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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Momento Político - 31 De Agosto De 2020

31/08/2020 às 12h04


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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CAIADO, VANDERLAN E MAGUITO DOMINAM A POLÍTICA ESTADUAL, DEPOIS DA QUEDA DE MARCONI E DA APOSENTADORIA DE IRIS

Três políticos de grande importância vão fazer a diferença em Goiás no pleito municipal deste ano. Um, o governador Ronaldo Caiado, claro, é o maior e mais importante deles, mesmo porque preserva os fatores condicionantes que levaram à sua vitória em 2018 e está com a imagem fortalecida com a condução firme da crise do novo coronavírus e de uma gestão que caminha cada vez mais rápido para a estabilidade financeira e administrativa. Outro, o senador Vanderlan Cardoso, é espécie de liderança solitária que, no entanto, cresceu e ocupou um espaço de expressão no Estado, muito embora não sendo um senador orgânico, ou melhor, permanecendo como alguém que representa no Congresso apenas a si mesmo e às suas opiniões, Por último, o ex-tudo Maguito Vilela, o maior beneficiado pela aposentadoria de Iris Rezende, candidato com perspectivas de vitória em Goiânia, o maior colégio eleitoral do Estado. Caiado, Vanderlan e Maguito hoje têm peso para influenciar o eleitorado e suas decisões atuais e futuras. O governador, obviamente, muito mais, por transmitir para a população de cada lugar a sensação de que um alinhamento com a prefeitura local poderá vir a ser vantajoso em termos de obras e investimentos na região – e diz-se aqui “sensação”, porque essa é uma situação que já não tem tanta força quanto teve no passado, compensando muito mais para os governantes se apresentarem como republicanos e abertos aos interesses de cada comunidade independentemente da filiação partidária dos seus gestores. Não é atoa, assim, que foi procurado para uma aproximação por Maguito, que deve disputar a prefeitura de Goiânia.  São três lideranças fortes, evidentemente, todas de olho em 2022.

 GOVERNO CAIADO FAZ DINHEIRO COM IMÓVEIS DO ESTADO DISPONÍVEIS PARA VENDA

O vasto patrimônio imobiliário do Estado, cujo valor pode chegar a mais de R$ 12 bilhões, vai render muito dinheiro para o caixa administrado pelo governador Ronaldo Caiado. Para colocar a casa em dia, ele determinou um levantamento rigoroso de todas as propriedades, para privatizar as que não tiverem utilidade para o Estado. E a operação já começou: as primeiras vendas chegaram a quase R$ 80 milhões, prevendo-se para até o fim do ano mais R$ 80 milhões. Esses valores, no final de tudo, podem chegar a mais ou muito mais que R$ 1 bilhão.

 RENATO DE CASTRO NÃO OUVIU ADIB, PAULO DO VALE E JOSÉ NELTO... E DANÇOU

O prefeito de Goianésia Renato de Castro foi cansativamente avisado por ex-colegas de partido, como Adib Elias e Paulo do Vale e até o deputado federal José Nelto, de que, se permanecesse no MDB, estaria exposto a um golpe traiçoeiro do presidente estadual Daniel Vilela – que, de fato, acabou acontecendo – e perderia a condição de disputar a reeleição. Renato de Castro ou não acreditou ou confiou em excesso no seu poder de convencimento ou, ainda, quis bancar o esperto ao permanecer na sigla para bloquear o lançamento de outras candidaturas em Goianésia. Não deu nada certo e o previsto aconteceu: Daniel Vilela esperou as vésperas da eleição para dar o bote, interviu no diretório local e fechou as portas para a recandidatura do prefeito – que está muito bem nas pesquisas e era considerado como o favorito, mas dançou, sendo agora punido pelos Vilelas que mandam no MDB por ter apoiado o governador Ronaldo Caiado na eleição de 2018.

 DESISTÊNCIA DE IRIS EMBARALHA NÃO SÓ A ELEIÇÃO EM GOIÂNIA, MAS A POLÍTICA ESTADUAL

Sem o velho cacique emedebista, que atendeu a pressões da família e a contragosto abandonou o palco principal da política em Goiás, instalou-se uma verdadeira barafunda na eleição em Goiânia, com desdobramentos até para a disputa pelo governo em 2022. Os Vilelas, Maguito e Daniel, passaram a admitir uma aliança com o governador Ronaldo Caiado, mesma ideia do senador Vanderlan Cardoso, que, embora negando interesse, se reposicionou e dá sinais de que, se convocado pelo PSD, aceitaria ser candidato ao Paço Municipal. Além dessas surpresas, tem gente conversando para todo lado, atrás de um candidato apto a representar o DEM, como o deputado federal Zacharias Calil, ou então para garantir o apoio de Caiado ao ex-senador Wilder Morais, pelo PSC. Para as definições finais, o prazo é curto: 16 de setembro, data fatal para a realização das convenções que irão oficializar os postulantes em 15 de novembro próximo.

