LÚCIA VÂNIA MANDOU SINAIS, QUE ACABARAM IGNORADOS
As seguidas declarações da ex-senadora Lúcia Vânia colocando-se à disposição do governador Ronaldo Caiado para ajudar na sua administração, especialmente através do relacionamento que construiu em Brasília, deram a nítida impressão de ela estava se oferecendo para um cargo estadual – aliás, como até foi cogitado logo depois da eleição, mas depois não se confirmou. Não parece ter sido à toa que Lúcia Vânia, em mais de uma entrevista, tenha disparado críticas ao Tempo Novo e inclusive dizendo que foi um erro de avaliação a sua candidatura na chapa derrotada de Zé Eliton e Marconi Perillo. Houve, é claro, a intenção de atrair a simpatia de Caiado e abrir portas para uma incorporação ao governo, que hoje está mais distante e impossível do que nunca. Não houve interesse.
“BAILE FUNK” NÃO PASSOU DE FAKE NEWS, MAS É SINAL DE ALERTA
Não houve nenhum “baile funk” promovido pelo governador Ronaldo Caiado no salão nobre do Palácio das Esmeraldas, mas apenas uma reunião de confraternização entre familiares e amigos – algo perfeitamente normal, já que o espaço é também o lar do seu ilustre ocupante. Mas o episódio deixa uma lição: Caiado, levando em consideração o perfil de rigor moral e ético que construiu, precisa ficar mais atento e alerta para pequenos escorregões, como esse, que a oposição e parte da imprensa fatalmente vão explorar na tentativa de criar desgastes óbices para o novo governador. É recomendável que a residência oficial do chefe do Executivo fique preservada e livre de polêmicas, ainda que representem uma distorção da realidade. De resto, é melhor alguma extravagância festiva que a utilização do Palácio para receber propinas e outras transgressões – o que já aconteceu no passado recente.
PROPOSTA DE “ZERAR” ASSEMBLEIA FOI APENAS UM SONHO
Não deu em nada a proposta de um grupo de deputados que queriam “zerar” a Assembleia, isto é, livrá-la das influências consolidadas durante os 20 anos de poder do ex-governador Marconi Perillo e seus aliados, inclusive seus aliados ex-presidentes da Casa. Além disso, a “limpeza” deveria incluir também a adoção de um regime administrativo com uma boa dose de austeridade, trazendo, por exemplo, uma redução no exagerado número de funcionários comissionados, a diminuição das diretorias (são 15, a maioria totalmente desnecessárias) remuneradas com salários milionários e uma revisão dos contratos e da estrutura de gestão. Essa ideia é que acabou levando à eleição de Lissauer Vieira para a presidência, em detrimento dos interesses do governador Ronaldo Caiado, que queria Álvaro Guimarães no lugar, transformada, no final das contas, em um movimento de independência em relação ao Executivo que não tem nada a ver com as intenções originais. Quer dizer: começou de um jeito, mas terminou de outro.
SEM A CRISE DA FOLHA DE DEZEMBRO, CAIADO ESTARIA MUITO MELHOR
A controversa decisão do governador Ronaldo Caiado de não pagar a maior parte da folha de dezembro do funcionalismo foi trágica para a sua imagem. Não há pesquisas para apurar a extensão dos danos, mas é evidente que adiantar janeiro, deixando o mês anterior em aberto e ainda mais sem solução à vista, afetou profundamente a credibilidade e a aprovação do novo governo, quebrando as expectativas sobre uma administração mais justa e correta que as anteriores. Todos os argumentos apresentados foram colocados sob suspeição, ficando a impressão de que se tratou de uma manipulação destinada a reforçar a sensação de que o Estado estaria mesmo mergulhado em uma calamidade financeira e por isso apto a receber ajuda do governo federal. Podem apostar, leitora e leitor: sem essa crise, Caiado navegaria hoje em um mar de rosas, porque, no geral, as medidas moralizantes da sua gestão são oportunas e convenientes.
PROBLEMAS POLÍTICOS E JUDICIAIS COMPLICAM FUTURO DE MARCONI
Já passam de uma dezena os processos de improbidade e investigações criminais envolvendo o ex-governador Marconi Perillo, que está inclusive tanto com os bens indisponibilizados quanto arrestados (ou seja, bloqueados nas esferas cível e criminal). Tudo somado, fácil concluir que a situação judicial do tucano-mor de Goiás é complicadíssima, com risco até de prisão e de perda de todo o patrimônio que acumulou durante a sua vida. Por isso, as especulações sobre uma candidatura de Marconi a prefeito de Goiânia carecem de qualquer fundamentação: não bastasse essa dor de cabeça processual, foi na capital que ele colheu a sua mais fragorosa derrota nas últimas eleições, ficando em sexto lugar na disputa para o Senado, atrás de Vanderlan Cardoso, Jorge Kajuru, Wilder Morais, Lúcia Vânia e... Agenor Mariano. E, pior de tudo, alcançando apenas 50 mil votos, uma ninharia em termos eleitorais.
SITUAÇÃO DE CALAMIDADE FINANCEIRA, SIM, MAS NÃO GRAVÍSSIMA
Ninguém fala mais da aspiração do governador Ronaldo Caiado no sentido de incluir Goiás no Regime de Recuperação Fiscal e obter facilidades do governo federal para o reequilíbrio financeiro do Estado. Desde a primeira vez em que Caiado tocou nesse assunto sabia-se que não passava de uma quimera, já que os requisitos do RRF não são preenchidos pelo governo goiano – o que, inevitavelmente, leva à conclusão de que a situação de calamidade no caixa estadual pode até ser grave, mas não é gravíssima e tem solução aqui mesmo e não através de um maná caindo dos céus por inspiração de Brasília. Essa é a dura verdade. No mais, todas as medidas previstas no programa de recuperação fiscal, menos duas (suspensão do pagamento da dívida e acesso a novos empréstimos), podem ser adotadas dentro da esfera de competência de Caiado. Basta ter coragem.
EM RESUMO