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GOIÁS

Acordo DEM-MDB já está viabilizado e só espera o início do ano de 2022

Caiado e Daniel Vilela mantêm canal de diálogo aberto e repetem, ambos, que uma aliança para enfrentar a eleição de 2022 está no radar

31/05/2021 às 17h00


POR Redação

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Antes adversários viscerais, o governador Ronaldo Caiado e o presidente estadual do MDB Daniel Vilela passaram a se encontrar e a conversar desde o início da via-crúcis do prefeito Maguito Vilela, que, depois de mais de 80 dias internado em UTI, acabou não resistindo e perdeu a vida para a Covid-19.

Caiado e Daniel foram adversários nas eleições de 2018. Como se sabe, o primeiro teve 60% dos votos e venceu no 1º turno, enquanto o segundo se classificou logo atrás, mas com apenas 13% dos votos. Durante a campanha, houve ataques, que, quanto ao emedebista, prosseguiram depois do pleito tendo como alvo a gestão caiadista.

Não há notícias de que, antes do telefonema que Caiado deu a Daniel, sugerindo que o pai fosse transferido de Goiânia para um hospital em São Paulo, os dois tenham se encontrado ou sequer trocado cumprimentos. Mas a partir daí, eles intensificaram os contatos, a partir da preocupação do governador, que é médico, com o tratamento de Maguito.

Com o desfecho trágico, a proximidade aumentou. Caiado ofereceu todo apoio possível do governo para a família Vilela e compareceu pessoalmente às cerimônias fúnebres em Goiânia e Jataí. E foi visto abraçando Daniel, que tem praticamente a metade da sua idade, as ponto de alguém definir: estaria nascendo ali uma relação parecida com a de pai e filho, em um momento difícil.

De dezembro para cá, Daniel Vilela esteve três vezes no Palácio das Esmeraldas, uma das quais sozinho, para oficialmente discutir com Caiado o apoio à candidatura do emedebista Baleia Rossi à presidência da Câmara. O presidente estadual do MDB até rompeu o luto para comparecer a um jantar palaciano, exatamente em torno de Baleia e do presidente da Câmara Rodrigo Maia. No plano federal, DEM e MDB são partidos parceiros.

Essa aliança, agora, pode acabar se reproduzindo em Goiás. Ainda mais depois que o próprio Daniel reconheceu que o maior legado de Maguito, que pretende honrar, é a lição de tolerância que deixou, como político de perfil conciliador e sobretudo pacificador. Ele passou a repetir que “precisa ser mais Maguito e menos Daniel”.

O ex-prefeito Iris Rezende já está abertamente apoiando a reeleição de Caiado. Daniel, a exemplo do governador, diz que o momento certo para discutir alianças para a eleição de 2022 será... em 2022. Mas aproveita para elogiar Caiado, a quem considera “um homem decente” e um gestor que “é bem intencionado” e tem “mostrado determinação” para governar.

A simples cogitação de um entendimento entre o DEM e o MDB sacode a política estadual. Seria suficiente para criar um eixo de poder já a partir de 2022 com força para permanecer na liderança por anos ou quem sabe décadas, isolando a oposição, que, assim, ficaria restrita ao desgastado PSDB e ao encolhido PT.

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De acordo com o previsto, o distanciamento do ex-ministro e atual secretário de Fazenda de São Paulo Henrique Meirelles, em relação a Goiás, começou a chamar atenção como fator de desgaste para a sua pretensão de disputar o Senado em 2022.

Meirelles andou exagerando na dose e assim continua: para viabilizar juridicamente a candidatura, filiou-se ao PSD goiano, mas em ato realizado na capital paulista, no início de fevereiro último. De lá para cá, não aproveitou nem mesmo eventuais feriados para uma visita, sem dedicar a mínima consideração ao público que constituirá a massa votante que vai decidir as eleições no ano que vem.

O resultado não poderia ser outro: a cada dia, fica mais difícil apagar a imagem de aproveitador e oportunista, que só vem a Goiás para buscar vantagens pessoais, usando a boa-fé da população – sugerindo arrogantemente que está fazendo o favor de colocar o seu nome à disposição para representar o Estado na mais alta Câmara Legislativa da República. O passo inicial de Meirelles, nesse sentido, foi desastroso. E remendar vai ser difícil.

Afinal, o que fez o ex-ministro por Goiás até hoje? é a pergunta que não quer calar. E a resposta é fácil: nada. Como é que agora quer ser senador pelo Estado que ele desprezou e pelo qual nunca trabalhou? É por isso que muita gente enxerga como missão impossível o projeto eleitoral do PSD ao se propor a bancar a candidatura do ex-ministro e atual secretário de Fazenda de São Paulo Henrique Meirelles ao Senado, por Goiás, em 2022.

Como é que poderia ser eleito alguém que nunca morou nem muito menos fez qualquer coisa pelo Estado e ainda por cima, tendo “comprado” uma eleição para deputado federal, em 2002, não assumiu o mandato nem por um único dia, renunciando para assumir a presidência do Banco Central no primeiro governo Lula?

Agravante: nem mesmo agora, que manifesta o desejo de disputar a senatória, Meirelles se dispõe a uma visitinha a Goiás. É uma candidatura suicida ao se basear no que ele vai pessoalmente ganhar como representante do Estado na mais alta Câmara Legislativa do país e não no que poderia fazer por Goiás. Não tem sentido. Se o PSD insistir em submeter as goianas e os goianos a um cambalacho como esse, vai perder totalmente a identidade e se mostrar como um partido de elite que não tem nenhuma sintonia com a realidade estadual.