PARA O GOVERNO CAIADO, ESTE ANO JÁ ESTÁ PERDIDO: QUALQUER MUDANÇA MAIS PROFUNDA FICA PARA 2020
Com a decisão de suspender a quitação de qualquer despesa inscrita em restos a pagar (claro, deixando aberta a possibilidade de exceções, desde que autorizadas por ele), o governador Ronaldo Caiado praticamente deu por encerrados os seus esforços para conseguir um socorro financeiro do governo federal ainda neste ano – e já aceitou a ideia de que qualquer possibilidade nesse sentido fica para o ano que vem. Mesmo porque a reforma da previdência deve ainda polarizar as atenções do Congresso até meados do segundo semestre, dada a lentidão com que está tramitando e os seguidos impasses provocados pela articulação política do governo. Tanto o esperado plano de apoio aos governadores quanto a possibilidade de lançar mão de uma fatia do Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO não têm mais condições de viabilidade a curto prazo, já que dependem de projetos (ou, quem sabe, uma emenda constitucional, no caso do FCO) que precisam ser submetidos à apreciação legislativa. Por ora, em Goiás, as soluções terão que ser as domésticas e nesse quesito Caiado também está atrasado.
IBANEIS PODE TIRAR A PRESIDÊNCIA DO MDB DE DANIEL VILELA
O ex-deputado federal e atual presidente do diretório estadual do MDB Daniel Vilelatem, sim, chances de ser erigido à presidência nacional do partido – ele conta com o apoio da bancada emedebista na Câmara, liderada pelo seu amigo Baleia Rossi, um dos chefes do Centrão. Mas Daniel Vilela enfrenta alguns obstáculos. Para começo de conversa, preside uma seção estadual do partido que rachou e que não o apoiou integralmente na eleição passada para governador. Os dissidentes caiadistas estão inclusive pressionando o diretório nacional para que faça uma intervenção em Goiás, colocando como presidente estadual o senador Luiz Carlos do Carmo – que usa como trunfo o seu mandato e ameaça se transferir para outra legenda, caso não seja atendido. Depois, existe uma preferência ostensiva do ex-presidente José Sarney, de peso indiscutível quanto as decisões dentro do MDB, pelo governador de Brasília Ibaneis Rocha, que, tal como Daniel Vilela, também é um quadro da nova política (digamos assim, com alguma licença poética).
PESQUISA DA ADIAL MOSTROU O ÓBVIO: GOIÁS QUER MAIS INDÚSTRIAS
A Adial, que representa as 600 empresas beneficiadas com incentivos fiscais em Goiás, publicou uma pesquisa destinada a mostrar que os goianos apoiam maciçamente a industrialização do Estado. É o óbvio. Ninguém seria contra mesmo. Falta agora mostrar, concretamente, quais as vantagens que o Estado leva ao abrir mão da arrecadação do ICMS em troca de mais fábricas – principalmente em um momento de crise fiscal, com despesas superiores às receitas, como reclama diariamente o governador Ronaldo Caiado. É isso que importa: os incentivos fiscais, que já completaram 40 anos, já deram o que tinham de dar, segundo a secretária da Economia Cristiane Schmidt, ou ainda podem servir ao desenvolvimento estadual?
ISMAEL ALEXANDRINO AJUDOU A DERROTAR ROLLEMBERG EM BRASÍLIA
Passou despercebido até agora, mas a má gestão na área da Saúde foi fundamental para que Armando Rollemberg, que era governador e tentava a reeleição, fosse derrotado pelo advogado Ibaneis Rocha nas eleições do ano passado em Brasília. Rollemberg não se saiu bem no esforço para melhorar o atendimento à população nas regiões mais pobres da capital nacional, perdendo nas urnas com uma larga margem de votos (na verdade, o então governador só ganhou na região central do Distrito Federal). Apesar da riqueza de recursos com que contou para trabalhar na saúde, ele só conseguiu fazer uma obra – a construção do segundo bloco do Hospital da Criança, que foi insuficiente para mostrar um bom desempenho. Detalhe que interessa em Goiás: o secretário de Saúde de Rollemberg foi Ismael Alexandrino, o mesmo que o governador Ronaldo Caiado nomeou para o governo.
CENÁRIO FAVORÁVEL PARA FRANCISCO JR. EM GOIÂNIA
Está se desenhando um cenário altamente favorável para a candidatura do deputado federal Francisco Jr. a prefeito de Goiânia, em 2020, como principal nome de oposição à reeleição de Iris Rezende. Além do recall (já disputou a prefeitura no último pleito, quando ficou em 4º lugar), ele ganhou para a Câmara com surpreendentes 111 mil votos, dos quais a metade na capital, Francisco Jr. é do PSD e pode atrair o apoio de um leque de legendas, inclusive o PSDB, que não tem nomes viáveis para a disputa. É certo, assim, que contará com um bom tempo de propaganda na televisão, quando poderá vender a sua imagem de bom moço e de um dos raros políticos de ficha limpa – mercadoria eleitoral em alta no país.
NO 2º CARGO ESTADUAL MAIS IMPORTANTE, TEJOTA NÃO ACHA UM PARTIDO
Dono do segundo cargo teoricamente mais importante da hierarquia de poder do Estado, o vice-governador Lincoln Tejota vive uma situação absolutamente estranha: não está filiado a nenhum partido político e também não tem para onde ir, pelo menos no momento. É óbvio que Tejota está à procura de uma agremiação onde possa exercer o seu controle, mas, no mercado partidário de Goiás, não há disponibilidades, com todas as siglas ocupadas – talvez com exceção do Cidadania (antigo PPS), que é dirigido pelo ex-deputado federal Marcos Abrão Roriz, sobrinho da ex-senadora Lúcia Vânia. Como está sem mandato, a tendência é que perca o comando do Cidadania para o tem, hipótese em que o vice se enquadra. A indefinição prejudica e esvazia Tejota politicamente.
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