Logomarca
Nublado
º
min º max º
CapaJornal
Versão Impressa Leia Agora
Terça-feira. 02/07/2024
Facebook Twitter Instagram
COLUNISTAS

POLÍTICA

ENTREVISTA

Presidente da Saneago, Jales Fontoura, concede entrevista exclusiva ao Diário Central

Confira tudo o que Jales falou sobre a universalização da água e esgoto para toda a população metropolitana de Goiânia e o futuro político

28/09/2017 às 09h00


POR Redação

facebook twitter whatsapp

Em meio à falta de água enfrentada em vários setores de Goiânia, o presidente da Saneago, Jales Fontoura, conversou com o jornalista político do Jornal Diário Central, Divino Olávio, sobre a universalização da água e esgoto para toda a população metropolitana de Goiânia e o futuro político.

O que representa para Goiânia o início das operações do Sistema Produtor Mauro Borges?
R.: Representa a autonomia no fornecimento de água tratada retirada do ribeirão João Leite que vai atender Goiânia até 2040. Nós temos produção de água bruta e água tratada. E o desafio agora é fazer com que essa água tratada chegue até as torneiras das casas. E nós já começamos a trabalhar para que isso aconteça com a criação do “linhão” que ligará a parte Leste de Aparecida de Goiânia às margens da BR-153 com vários outros sistemas e anéis de água substituindo o fornecimento em locais que hoje são alimentados pelo Rio Meia Ponte pela água que vem do Ribeirão João Leite. Nossa meta é alcançar até 2019 toda a região metropolitana de Goiânia com a universalização da água e do esgoto.

Quantas pessoas são atendidas pelo Sistema?
R.: Atualmente cerca de 200 mil pessoas já estão sendo atendidas pela água do Ribeirão João Leite em locais que antes eram atendidos pelo Rio Meia Ponte. São bairros como o Jardim Guanabara, o Setor Negrão de Lima, o Vale dos Sonhos e outros setores. E devemos concluir ainda em setembro a ligação de vários outros bairros da região do Setor Negrão de Lima.

A Saneago já dispõe dos recursos para construir o “linhão”?
R.: A Saneago é uma empresa que tem credibilidade e crédito. E vários bancos, como a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil o BNDS, estão disputando essa oferta de crédito para a Saneago. Nós estamos fazendo estudos financeiros para viabilizar quais juros são compatíveis com os investimentos por se tratar de uma grande obra e outras que irá integrar o abastecimento em toda grande Goiânia para que não falte mais água para a população. O Sistema Meia Ponte continua sendo muito importante, mas vamos passar a retirar menos água dele. São desafios importantes que a Saneago precisa enfrentar e vencer de forma paulatina até 2019.

A inauguração do Sistema Produtor Mauro Borges foi fundamental para reduzir os impactos da seca que gerou uma crise hídrica?
R.: O Rio Meia Ponte sofreu neste ano um estresse hídrico pelo fato da chuva na região da Bacia do rio sofreu uma redução de 25%, um percentual muito alto. Isso envolve não apenas a questão da água para o consumo humano, mas também para abastecer tanto a agricultura quanto a pecuária. Hoje o Sistema Meia Ponte está consolidado e precisa ser reorganizado para que possa continuar fazendo o seu papel.

Qual é a capacidade de fornecimento de água do Sistema Produtor Mauro Borges?
R.: Esse Sistema que funciona por meio da água do Ribeirão João Leite tem capacidade de ser duplicado o fornecimento atual dobrada nos próximos anos. O projeto prevê uma vazão de 8 mil litros/segundo. Considerando que Goiânia hoje tem um consumo médio de 4 mil litros/segundo, a capacidade do Sistema Produtor Mauro Borges pode atender até o dobro da demanda da Capital. Mesmo fazendo a projeção do crescimento das cidades vizinhas, como Aparecida de Goiânia, que cresce muito, podemos afirmar com segurança que o Sistema é capaz de garantir o fornecimento de água até 2040.

Quais municípios da região metropolitana de Goiânia também serão beneficiados pelo Sistema?
R.: Goianira, Trindade, Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Algumas cidades, embora bem próximas de Goiânia, tem problemas de abastecimento. Senador Canedo, por exemplo. Como é possível resolver esse problema?
R.: Senador Canedo é uma situação específica pela dificuldade de expansão do sistema de abastecimento da cidade. É um município que não tem de onde retirar mais água para poder tratar e distribuir. E acredito que futuramente a cidade deverá se integrar ao Sistema Saneago para conseguir atender o crescimento da cidade e consequentemente a demanda que tende a crescer. Mas para isso depende da autorização da prefeitura municipal, a Saneago só poderá atender se a prefeitura se dispuser a compor conosco.

