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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Momento Político - 20 de Fevereiro de 2019

20/02/2019 às 08h51


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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LÚCIA VÂNIA MANDOU SINAIS, QUE ACABARAM IGNORADOS

As seguidas declarações da ex-senadora Lúcia Vânia colocando-se à disposição do governador Ronaldo Caiado para ajudar na sua administração, especialmente através do relacionamento que construiu em Brasília, deram a nítida impressão de ela estava se oferecendo para um cargo estadual – aliás, como até foi cogitado logo depois da eleição, mas depois não se confirmou. Não parece ter sido à toa que Lúcia Vânia, em mais de uma entrevista, tenha disparado críticas ao Tempo Novo e inclusive dizendo que foi um erro de avaliação a sua candidatura na chapa derrotada de Zé Eliton e Marconi Perillo. Houve, é claro, a intenção de atrair a simpatia de Caiado e abrir portas para uma incorporação ao governo, que hoje está mais distante e impossível do que nunca. Não houve interesse.

“BAILE FUNK” NÃO PASSOU DE FAKE NEWS, MAS É SINAL DE ALERTA

Não houve nenhum “baile funk” promovido pelo governador Ronaldo Caiado no salão nobre do Palácio das Esmeraldas, mas apenas uma reunião de confraternização entre familiares e amigos – algo perfeitamente normal, já que o espaço é também o lar do seu ilustre ocupante. Mas o episódio deixa uma lição: Caiado, levando em consideração o perfil de rigor moral e ético que construiu, precisa ficar mais atento e alerta para pequenos escorregões, como esse, que a oposição e parte da imprensa fatalmente vão explorar na tentativa de criar desgastes óbices para o novo governador. É recomendável que a residência oficial do chefe do Executivo fique preservada e livre de polêmicas, ainda que representem uma distorção da realidade. De resto, é melhor alguma extravagância festiva que a utilização do Palácio para receber propinas e outras transgressões – o que já aconteceu no passado recente.

PROPOSTA DE “ZERAR”  ASSEMBLEIA FOI APENAS UM SONHO

Não deu em nada a proposta de um grupo de deputados que queriam “zerar” a Assembleia, isto é, livrá-la das influências consolidadas durante os 20 anos de poder do ex-governador Marconi Perillo e seus aliados, inclusive seus aliados ex-presidentes da Casa. Além disso, a “limpeza” deveria incluir também a adoção de um regime administrativo com uma boa dose de austeridade, trazendo, por exemplo, uma redução no exagerado número de funcionários comissionados, a diminuição das diretorias (são 15, a maioria totalmente desnecessárias) remuneradas com salários milionários e uma revisão dos contratos e da estrutura de gestão. Essa ideia é que acabou levando à eleição de Lissauer Vieira para a presidência, em detrimento dos interesses do governador Ronaldo Caiado, que queria Álvaro Guimarães no lugar, transformada, no final das contas, em um movimento de independência em relação ao Executivo que não tem nada a ver com as intenções originais. Quer dizer: começou de um jeito, mas terminou de outro.

SEM A CRISE DA FOLHA DE DEZEMBRO, CAIADO ESTARIA MUITO MELHOR

A controversa decisão do governador Ronaldo Caiado de não pagar a maior parte da folha de dezembro do funcionalismo foi trágica para a sua imagem. Não há pesquisas para apurar a extensão dos danos, mas é evidente que adiantar janeiro, deixando o mês anterior em aberto e ainda mais sem solução à vista, afetou profundamente a credibilidade e a aprovação do novo governo, quebrando as expectativas sobre uma administração mais justa e correta que as anteriores. Todos os argumentos apresentados foram colocados sob suspeição, ficando a impressão de que se tratou de uma manipulação destinada a reforçar a sensação de que o Estado estaria mesmo mergulhado em uma calamidade financeira e por isso apto a receber ajuda do governo federal. Podem apostar, leitora e leitor: sem essa crise, Caiado navegaria hoje em um mar de rosas, porque, no geral, as medidas moralizantes da sua gestão são oportunas e convenientes.

