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Rompimento do MDB esvaziam parcerias entre Rogério Cruz e Gustavo Mendanha

Apesar da vizinhança, prefeitos vão continuar trabalhando cada um para o seu lado, prejudicando a população das duas maiores cidades do Estado

22/04/2021 às 12h00


POR Redação

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A parceria administrativa entre Aparecida e Goiânia é não só uma necessidade como também uma obrigação dos prefeitos Gustavo Mendanha (MDB) e Rogério Cruz (Republicanos), diante da vizinhança estreita entre os dois municípios e do envolvimento urbano de ambos.

Em áreas próximas e comuns, as duas cidades enfrentam os mesmos desafios, que vão desde a fluidez e a qualidade do transporte coletivo, passam por ruas sem asfalto e saneamento básico e chegam à área social com a falta de vagas nos CMEIs de um lado e de outro para as crianças em idade de frequentar a Educação Infantil, problema gravíssimo tanto em uma quanto em outra cidade.

Entretanto, nada aconteceu até agora, embora os dois prefeitos já se aproximem do cumprimento do 4º do mandato de cada um. O rompimento do MDB com Rogério Cruz complica ainda mais esse cenário de dificuldades para a implementação de um trabalho conjunto, já que Mendanha, embora não tenha se pronunciado a respeito até hoje, tende a ser solidário com o presidente estadual do partido Daniel Vilela.

Rogério Cruz já fez uma visita a Gustavo Mendanha em seu gabinete na Cidade Administrativa de Aparecida. Segundo as informações distribuídas através de um release por ambas as assessorias de imprensa, o foco foram as tratativas em torno das tais parcerias administrativas, por um lado, e a apresentação a Rogério Cruz do escritório repleto de telas através das quais ruas e pontos de aglomeração pública em Aparecida são vigiados por um sistema de videomonitoramento.

Para Gustavo Mendanha, trata-se da estrutura que definiria Aparecida como uma “cidade inteligente”, proposta que o então candidato emedebista Maguito Vilela disse na campanha que levaria para Goiânia e que Rogério Cruz está agora em busca de implantar para cumprir a promessa do seu falecido companheiro de chapa.

No entanto, isso não tem nada a ver com a parceria administrativa necessária para Goiânia e Aparecida nem representa a implantação de uma “cidade inteligente”. A mera informatização de alguns serviços através de softwares que comprados, inclusive câmeras para acompanhar o movimento por toda a região urbana, não caracteriza uma visão integrada de todas as obrigações da prefeitura e da facilitação do seu acesso para a população, mediante tecnologias – principalmente as camadas mais carentes. Isso, sim, é que faz uma “cidade inteligente”.

A parceria entre Gustavo Mendanha e Rogério Cruz deveria começar com a instalação de um comitê misto com representantes das duas prefeituras, ao qual competiria estabelecer as prioridades comuns a serem atacadas, quais os projetos específicos a serem assumidos e quais as fontes de financiamento para cada um, além dos mecanismos jurídicos para permitir essa espécie de consórcio administrativo. E os objetivos a serem atingidos seriam os mais práticos possíveis, influenciando positivamente o dia a dia da população diretamente.

Mas agora, com o rompimento do MDB com o prefeito de Goiânia, a dura verdade é que tudo continuará como é hoje, isto é, com cada administração falando e agindo por si, sem nenhuma aliança ou sincronia benéfica para a população de ambos os municípios. Nesse sentido, a visita de Rogério Cruz a Gustavo Mendanha pode ser classificada como um evento social para produzir fotos simpáticas e ocupar espaço como marketing promocional para os dois gestores. Nada mais.

Capital também quer implantar câmeras nas ruas

O plano do prefeito eleito Maguito Vilela para transformar Goiânia em “cidade inteligente”, apresentado na campanha municipal do ano passado, não passa da informatização de alguns serviços e principal da instalação de câmeras de vídeo pela cidade. Mas só isso não significa que o conceito seria aplicado, já que, na verdade, envolve uma visão integrada de todas as obrigações da prefeitura e da facilitação do seu acesso para a população, principalmente as camadas mais carentes.

Da mesma forma, disponibilizar wi-fi em praças e logradouros também não tem nada a ver com “cidade inteligente” e, pior, representa um tipo de projeto exaustivamente testado e fracassado, diante, por exemplo, da democratização da internet via aparelhos telefônicos celulares e o advento do 4K. Quem iria para praças acessar internet?

A maioria dos políticos que fala em idade inteligente” simplesmente não sabe o que está abordando. Imaginar que Aparecida, é uma “cidade inteligente” só porque a prefeitura montou um sistema de videomonitoramento de alguns pontos de maior movimento, cuja utilidade prática é reduzida a flagrar pequenos roubos em escolas, passa longe.

Hoje, é consenso que o mais importante para uma prefeitura é a prestação de serviços de qualidade, dentro de uma concepção integrada da vida urbana, que não deixa de fora setores como a saúde, a educação, a mobilidade, o meio ambiente, o saneamento, o abastecimento e, como escopo para tudo isso, a sustentabilidade. “Cidade inteligente”, assim, é muito mais que apenas usar tecnologia intensiva ou recorrer massivamente à internet das coisas. Um centro urbano do futuro fundamenta-se em um sistema de inteligência articulado que permita um melhor gerenciamento administrativo, oferecendo conforto para os seus moradores em um ecossistema agradável, seguro e com foco nas cidadãs e nos cidadãos.

O pano de fundo de uma cidade inteligente é o urbanismo, abrindo espaço para a definição de moradias diferentes, uso coletivo dos espaços e prioridade para o pedestre, levando a uma redução da circulação dos habitantes capaz de aliviar o tráfego. Além disso, incentivo à inovação e à pesquisa, mesmo que não se tenha um polo específico para essas atividades, porém viabilizando a conexão com outros pontos – em outras cidades – de desenvolvimento científico, liderando a região metropolitana. Na verdade, é mais do que disponibilizar apps para interagir com as faixas da sociedade e, sim, reorganizar os serviços públicos para garantir uma gestão mais eficiente.