Goiás poderá passar por um racionamento de água nos próximos anos?
R.: Não acredito. Racionamento somente deverá acontecer em cidades que não são atendidas pela Saneago. Nós temos feito um esforço enorme e investido em tecnologia, em equipamentos, em pessoal e em conhecimento para poder servir as 225 cidades atendidas. Mais quatro municípios irão se integrar ao Sistema Saneago até o fim do ano e esse número sobe para 229 cidades. Nós trabalhamos para continuar prestando o melhor serviço, a qualidade da água fornecida pela Saneago é uma das melhores do País. As perdas de água estão entre as três menores, é uma empresa que é sólida e colabora para o desenvolvimento de Goiás.

Qual o montante investido no Sistema Produtor Mauro Borges?
R.: Nesta fase atual foram R$ 350 milhões, que é a Estação de Tratamento de Água. Mas toda a obra o investimento é superior a R$ 1 bilhão, pois a construção da Barragem, da Elevatória e o Linhão.

Como está a situação financeira da Saneago?
R.: Excelente. A Saneago é uma empresa que dá lucro, ela vale no mercado aproximadamente R$ 4 bilhões, consegue manter todas as suas contas em dia, tem um excelente corpo de funcionários e tem possibilidade muito grande de continuar crescendo. É hoje a 5º maior empresa de saneamento do Brasil.

A Saneago poderá ser privatizada em um futuro próximo?
R.: Para mim essa possibilidade é muito remota. Este modelo de gestão que a empresa segue desde a sua fundação há cerca de 50 anos me parece ser o mais adequado e mais eficiente. A Saneago trabalhou e planejou para estar em boas condições de funcionamento hoje. Podemos dizer que é um modelo de sucesso, por isso para mim é muito difícil privatizar o que está dando certo e temos o respaldo do Governador Marconi Perillo para ampliar o alcance de atendimento de água e esgoto em todo o Estado até que seja totalmente universalizado.

Alguns Estados estão abrindo mão de suas estatais para conseguir manter os investimentos e em Goiás essa realidade é parecida. A Celg, por exemplo, foi vendida. Neste contexto, a Saneago poderá ser privatizada?
R.: A Saneago é uma empresa que explora concessões municipais para o fornecimento de água e tratamento de esgoto. E dentro deste modelo não é fácil privatizar, pois todas as concessões cairiam e seriam extintas. Então acredito que é uma questão de bom senso e como o modelo de gestão é um modelo de êxito ela deve continuar Estatal, sendo competente, equilibrada e lucrativa.

Alguns municípios manifestaram retomar o fornecimento de água pela Saneago. Como está esta negociação?
R.: Em Goiás nós temos 246 municípios e deste total 225 já são atendidos pela Saneago, incluindo as cidades com a população maior como Anápolis, Rio Verde, Jataí, entre outras. São apenas 21 municípios não atendidos, mas quatro deles já manifestaram interesse em ter a concessão com a Saneago. Outros cinco municípios já iniciaram uma negociação para aderir ao nosso Sistema e isso para nós é motivador. Com a adesão destas cidades nós teremos mais de 90% dos municípios atendidos pela Saneago. E isso reflete diretamente na economia e traz investimentos, pois temos uma empresa séria e comprometida com o fornecimento de água de qualidade e isso faz com que muitos investidores tenham interesse em se instalar nestas cidades.

O que ainda falta de investimentos para atender toda a população do Estado em fornecimento de água?
R.: Praticamente 96% das cidades goianas já são atendidas pela Saneago na área de abastecimento de água. E essa situação é extremamente motivadora para a Saneago continuar andando rápido para atender toda demanda. Cidades como Aparecida de Goiânia e algumas do Entorno de Brasília ainda demandam investimentos na área de saneamento, mas são detalhes. Já em esgoto temos 56% das cidades atendidas. Apesar de ser um índice acima da média nacional, ainda é um número muito alto. E nós precisamos zerar isso por que é uma questão de respeito ao meio ambiente. E universalizar o tratamento de esgoto para mim é hoje o nosso principal desafio.