 MAGUITO É DO GRUPO DE RISCO E NÃO SERIA RECOMENDÁVEL A SUA EXPOSIÇÃO PÚBLICA

Um dos motivos que levaram Iris Rezende a desistir da reeleição foi a preocupação da sua família com a sua exposição ao contágio pela Covid-19, levando-se em conta a sua idade avançada e o fato de que, atuando como prefeito, acaba correndo riscos maiores de se contaminar em relação a pessoas comuns. Vejam bem, leitoras e leitores: para o seu substituto provável, como candidato do MDB, Maguito Vilela, o perigo é o mesmo, já que também passou dos 70 anos e, pior ainda, pode ser que tenha baixa resistência ao vírus, haja vistas à morte de duas irmãs, atacadas pelo coronavírus, em duas semanas. Do ponto de vista médico, não seria aconselhável que Maguito Vilela se envolvesse com campanha eleitoral e, depois, caso vença (suas chances são grandes), com a gestão diária da capital. Ele pode acabar como vítima de tudo isso.

 POLÍTICOS JOVENS, EM GOIÁS, SÃO ATÉ PIORES QUE OS DA VELHA GUARDA

Nunca se viu, como agora, uma safra de políticos jovens, na idade, mas envelhecidos, na cabeça e na prática, como a que se registra neste momento em Goiás. Não há um único destaque entre vereadores e deputados que, na casa dos vinte e poucos aos trinta e tantos anos, possam ser referenciados como lideranças que propõem ideias inovadoras ou uma ação diferenciada. E muitos deles se apresentando como candidatos a prefeito, sem uma única proposta inovadora, apenas repetindo chavões e frases feitas. Na verdade, parlamentares como Romário Policarpo, Virmondes Cruvinel, Humberto Teófilo, Gustavo Sebba, Adriana Accorsi, Eduardo Prado, Lucas Calil, Diego Sorgatto e mais alguns que nem merecem ser citados aqui contrastam a capa de juventude cronológica com um pragmatismo senil que sequer recicla a tradição política de que são herdeiros e menos ainda consegue falar para as faixas da população que têm a mesma idade. É uma gente sem identidade política ou ideológica sem noção das mudanças sociais e do novo ambiente cultural instalado em Goiás e no Brasil. Rigorosamente falando, não representam uma mínima renovação no cenário estadual de confronto de propostas e debate de alternativas para o futuro das goianas e goianos. Vamos muito mal.

 

EM RESUMO

  • O prefeito Iris Rezende, que tradicionalmente costuma discursar com absoluto domínio das emoções, passou a impressão de muito nervosismo na fala no Paço Municipal em que anunciou a sua aposentadoria política.

 

  • Faz 40 anos que o MDB goiano gira em torno de Iris Rezende e Maguito Vilela, com a única exceção do governo de Henrique Santillo em 1987-90. Não há caso semelhante no país em matéria de falta de renovação de um partido.

 

  • A avaliação da Tendências Consultoria sobre a vitalidade da economia goiana para superar a crise do coronavírus baseia-se no solidez dos pilares que ancoram o PIB estadual: agronegócio, mineração e indústrias farmacêutica.

 

  • O artigo de Ana Paula, filha de Iris Rezende, em O Popular, se esforçando para definir como pessoal a decisão do pai de deixar a política, acabou reforçando a visão de que houve, sim, pressão da família e que a aposentadoria foi forçada.

 

  • A candidatura de Izaura Cardoso, mulher do senador Vanderlan Cardoso, a prefeita de Senador Canedo é uma hipótese que ainda vale. Ela lá e ele aqui, disputando a prefeitura de Goiânia pelo PSD – o que ainda não está definido.

 

  • O prefeito de Trindade Jânio Darrot está caladinho da silva diante do escândalo protagonizado pelo padre Robson, que, sabe-se agora, foi quem vetou a candidatura do vice Gleysson Cabriny e aprovou a do vereador Marden Jr.

 

  • Se Maguito Vilela dava como favas contadas uma vitória em Goiânia, com a desistência de Iris Rezende, ele será obrigado a reavaliar as suas expectativas: a candidatura de Vanderlan Cardoso, se acontecer, é páreo duríssimo.

 

  • A verdade é dura: encerrando-se o seu mandato em Goiânia, Iris Rezende vai para o ostracismo. Essa estória de que continuará em evidência, como conselheiro, é para boi dormir. Em política, ninguém tem tempo para isso.

 

  • O dinheiro do fundo partidário que virá para Goiás é uma mixaria: PSL, PT, MDB e PSDB, que têm as maiores fatias, receberão no máximo R$ 3 milhões cada um, para gastar com as campanhas municipais em todo o Estado.