Momento Político - 21 De Setembro De 2020

DISPUTA EM GOIÂNIA SERÁ RESTRITA A VANDERLAN E MAGUITO, COM ALGUMA CHANCE PARA ADRIANA ACCORSI E ELIAS VAZ

Colocada a mesa em Goiânia, com a definição das candidaturas a prefeito, fica claro que a disputa se dará em torno de Vanderlan Cardoso, do PSD, e Maguito Vilela, do MDB, com algum protagonismo por parte de Adriana Accorsi, do PT, e Elias Vaz, do PSB. Esse prognóstico é facilmente explicável: Vanderlan e Maguito são os nomes de maior recall dentre todos os postulantes, vindo em seguida Accorsi e Vaz, o que é de importância capital em se tratando de uma eleição em que a campanha será restringida pela pandemia do novo coronavírus e se limitará ao palco das redes sociais e a espaços de propaganda no rádio e na televisão – em que cada um terá minutos exíguos, espremendo-se nos blocos de 10 minutos à volta do dia e no início da noite, além de parcas inserções de 30s esparramadas pela programação. Só um milagre poderia fazer com que qualquer um dos nomes restantes se tornasse da noite para o dia conhecido das goianienses e dos goianienses e é claro que isso não vai acontecer. Detalhe: o favoritismo, inicialmente nas mãos de Maguito, mudou rapidamente para Vanderlan, mesmo porque o senador representa uma renovação segura para o Paço Municipal e também paradoxalmente uma garantia de continuidade para a boa administração de Iris Rezende, patrimônio político que Maguito também perdeu pelo menos em parte logo na arrancada inicial da sua campanha.

 GESTÃO SEM MARCA DE ROBERTO NAVES FACILITA A ELEIÇÃO PARA ANTÔNIO GOMIDE

A reativação da candidatura do deputado estadual Antônio Gomide, do PT, em Anápolis, teve o efeito de uma ducha de água gelada na campanha da reeleição do prefeito Roberto Naves, do PP, que havia subido no salto alto e vinha comemorando precocemente uma vitória que até era possível com o cenário sem Gomide. Nas últimas pesquisas em que o seu nome foi incluído, o petista liderava na base de 60% das intenções de voto, contra 10% para Naves. O atual prefeito cometeu um erro grave na sua gestão: não fixou uma marca, uma identidade, uma imagem forte para justificar, na hora de pedir mais um mandato, o voto do eleitorado anapolino. Nesse sentido, a sua gestão passou em brancas nuvens e agora é tarde demais para uma reação.

JOÃO CAMPOS TRABALHA PARA SER INDICADO PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Parece mentira, mas... não é: o deputado federal por Goiás João Campos, que também é delegado de polícia, está articulando a sua indicação para uma das duas vagas que se abrirão no Supremo Tribunal Federal, no governo do presidente Jair Bolsonaro. Ele está mobilizando colegas da bancada do Republicanos e das demais denominações neopentecostais, no Congresso Nacional e, mesmo nãos sendo um jurista de renome, tem um currículo respeitável na área do Direito. E acha que preenche o requisito primordial definido pelo próprio presidente, que pretende indicar para o STF um nome “terrivelmente evangélico” – o que é o caso, de João Campos, na condição de pastor da Igreja Universal. Pode parecer utopia, mas no Brasil dos tempos atuais nada é impossível.

 MAGUITO REPETE CAIADO E VAI A IRIS APRESENTAR A CHAPA, MAS ISSO ADIANTA?

Correndo atrás do prejuízo, depois que o governador Ronaldo Caiado inteligentemente se adiantou e levou ao prefeito Iris Rezende, no Paço Municipal, a chapa Vanderlan Cardoso-Wilder Morais, para apresentação, o candidato do MDB Maguito Vilela vai nesta semana fazer o mesmo, ainda que tardiamente, visitando o velho cacique emedebista para também “apresentar” a sua chapa – na tentativa de recuperar uma oportunidade perdida. Porém, anotem aí, leitoras e leitores: no caso de Maguito, apenas um encontro formal com Iris não resolve, ao contrário das consequências positivas da reunião com Caiado para a chapa VW. Maguito precisa de uma declaração explícita e sem nenhuma dúvida de que Iris está ao seu lado, o que uma audiência ou uma foto não resolvem. O prejuízo para ele está no ar, caso isso não aconteça. E, a propósito, já está demorando, com os prejuízos eleitorais se tornando cada vez mais irreversíveis.