Os investimentos em saneamento sempre receberam uma atenção especial do Governo do Estado?
R.: Sem dúvidas. Nós acabamos de inaugurar a maior obra localizada dos últimos anos em nosso Estado, que é o Sistema Produtor Mauro Borges. E essa dimensão demonstra a preocupação do governador Marconi Perillo com essa área. E é uma questão de prioridade, uma vez que água é vida. E quando falta água as pessoas são muito prejudicadas. E por isso pretendemos fornecer água e esgoto para todos. Precisamos trabalhar para universalizar.

Quais reflexos estes investimentos terão nos partidos da base aliada ao Governo para as eleições de 2018?
R.: Na medida em que a Saneago se mostra competente para enfrentar a maior crise hídrica do Estado de Goiás e consegue o respeito da população ela também está ajudando o Governo. Nós não podemos deixar de atender alguém em função de sua filiação partidária e é por isso que a Saneago tem essa posição de destaque no Brasil. Nosso modelo é de transformação e busca avanços para captar recursos baratos para ampliar a nossa missão que é universalizar a água e o esgoto.

O Governo Marconi Perillo já está há mais de 16 anos no poder e este tempo gera desgastes. Esses desgastes podem refletir no resultado das próximas eleições?
R.: Toda eleição é muito competitiva. Não existe o clima de já ganhamos e as características do nosso sistema eleitoral são delicadas. Acredito que precisamos desenvolver a representatividade, aperfeiçoar a legislação eleitoral, amadurecer o sentimento de cidadania nas pessoas e evitar a influência do dinheiro na hora de eleger o candidato. E a meu ver, o sistema democrático é o menos ruim entre os demais. Mas essa representação precisa passar por uma reforma constitucional que melhore e encaminhe bons exemplos, boas propostas para que as pessoas possam reconhecer as diferenças entre elas. Precisamos de uma melhoria na qualidade do voto.

Qual é a sensação de ser o presidente da Saneago no ano que ela completa 50 anos?
R.: É uma sensação muito boa, ainda mais que o meu pai, o ex-governador Otávio Lage, fundou a Saneago. É uma vitória e um momento de se comemorar uma ideia que se mostrou muito correta e que cumpriu o seu papel. E me sinto muito bem em poder comemorar os 50 anos de uma empresa hiperativa, inovadora, que trabalha intensamente e enfrenta essa seca dura que estamos vivendo. A Saneago realmente disse a que veio.

Como o senhor enxerca essa mudança na legislação eleitoral que tira a presença de dinheiro de empresas do financiamento das campanhas eleitorais?
R.: A ideia é muito boa, pois é importante reduzir custos da eleição e melhorar a percepção do eleitor em relação aos candidatos é fundamental. E votar, sempre votar. À medida que o eleitor vai errando e acertando, ele valoriza o acerto e percebe o erro. Com isso a cidadania vai ganhando um nível mais alto e nós podemos ter uma confiança maior no futuro do Brasil. Hoje não existe nenhuma alternativa fácil para o legislador e por isso é preciso avaliar bem se algumas alterações devem ser feitas agora. O que é certo é que não se pode perder essa percepção de que é preciso melhorar o sistema representativo.

Qual é o futuro político de Jales Fontoura?
R.: Um grande presidente para a Saneago. Eu não tenho outra pretensão. Até por que é um grande desafio comandar uma empresa que tem mais de cinco mil funcionários, que tem um comprometimento enorme de todos os seus colaboradores com a missão da empresa, é uma empresa que está em praticamente todas as cidades goianas. A Saneago é uma empresa que tem um ambiente de trabalho muito bom, que valoriza as mulheres, que paga um bom salário, enfim, é uma boa empresa e é muito bom trabalhar aqui. Eu quero ser um bom presidente por que aqui nos últimos anos passaram vários presidentes. E eu quero quebrar essa sina por que a empresa precisa de um presidente que já tenha um bom conhecimento e experiência que possa contribuir com ela. É uma empresa que precisa de um presidente presente, que tenha proximidade com os funcionários e que compreenda o sistema para deslanchar a produtividade da empresa. E nós pretendemos melhorar um modelo que já é bom para que a Saneago consiga atingir o seu objetivo que é universalizar o tratamento de água e esgoto.

 Foto: Diário Central

RECOMENDAMOS