
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