 SEM ALTERNATIVAS EM RIO VERDE, PSDB LANÇA CHAPA DE RENOVAÇÃO TOTAL

Partido que perdeu o rumo em Goiás após a surra nas urnas de 2018, o PSDB deu um sinal de vida, ainda que pálido, em Rio Verde, com uma chapa para a prefeitura que representa teoricamente a maior proposta de renovação política em todo o Estado: Clailton Filho, e a vice, Luciléia Perpétua. Ele é estudante de Odontologista e tem 21 anos. Ela, nem tão jovem, é executiva de uma loja e assistente social da Igreja Videira, porém uma grande novidade na política. São nomes novos, que conseguiram entrar no jogo mais pela falta de alternativas para o PSDB local do que pela disposição do presidente estadual Jânio Darrot e do ex-governador Marconi Perillo em tentar um caminho novo. Pelo sim, pelo não, conseguiram. Não têm chances, mas é um projeto eleitoral que, se bem conduzido, pode marcar pontos para o futuro.

 ZÉ CARAPÔ É A GRANDE CHANCE PARA DAR FIM À VELHA POLÍTICA EM JATAÍ

Definidas as candidaturas a prefeito, a grande novidade que desponta é o lançamento do deputado estadual Zé Carapô, da DC, em Jataí. Ele montou a maior frente partidária da cidade e tem, como grande trunfo, o apoio do governador Ronaldo Caiado para enfrentar o ex-prefeito (ufa!) por quatro mandatos Humberto Machado, do MDB. Será uma disputa e tanto. Em 2018, Zé Carapô, um político jovem, mas muito, muito sério, tem capital eleitoral: ele foi o mais votado em Jataí, para a Assembleia, com 15 mil votos, vindo em segundo lugar o vereador Thiago Maggioni, do PSDB, apoiado pelo prefeito Vinicius Luz (hoje PP, mas naquela época ainda tucano).

 CANCELAMENTO DA CANDIDATURA DA DRA. CRISTINA É FATO ESCABROSO

O cancelamento da candidatura da Dra. Cristina a prefeita de Goiânia é um dos fatos mais escabrosos da política em Goiás em todos os tempos, ainda mais em época de valorização da presença feminina em eleições e por tudo o que a vereadora significa pela sua trajetória de vida e carreira como parlamentar. É uma vergonha para a deputada federal Magda Mofatto e seu marido Flávio Canedo, este presidente do diretório estadual do PL, que, está claro, barganhou com os Vilelas, Maguito e Daniel, em troca de vantagens que por enquanto não estão claras. Detalhe importantíssimo: não foi só em Goiânia que o PL traiu seus quadros e sabotou candidatos a prefeito que já estavam em campanha, caso, por exemplo, de Catalão, onde foi intervenção no diretório local para levar o partido – advinhem? – a se compor com o MDB.

 EM RESUMO

• Dos 14 candidatos a prefeito de Goiânia, mais da metade é de ilustres desconhecidos, pelo menos em relação à maioria do eleitorado. É gente que, para vereador ou deputado, até consegue uma vitória, mas não passa daí.

• O duelo entre Vanderlan Cardoso x Maguito Vilela envolve também uma briga entre as duas maiores igrejas evangélicas de Goiás, a Universal, que fechou com o emedebista, e as Assembleias de Deus, que ficaram com Vanderlan.

• A campanha que está começando durará menos de 50 dias, até 15 de novembro próximo. Não haverá tempo para nada, a não ser postar nas redes sociais e tentar aproveitar o exíguo tempo de rádio e televisão, onde houver.

• Boa tirada de Elias Vaz, do PSB: Vanderlan Cardoso e Maguito Vilela são políticos importados de Senador Canedo e Aparecida, que entendem muito dos problemáticos municípios onde tiveram experiências de gestão, mas pouco de Goiânia.

• A alta do arroz é boa para a economia goiana, pelo menos pelo quanto ao lado da produção e transformação de alimentos. Com 5 outros Estados, Goiás participou neste ano das exportações de 1,5 milhão de toneladas, recebendo em dólar.

• Anselmo Pereira, hoje no MDB, vai buscar na eleição deste ano o seu décimo mandato consecutivo. Ele é o parlamentar mais antigo em atividade em Goiás. Em seguida vem o deputado federal José Nelto, com 8 mandatos.

• A candidatura de última hora do senador Vanderlan Cardoso em Goiânia inviabilizou o lançamento da esposa Izaura à prefeitura de Senador Canedo. Não pegaria bem marido e mulher disputando eleição em cidades limítrofes.

• De tão estranha, causou má impressão a imagem do prefeito Gustavo Mendanha, na convenção-live que oficializou a sua candidatura à reeleição em Aparecida, sentado com as pernas abertas em um trono, como um paxá.

• Com a ideia original de visitar o prefeito Iris Rezende no Paço Municipal, para apresentar a chapa Vanderlan Cardoso-Wilder Morais, o governador Ronaldo Caiado conseguiu dividir o legado irista, que agora não é só de Maguito Vilela.