LÚCIA VÂNIA PERDEU O USO PARA O PSB E POR ISSO FOI DEFENESTRADA
Era mais do que previsível. Simplesmente inevitável. A destituição da ex-senadora Lúcia Vânia do comando estadual do PSB estava destinada a acontecer desde que ela perdeu a reeleição, em 7 de outubro do ano passado, em razão de uma regra não escrita seguida religiosamente por todos os partidos políticos brasileiros de alguma expressão: as cúpulas nacionais só entregam os diretórios nos Estados a quem tem mandato no Congresso Nacional. No caso do PSB, o novo presidente será o recém-eleito deputado federal Elias Vaz. Do ponto de vista dos dirigentes dos diretórios nacionais, nada é mais importante do que o número de cadeiras no Senado e mais especialmente ainda na Câmara. Primeiro, pelo poder de barganha que as bancadas adquirem conforme o seu tamanho nas decisões sobre projetos de importância. Segundo, pelo acesso ao bilionário fundo partidário, que destina dinheiro para as legendas conforme o quantitativo de deputados federais, essa, hoje, a principal preocupação de todas as agremiações.
FRUSTRAÇÃO COM ELEIÇÃO DE LISSAUER VIEIRA É GRANDE
Além de não trazer nada de novo para a Assembleia Legislativa, pelo menos em seus meses iniciais, o presidente Lissauer Vieira aparece toda semana na imprensa em pelo menos uma manchete negativa. Agora, são os quase R$ 1 milhão e meio de reais que foram gastos com o auxílio-moradia pago aos deputados estaduais, mesmo àqueles que residem em Goiânia. Teve parlamentar que, reeleito, recebeu mais de R$ 70 mil, uma vez pelo mandato passado e outra pelo atual. Quer dizer: na Assembleia, tudo continua como era antes. As expectativas de que a eleição de Lissauer Vieira para a presidência poderia trazer uma moralização do Poder acabaram se frustrando. E pior ainda quando vem aí uma “reforma administrativa”, que não prática vai criar cargos e aumentar as despesas em cerca de R$ 4 milhões por mês. Aí não dá.
PLACA POLÊMICA DA GOINFRA TEVE DESTINO CERTO: IRRITAR MARCONI
A polêmica placa da Goinfra avisando aos motoristas que as estradas estaduais estão esburacadas por culpa dos governos passados, que quebraram Goiás, só foi colocada em uma das rodovias de acesso a Pirenópolis. Parece que com o objetivo de irritar o ex-governador Marconi Perillo, que, como se sabe, possuem uma propriedade rural no município. Mas nem Marconi nem qualquer tucano de expressão reagiu a essa exótica providência (talvez não muito republicana, ao sugerir uma certa propaganda política a favor de quem está no comando da gestão), que, de fato, pode ser considerada até irregular se é que foi financiada com recursos públicos, apesar de insignificantes. A placa não tem o logotipo do governo do Estado nem da Goinfra e nem a sua aparência visual correspondente ao padrão oficial.
BALANÇO FRACO: NÃO HAVIA PLANEJAMENTO PARA OS 100 DIAS
Terminou, ao que tudo indica, a maratona de prestação de contas pelos 100 dias do novo governo. Durante duas semanas, o governador Ronaldo Caiado promoveu uma solenidade, concedeu pelo menos 10 entrevistas, realizou uma live no Facebook, reuniu deputados estaduais, postou intensamente nas redes sociais e publicou um artigo em O Popular, tudo para exaltaras realizações da sua gestão até agora – ralas, na verdade, já que o período foi marcado pelos desdobramentos negativos da infeliz decisão de postergar o pagamento de dezembro do funcionalismo estadual. Um Power Point burocrático sobre os 100 dias, postado nas redes oficiais, chegou a incluir até projetos ainda não iniciados na lista de “avanços” e mencionou, no caso de uma secretaria, o número de audiências que o seu titular concedeu. O balanço trouxe pouca inovação porque, na verdade, Caiado nunca teve um planejamento para os seus primeiros momentos de administração, ao contrário, por exemplo, do presidente Jair Bolsonaro, que tinha uma programação bastante variada e a cumpriu rigorosamente.
AUSÊNCIA DE MARCONI GEROU PREJUÍZOS IRREVERSÍVEIS À OPOSIÇÃO
A decisão do ex-governador Marconi Perillo de se mudar para São Paulo e assinar um contrato de prestação de serviços de consultoria com a Companhia Siderúrgica Nacional com cláusula de distanciamento da política abriu um vácuo em Goiás e gerou prejuízos irreversíveis para a oposição ao governo Ronaldo Caiado – que, pela falta de uma referência de peso, simplesmente não existe. A ausência de Marconi deixou perdidos os poucos que restaram do PSDB e aliados, todos sem saber o que fazer para desenvolver um trabalho de crítica e contraponto ao novo governo. E o resultado foi trágico. Grande parte – como os deputados Diego Sorgatto, Virmondes Cruvinel e Thiago Albernaz – preferiu aderir a Caiado como alternativa fisiológica para sobreviver, enquanto um pequeno número, a exemplo do deputado Talles Barreto e da deputada Leda Borges, se esforça em ações desconexas que acabam não incomodando o Palácio das Esmeraldas. De seu lado, o emedebista Daniel Vilela se esforça, mas em vão. Caiado não tem o que reclamar da oposição, com a ajuda de Marconi.
EQUIPES DE FORA NAS SECRETARIAS REJEITAM OS DEPUTADOS
As idas e vindas do processo de formatação da base de apoio ao governador Ronaldo Caiado, na Assembleia, têm uma explicação: a indisposição dos secretários que vieram de fora, maioria na equipe de governo, com a classe política estadual. Houve inúmeros casos de nomeações de indicados dos parlamentares que, chegando para assumir, foram recusados e não só pelos titulares das pastas, mas também pelos seus respectivos staffs, também importados e obviamente totalmente estranhos e incapazes de reconhecer e admitir as peculiaridades locais. Esse fenômeno tem sido particularmente ostensivo na Secretaria estadual da Educação, para onde a professora Fátima Gavioli levou mais de 10 profissionais de Rondônia.
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