POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt
É PRECISO ENTENDER OS GESTOS DE AMAURI E DE CAIADO
Há nítido exagero nas reações a declarações como as do deputado estadual Amauri Ribeiro (que falou sobre o clima pouco ortodoxo dentro da Assembleia) e a gestos como o do governador Ronaldo Caiado, que fez um coraçãozinho e mandou beijinhos para manifestantes nas galerias da Assembleia. Embora contenham uma dose de extravagância, atitudes como essas revelam muito mais a disposição de um enfrentamento que quase sempre rende pontos positivos para a sociedade que qualquer outra intenção. Amauri Ribeiro fez referência a irregularidades que todo mundo sabe que existem no Legislativo e que já foram inclusive objeto de ações policiais e do Ministério Público. Foi isso que ele quis dizer – e isso não pode ser interpretado como ofensa. Já Caiado fez clara ironia em relação ao comando de partidários do PSTU sobre os movimentos de protestos dos professores, o que é real e ninguém pode desmentir.
CONSTRUIR NOVA SEDE DA ASSEMBLEIA NÃO É PRIORIDADE
O primeiro ato concreto do novo presidente da Assembleia, Lissauer Vieira, afora a nomeação de diretores e funcionários, foi a assinatura de um contrato de cerca de R$ 110 milhões para a construção da nova sede da Assembleia – obra que foi iniciada e está paralisada no Parque Lozandes, em Goiânia, próximo ao Paço Municipal. O projeto é antigo e já consumiu alguns milhões de reais, dizem que mais de R$ 20, para a implantação dos alicerces e do esqueleto dos quatro andares, mas falta muito, daí os R$ 110 milhões. Ocorre que a prioridade para a nova sede da Assembleia é zero e tem a ver muito mais com a vaidade dos deputados e menos com as reais necessidades do Poder Legislativo. O atual edifício da Assembleia – uma gigantesca invasão no Bosque dos Buritis, abriga com tranquilidade as instalações administrativas da Casa, com os seus 350 funcionários efetivos, os gabinetes dos 41 deputados e seus milhares de comissionados – mesmo porque a maioria não dá expediente.
PRESIDENTE DA AGEHAB RESPONDE A 4 PROCESSOS
O novo presidente da Agehab Eurípedes José do Carmo, que foi nomeado para o cargo em razão única e exclusiva de ser irmão do senador Luiz Carlos do Carmo e de um pastos-líder da Assembleia de Deus, não responde a dois, mas, sim, a quatro processos por improbidade administrativa em relação ao mandato que teve como prefeito de Bela Vista. Caiado não pensou ao fazer essa nomeação, que abala o seu compromisso de fazer um governo acima de quaisquer suspeitas. O mais grave é que Eurípedes, em um dos processos, é acusado com fartura de provas de irregularidades na construção de casas populares, justamente a área de atuação do órgão que está comandando, a Agehab. Os outros três têm a ver também com obras, inclusive, em um deles, compartilhando a denúncia com o senador Vanderlan Cardoso (que, segundo o Ministério Público, também praticou malfeitos quando foi prefeito de Senador Canedo).
TRÊS NA DISPUTA PELA PRESIDÊNCIA ESTADUAL DO PSDB
Está chegando a hora da escolha do novo presidente estadual do PSDB, que vai substituir Giuseppe Vecci, mais um técnico que o ex-governador Marconi Perillo inventou para a política, com maus resultados, já que o partido acabou reduzido a 6 deputados estaduais e um federal. Três candidatos despontam com mais força para o “cargo”: o ex-prefeito de Catalão Jardel Sebba; o deputado estadual Talles Barreto; e a professora e ex-secretária de Educação Raquel Teixeira, candidata do peito de Marconi, que foi quem a mandou apresentar o nome. Mesmo no comando de uma legenda esfrangalhada, o novo presidente terá as suas vantagens: carro, celular, secretária, viagens pagas, alguns empregos e tudo o mais que é garantido pelos fartos repasses do Fundo Partidário nacional.
SEGUNDA PARTE DA REFORMA ADMINISTRATIVA SERÁ O GRANDE TESTE
É notório que o novo governador Ronaldo Caiado ainda não estruturou uma base de apoio para a aprovação das matérias do seu interesse na Assembleia. Ao contrário, está longe disso, diante da insatisfação da maioria dos deputados com a falta de espaços dentro da nova administração. O grande teste para a definição desse cenário será o projeto a ser enviado em meados de março (se não atrasar) com a segunda parte da reforma administrativa, tema para lá de polêmico, que, no quadro parlamentar de hoje, simplesmente seria derrubado ou severamente modificado, configurando uma nova derrota política de peso para o Palácio das Esmeraldas. Sem uma boa articulação de fundo e não apenas pontual, isto é, em torno somente dessa matéria, Caiado não terá respaldo na Assembleia – o que só virá se os deputados se sentirem valorizados e reconhecidos com nomeações no governo. Não existem alternativas nesse caso.
NENHUM GOVERNADOR JAMAIS OUSOU MEXER NOS INCENTIVOS
O secretário da Indústria e Comércio Wilder Morais assumiu prometendo que Goiás será ainda mais “agressivo” na política de incentivos fiscais, enquanto, no mesmo dia, sua colega da pasta da Economia Cristiane Schmidt dava declarações definindo a concessão de benefícios tributários a empresas como “estratégia antiga” que não trouxe resultados e não dá competitividade para as grandes indústrias instaladas em território goiano. São opiniões radicalmente contrárias, que deverão evoluir rapidamente para um conflito de posições dentro do novo governo – mesmo porque mais cedo ou mais tarde o governador Ronaldo Caiado será confrontado com a necessidade de tomar decisões duras nessa área. Detalhe: nenhum governador jamais ousou tocar nesse vesperto e contrariar os interesses dos empresários favorecidos.
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