CAIADO JÁ TEM 2 MESES EMPOSSADO E 5 MESES DESDE A ELEIÇÃO
Até os mais apaixonados defensores do governador Ronaldo Caiado reconhecem que há certo atraso no seu timing administrativo. Ele já tem praticamente cinco meses desde que foi eleito e vai completar nesta semana dois meses empossado, tempo muito longo que foi suficiente, por exemplo, para que o governo federal produzisse e encaminhasse ao Congresso Nacional uma matéria complexa como a reforma da previdência. Em Goiás, nem mesmo uma necessária e urgente reforma administrativa de fôlego foi ainda proposta, com o Palácio das Esmeraldas esticando os estudos e avaliações para chegar a um projeto que deverá ser remetido à Assembleia Legislativa em meados de março, prazo que poucos acreditam que será cumprido (já se fala em adiamento). Mas Caiado é assim mesmo: tem o seu jeito e o seu estilo de governar, sem nenhuma pressa para nada. É melhor que os goianos se acostumem com essa toada.
AMAURI RIBEIRO DISSE O QUE DISSE E VAI FICAR POR ISSO MESMO
Não vai dar em nada a promessa das deputadas Adriana Accorsi e Leda Borges de levar aos tribunais o colega Amauri Ribeiro pelas declarações polêmicas que deu sobre a Assembleia. O recurso jurídico escolhido – a interpelação judicial – é pífio. Significa apenas que algumas perguntas serão encaminhadas via Poder Judiciário ao parlamentar, com pedido de esclarecimento. Ele só responderá se quiser, com base no princípio constitucional de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si próprio. Haveria muito mais eficácia se Amauri Ribeiro fosse denunciado à Comissão de Ética, por quebra do decoro parlamentar ao definir a Assembleia como “putaria”. Mas esse caminho, que de fato pode criar embaraços para o deputado, ninguém quer seguir para não abrir precedentes perigosos na Casa.
VÔOS PARTICULARES DE MARCONI E ZÉ ELITON VÃO SER COBRADOS
Os voos realizados nos últimos 10 anos por Marconi Perillo e Zé Eliton, em avião ou helicóptero da frota do Estado, estão sendo passados pelo pente fino. Tudo que não tiver relação com assuntos de governo será calculado à parte, com a conta sendo encaminhada aos responsáveis, além de entrega do material ao Ministério Público, para apuração de eventual improbidade administrativa. O governador Ronaldo Caiado, com a medida, segue o mesmo procedimento adotado por Marconi Perillo, que assumiu em 2011 e levantou os voos do seu antecessor Alcides Rodrigues para a fazenda de sua propriedade em Santa Helena e transformou o relatório em uma ação de improbidade administrativa – em tramitação até hoje, com o MP exigindo do ex-governador a devolução de um valor superior a mais de R$ 4 milhões de reais. Quem com ferro fere, com ferro será ferido, diz o ditado popular.
UNIÃO MDB-PSDB VISA A AMPLIAR BASE DE DANIEL VILELA EM 2020
O que está por trás da proposta do ex-prefeito de Aparecida Maguito Vilela para que MDB e PSDB caminhem juntos na oposição ao governador Ronaldo Caiado? Simples: a sucessão de 2020, quando Maguito acredita que o melhor candidato a governador será o seu filho Daniel Vilela - mas fortemente necessitado, contudo, de ampliar a sua estrutura partidária e política para ter possibilidade de sucesso contra a possível tentativa de reeleição de Caiado e a inevitável apresentação do nome do senador Vanderlan Cardoso. Embora reduzido a seis deputados estadual e um federal (mais que o MDB, que só tem três estaduais e nenhum federal), o PSDB ainda dispõe de uma base relativamente consistente nos municípios e seria indispensável para fornecer o espaço de campanha que Daniel Vilela, no seu próprio partido, quase nanico, não tem.
JÁ HÁ INSATISFAÇÃO DOS DEPUTADOS COM LISSAUER VIEIRA
Dissemina-se entre os deputados estaduais um começo de insatisfação com o presidente Lissauer Vieira, por conta de compromissos não cumpridos que despertam ansiedade dentro da Assembleia, dentre eles a redistribuição entre os integrantes da Casa dos cargos e vantagens que antes ficavam com ex-presidentes e com aliados do ex-governador Marconi Perillo. Eleito para “zerar” o Poder, Lissauer Vieira em alguns casos tem é aprofundado a influência do tucano-mor de Goiás, como, por exemplo, na maioria das diretorias preenchidas até agora – cinco, pelo menos, com nomes diretamente ligados a Marconi. Na nomeação de funcionários comissionados esse fenômeno também está sendo observado. Até familiares do ex-governador têm sido contemplados, a exemplo da namorada de um parente próximo, aquinhoada com um cargo de R$ 7 mil mensais.
SLOGAN DO NOVO GOVERNO: MUITO BARULHO POR NADA
O anunciado slogan do governo Ronaldo Caiado – “Somos Todos Goiás” – foi agarrado pela oposição como mais um mote para críticas, sob a alegação de que a frase estaria no jingle da campanha derrotada de Daniel Vilela ao governo. E daí, se estiver? Essas três palavras não têm dono nem muito menos direitos autorais. Aliás, vocábulo algum. Quem quiser, que use à vontade. O importante é passar a mensagem inclusiva que o novo governo deseja, em uma espécie de versão regionalizada do bordão do governo Lula – “Brasil, Um País de Todos”. Sem ter o que falar de Caiado, em matéria de conteúdo, a turma do contra acaba se fixando em miudezas que não dizem nada e têm o mesmo efeito, para o Palácio das Esmeraldas, de um mosquito tentando incomodar um elefante.
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