DESPREPARO DA ADIAL PARA DEFENDER OS INTERESSES DAS EMPRESAS CONSPIRA CONTRA OS INCENTIVOS FISCAIS
Apesar de manter observadores infiltrados junto à plateia que acompanha as reuniões da CPI dos Incentivos Fiscais, no auditório Solon Amaral da Assembleia Legislativa, os empresários da Adial – cujo presidente é o canavieiro Otavinho Lage – não têm interlocução com os deputados que integram a comissão e menos ainda conhecem os riscos que estão correndo: existe entre os membros da CPI uma convicção no sentido de que existem abusos escandalosos na política de distribuição indiscriminada de isenções de ICMS nos últimos 20 anos, em Goiás, privilegiando ao todo exatamente 534 grandes indústrias. Do pouco que foi investigado até agora sobre o assunto, já se sabe que praticamente nenhuma das beneficiadas cumpriu ou cumpre as contrapartidas a que se obrigaram para receber as benesses, principalmente quanto a geração de emprego ou realização de investimentos prometidos. A Adial, entidade que defende esses empresários, é totalmente despreparada e se limita a arrecadar contribuições para financiar ações estapafúrdias como a pesquisa, realizada no 1º semestre, que acabou representando um tiro no pé: comprovou-se que a população não tem noção sobre o que são os incentivos fiscais e suas possíveis vantagens para a economia goiana.
ACORDO COM A ENEL: UMA CRIANÇA QUE AGORA TEM MUITOS PAIS
Não sem alguma razão, o deputado federal José Nelto lembra que denunciou sozinho por muito tempo a falta de qualidade dos serviços da Enel, desde a época em que estava na Assembleia, tendo sido acompanhado a partir de certo momento pelo governador Ronaldo Caiado e depois por mais ninguém. Agora, diz ele, o que há é uma revoada de políticos se arvorando em responsáveis pelo acordo que a companhia foi obrigada a fazer com os governos estadual e federal, assumindo o compromisso de investir, em seis meses, os recursos necessários para melhorar o fornecimento de energia elétrica em Goiás e também avançar quanto ao quesito qualidade. Pelo sim, pelo não, o fato é que aparentemente vai haver algum tipo de ganho para a população. A conferir.
SEM MANDATO, JOVAIR ARANTES NÃO TEM COMO MANTER O CONTROLE DO PTB
O ex-deputado federal Jovair Arantes conhece bem as regras do jogo político e por isso não pode reclamar da transferência do PTB em Goiás para o domínio do senador Luiz Carlos do Carmo e os prefeitos e demais dissidentes caiadistas do MDB. A regra, não escrita, é clara: os partidos sempre estarão na mão, nos Estados, de quem detém mandato, caso de Jovair Arantes durante os seus anos na Câmara Federa, mas não mais hoje em dia. Derrotado nas urnas e despojado da cadeira parlamentar, não há o que reclamar: é sair de cena e ceder o lugar para quem está devidamente credenciado. Mas atenção: os ex-emedebistas que, se quiserem, vão assumir o PTB estão prontos para conviver pacificamente com os antigos controladores da sigla. É só questão de conversar um pouco.
DOUTORA CRISTIANE SCHMIDT ESCREVE LITERARIAMENTE MUITO BEM
O apelo que a secretária da Economia Cristiane Schmidt passou no grupo do WhatsApp formado pelos secretários e auxiliares do governador Ronaldo Caiado, clamando por uma maior contenção das despesas e pela dedicação de toda a equipe a uma causa comum, a do ajuste fiscal do Estado, vazou para a imprensa e pelo menos deixou claro que a doutora escreve lindamente bem. Sim, o texto está literariamente bem construído, é de leitura agradável e, quanto ao conteúdo, revela lealdade absoluta a Caiado e mostrar espírito de liderança no sentido de se construir um sentimento de solidariedade dentro do governo para o enfrentamento da crise financeira herdada das administrações passadas – que é gravíssima. Só méritos, portanto. O surpreendente é que a doutora é dona de um estilo de redação realmente extraordinário e à altura de justificar os vários livros que já publicou, embora sobre temas áridos da economia. Trata-se de uma grata revelação.
SEM VANDERLAN NA DISPUTA, IRIS PODE MANDAR FAZER O TERNO DE POSSE
Caso o senador Vanderlan Cardoso não venha a se candidatar a prefeito de Goiânia – e ele não vai, preferindo se guardar para a disputa pelo governo do Estado em 2022 –, o caminho para a reeleição de Iris Rezende estará mais do que pavimentado – para usar uma palavra em voga dentro do amplo leque de obras em andamento na capital, que inclui a recuperação asfáltica de todas as principais ruas e avenidas. Fora o senador, não há ameaça eleitoral real a Iris. Todos os demais nomes cogitados até agora estão a milhas de distância do velho cacique emedebista, que faz a melhor administração da sua vida e se consolida como credor da confiança do eleitor goianiense. Vai ser uma eleição fácil. E olha que as chances de Vanderlan não são assim tão interessantes. Não há uma pesquisa, até agora, em que ele apareça bem situado, mas sempre em 2º lugar, a uma longa distância de Iris.
NO EMBATE VERBAL COM CAIADO, MARCONI ACHA QUE SAIU LUCRANDO
O ex-governador Marconi Perillo contabilizou como positivos os resultados do seu embate com o governador Ronaldo Caiado – que andou exagerando na dose ao atacar sem travas na língua o seu antecessor e envolver até familiares na polêmica. Quando o nível da discussão entre os políticos baixa, o maior prejudicado é sempre quem tem um cargo e uma autoridade a defender, caso de Caiado, que andou apelando mais do que Marconi na troca de acusações que dominou o noticiário político do Estado durante as duas últimas semanas. Atenção: o ex-governador pode ter razão em se sentir vitorioso. Não resta dúvida de que as suas manifestações foram mais sóbrias e mais equilibradas que as do governador. Marconi mostrou-se comedido na escolha dos adjetivos e ficou dentro do jogo democrático. Seu inimigo número um extrapolou.
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