POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt
EMPRESÁRIOS AMEAÇAM CAIADO COM DESINDUSTRIALIZAÇÃO DE GOIÁS
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás Sandro Mabel é o portavoz do empresariado nas negociações com o governo do Estado sobre a questão dos incentivos fiscais. A posição que ele defende é radical: qualquer mudança terá como resposta uma migração de indústrias para outros Estados onde supostamente existiriam condições melhores para a lucratividade para os empresários. Segundo Mabel, transferir uma indústria de um local para outro é coisa à toa. O mais demorado é o galpão, que pode ser construído à jato, em três ou quatro meses, seja de que tamanho for. Na segunda guerra mundial, Stálin deslocou rapidamente a indústria pesada russa, ameaçada pela invasão alemão, para além dos Montes Urais, a uma distância segura das fronteiras ocidentais. Se foi assim naquela época, imaginem hoje, com equipamentos mais leves e modernos. Goiás, caso Caiado venha a se imiscuir nos incentivos fiscais e caso a bravata dos empresários seja efetivada, estaria desindustrializado em prazo recorde de um a dois anos.
DECISÃO DO STF CONTRA A LAVA JATO BENEFICIA MARCONI
A polêmica decisão do Supremo Tribunal Federal – tirando poderes da Operação Lava Jato ao passar para a Justiça Eleitoral a apreciação de casos de corrupção conexos com crimes de caixa 2 – beneficia o ex-governador Marconi Perillo quanto ao processo judicial mais grave que ele enfrenta. Trata-se do inquérito criminal sobre recebimento de propinas da Odebrecht, que motivou, inclusive, um pedido de prisão contra Marconi (passou 24 horas da cadeia e foi solto por um providencial habeas-corpus do STJ). Todo mundo sabe que a Justiça Eleitoral não tem o mesmo aparato técnico e qualificação para desenvolver investigações que os juizados federais, onde, até agora, corre a denúncia contra o ex-governador goiano. É vantajoso não só para ele como para todos os políticos enrolados com a Lava Jato, em caso de delitos que têm a ver com o financiamento de campanhas eleitorais, mudar para um domicílio forense mais amigável.
LEI DA FICHA LIMPA IMPEDE CANDIDATURA DE MAGUITO
O ex-prefeito de Aparecida Maguito Vilela deixa fluir o seu nome como hipótese do MDB para disputar a prefeitura de Goiânia em 2020, caso Iris Rezende não seja candidato à reeleição (e ele é). Mas há um problema jurídico: Maguito tem duas condenações em segunda instância, por improbidade, proferidas pelo Tribunal de Justiça, isto é, por um colegiado de juízes, o que o enquadra na Lei da Ficha Limpa e impede sua candidatura pelos próximos oito anos. Em contato com esta coluna, ele garantiu que já superou esses obstáculos e que o seu nome não enfrentaria restrições caso lançado em uma disputa a qualquer cargo eletivo, mas não é isso o que os arquivos do Poder Judiciário indicam. As duas condenações dizem respeito a denúncias do Ministério Público, envolvendo contratos de aluguel de imóveis em Aparecida e aquisições de computadores a preços superfaturados.
EX-GOVERNADOR MONTA ASSESSORIA TÉCNICA PARA SE DEFENDER
À distância, já que está morando em São Paulo, o ex-governador Marconi Perillo tenta articular a sua defesa política – já que, na frente judicial, dispõe de uma boa equipe de advogados remunerados – diante da ofensiva do governador Ronaldo Caiado contra a sua pessoa. Marconi está montando uma assessoria técnica capaz de justificar a política de incentivos fiscais que manteve em seus governos, segundo ele responsável pelo crescimento econômico do Estado nos últimos 20 anos e também pela criação recorde de empregos durante esse período. Até especialistas da USP estão sendo arregimentados (despesas por conta de empresários amigos), inclusive para fornecer subsídios à CPI instalada na Assembleia para investigar os incentivos fiscais – que se deve se transformar no campo de batalha entre o atual governador e o ex. Marconi parece ter finalmente acordado, percebendo que existe espaço para apresentar a sua versão e que o novo governo, no final das contas, anda enfrentando dificuldades para se afirmar.
REMESSAS DA ENEL PARA O EXTERIOR SERÃO INVESTIGADAS
O senador Vanderlan Cardoso, que vai priorizar no seu mandato a questão energética em Goiás, promete para os próximos dias a revelação das remessas de dividendos que a Enel fez para os seus controladores, na Itália, em detrimento dos investimentos que se comprometeu a fazer no melhoramento e ampliação da rede elétrica do Estado. Vanderlan formulou um pedido via Senado às autoridades monetárias, que são obrigadas legalmente a responder. Se confirmadas, essas remessas colocarão a empresa que comprou a Celg em situação difícil, já que a reclamação sobre os seus serviços é generalizada, com os órgãos controladores nacionais a classificando nas últimas posições quanto à qualidade e eficiência para com os seus consumidores. Existem suspeitas de que, em apenas dois anos depois de assumir a Celg, a empresa já teria devolvido aos seus donos praticamente todo o dinheiro aplicado na aquisição.
ZÉ ELITON TEM RECALL E CAPITAL ELEITORAL PARA VOLTAR À POLÍTICA
O ex-governador tampão Zé Eliton não pode ser dado como carta fora do baralho da política estadual e tem muito mais chances que o também ex Marconi Perillo de voltar ao jogo, aproveitando o espaço que está se abrindo com os desgastes prematuros que acometem o governador Ronaldo Caiado em suas semanas iniciais de mandato.A vantagem crucial que Zé tem sobre Marconi é uma maior tranquilidade no campo judicial. Os processos a que responde são bem menos agressivos que os do tucano-mor, esse, sim, vivendo um verdadeiro cerco forense e com a imagem afetada pela divulgação quase que diária de novas denúncias ou desdobramentos das que já existem. Há outros problemas, porém. Um deles é a falta de aceitação que Zé tem dentro do PSDB, em razão da sua histórica inaptidão para as articulações políticas miúdas, indispensáveis dentro dos partidos. Os tucanos que restaram da catástrofe eleitoral do ano passado podem não querê-lo de volta.
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