IQUEGO, RODOVIAS E CENTRO CULTURAL SERÃO PRIVATIZADOS
O governador Ronaldo Caiado quer passar para a frente uma boa parte do patrimônio atual do Estado de Goiás, seja como medida extrema para fazer caixa, seja como solução para enxugar a máquina administrativa e reduzir gastos. Estão na mira a Iquego, o Centro Cultural Oscar Niemeyer e todas as rodovias estaduais de grande tráfego, mesmo que de pista única. A Saneago estaria na lista, para venda de pelo menos a metade de suas ações, senão todas, mas o Palácio das Esmeraldas hesita porque Caiado, quando a empresa esteve em vias de privatização parcial no governo passado, foi contra e chegou a entrar com representação no Ministério Público para deter o negócio. O governador sabe que, para se habilitar a qualquer tipo de ajuda do governo federal, terá que apresentar um plano radical de ajuste das contas estaduais – inclusive com a inclusão da alienação de ativos públicos de valor. Sobre a Iquego, um detalhe: a gestão passada colocou a estatal em leilão, mas não houve interessados.
AJUDA DO GOVERNO FEDERAL, FINALMENTE A LUZ NO FIM DO TÚNEL
Autoridades da equipe econômica do governo federal, como o próprio ministro Paulo Guedes, passaram a sinalizar com força para a possibilidade de um plano emergencial de ajuda aos Estados – cuja única reciprocidade seria a elaboração de um pacote de austeridade fiscal a curto prazo. No caso de Goiás, essa nova hipótese abre a perspectiva de acesso a um empréstimo de até R$ 2 bilhões de reais, valor que seria suficiente para reequilibrar as finanças do governo e permitir ao governador Ronaldo Caiado dar andamento normal à sua gestão. É claro que é preciso ter um pé atrás: a burocracia de Brasília vê com muitos maus olhos, historicamente, a administração fiscal dos Estados e não gosta de apoiar os seus governadores, de um modo geral classificados como gastadores e pouco interessados em sacrifícios para alcançar a estabilidade e contribuir com a política econômica nacional.
ESCONDER-SE EM SÃO PAULO É UM ERRO GRAVE DE MARCONI
Ao se mudar para São Paulo, logo após perder a eleição e passar por eventos policiais constrangedores, o ex-governador Marconi Perillo pode ter cometido o maior erro da sua vida política. A mudança deixou os tucanos de Goiás à deriva, depois de 20 anos em que até para ir ao banheiro eles comunicam a vontade a Marconi e aguardavam autorização. De repente, o PSDB e o que restou dos aliados viram-se sem qualquer orientação ou direção, a não ser através de telefonemas esparsos do ex-governador (que, pelo menos, serviram para eleger Lissauer Vieira presidente da Assembleia, mostrando a sua força). Sumir de Goiás também deu a impressão de que Marconi estaria envergonhado com os últimos acontecimentos e sem coragem de enfrentar os goianos, sequer para apresentar a sua versão dos fatos, o que tem feito apenas com a ajuda de notas anódinas e repetitivas que envia do seu refúgio nos Jardins, bairro nobre paulistano. Entre os órfãos que deixou em Goiás, reina a crença de que é melhor ele voltar e logo.
CRISTIANE SCHMIDT E FÁTIMA GAVIOLI NÃO PODEM ERRAR
As duas principais mulheres que ocupam pastas no governo Ronaldo Caiado – Cristiane Schmidt, secretária da Economia, e Fátima Gavioli, secretária da Educação – são hoje motivo de grande preocupação por parte do Palácio das Esmeraldas. Já há quem tenha tido coragem de dizer a Caiado que ele se precipitou nessas duas escolas: Schmidt, por acha que ela facilitaria a atração de apoio da equipe econômica de Brasília, em função das suas ligações com o ministro da Economia Paulo Guedes, e Gavioli por realmente não ter experiência com uma estrutura de 1.150 escolas estaduais, como é a de Goiás. É claro que, por enquanto, as duas estão blindadas contra qualquer possibilidade de afastamento, já que estamos no início da administração e a sinalização seria ruim, por um lado, mas, por outro, está claro que qualquer escorregadela pode custar uma demissão sumária.
MDN E PSDB COMETERAM CRIMES IDÊNTICOS CONTRA GOIÁS
O MDB e o PSDB, tecnicamente adversários históricos em Goiás, estão nivelados por baixo na semelhança dos crimes que cometeram, ao vender, um, a usina de Cachoeira Dourada, outro, a Celg, igualando-se na irresponsabilidade administrativa que levou à pulverização dos recursos apurados, sem repercussão no desenvolvimento do Estado. A privatização de Cachoeira Dourada, pelo governador Maguito Vilela, e em seguida a da Celg, pelo seu sucessor Marconi Perillo, proporcionaram o ingresso de montanhas de dinheiro no caixa governamental, mas tudo foi torrado em seguida graças à falta de planejamento e de visão dos dois governantes. Não houve, nos dois casos, planejamento algum sobre o destino dos recursos que seriam arrecadados e o resultado é que esses dois portentos do patrimônio público dos goianos se esvaíram pelo ralo, ou melhor, passaram a beneficiar seus novos e felizes proprietários.
A POLÊMICA LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA POLICLÍNICA NO INTERIOR
A decisão do novo governo de instalar a primeira das policlínicas prometidas na campanha em Santa Terezinha carece de fundamentação técnica. A cidade não fica no centro de uma microrregião, o que justificaria a decisão pela possibilidade de atender a municípios vizinhos. Ao contrário, geograficamente é uma espécie de fim de linha, com população minúscula. Ocorre que o ex-prefeito de Santa Terezinha, por vários mandatos, é o atual secretário de Desenvolvimento Social Marcos Cabral, que tem autoridade e influência nos bastidores do Palácio das Esmeraldas – decorrência da sua fidelidade de mais de 20 anos ao governador Ronaldo Caiado, que agora, como se vê, vai ser devidamente premiada com a obra ícone da Saúde da atual gestão em sua base.
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