PROBLEMAS POLÍTICOS E JUDICIAIS COMPLICAM FUTURO DE MARCONI

Já passam de uma dezena os processos de improbidade e investigações criminais envolvendo o ex-governador Marconi Perillo, que está inclusive tanto com os bens indisponibilizados quanto arrestados (ou seja, bloqueados nas esferas cível e criminal). Tudo somado, fácil concluir que a situação judicial do tucano-mor de Goiás é complicadíssima, com risco até de prisão e de perda de todo o patrimônio que acumulou durante a sua vida. Por isso, as especulações sobre uma candidatura de Marconi a prefeito de Goiânia carecem de qualquer fundamentação: não bastasse essa dor de cabeça processual, foi na capital que ele colheu a sua mais fragorosa derrota nas últimas eleições, ficando em sexto lugar na disputa para o Senado, atrás de Vanderlan Cardoso, Jorge Kajuru, Wilder Morais, Lúcia Vânia e... Agenor Mariano. E, pior de tudo, alcançando apenas 50 mil votos, uma ninharia em termos eleitorais.

SITUAÇÃO DE CALAMIDADE FINANCEIRA, SIM, MAS NÃO GRAVÍSSIMA

Ninguém fala mais da aspiração do governador Ronaldo Caiado no sentido de incluir Goiás no Regime de Recuperação Fiscal e obter facilidades do governo federal para o reequilíbrio financeiro do Estado. Desde a primeira vez em que Caiado tocou nesse assunto sabia-se que não passava de uma quimera, já que os requisitos do RRF não são preenchidos pelo governo goiano – o que, inevitavelmente, leva à conclusão de que a situação de calamidade no caixa estadual pode até ser grave, mas não é gravíssima e tem solução aqui mesmo e não através de um maná caindo dos céus por inspiração de Brasília. Essa é a dura verdade. No mais, todas as medidas previstas no programa de recuperação fiscal, menos duas (suspensão do pagamento da dívida e acesso a novos empréstimos), podem ser adotadas dentro da esfera de competência de Caiado. Basta ter coragem.

EM RESUMO

  • Toda essa conversa em torno da escolha dos novos presidentes de comissões na Assembleia só faz sentido quanto às de Constituição e Justiça e a Mista. O resto é só figuração, pela total falta de importância.

 

  • O MDB avança mais que os partidos que apoiaram Ronaldo Caiado na ocupação de espaços no governo. O DEM está excluído dessa avaliação, já que caminha para ter todos os seus quadros nomeados. Isso mesmo: todos.

 

  • Sonho de uma noite de verão: uma união entre PSDB e MDB para fazer oposição ao governo Ronaldo. Isso só aconteceria se o presidente estadual emedebista Daniel Vilela, que sempre foi contra, se afastasse da política.

 

  • A má repercussão e as distorções em torno da confraternização familiar no Palácio das Esmeraldas que foi apresentada pela oposição como “baile funk” provam que o novo governo precisa ser mais cuidadoso, em tudo.

 

  • Só uma catástrofe tira o deputado Humberto Aidar da presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Assembleia. É a compensação por ele ter desistido da disputa pela presidência.

 

  • Maguito Vilela, candidato a prefeito de Goiânia, desdobra-se em afagos a Iris Rezende, sonhando com a desistência do velho cacique do MDB – que diz não ter interesse na reeleição, quando todo mundo sabe que tem.

 

  • O presidente Lissauer Vieira continua sob pressão intensa do ex-governador Marconi Perillo e seus aliados para que aceite nomear a ex-deputada Eliane Pinheiro em uma das 15 diretorias da Assembleia.

 

  • Em conversa com o prefeito de Catalão Adib Elias, Ronaldo Caiado mandou recado para o MDB: a ala do partido a seu favor pode ficar tranquila quanto à nomeação dos seus indicados para cargos no governo.

 

  • O deputado estadual Talles Barreto garante que, caso as bases do PSDB sejam de fato ouvidas para a escolha do novo presidente estadual da legenda, o seu nome será imbatível. A decisão sai nos próximos dias.