IRIS TEM MUITO A ENSINAR A QUEM QUISER SE SAIR BEM NO GOVERNO
Se estiver em busca de uma fórmula para o sucesso como gestor público, o governador Ronaldo Caiado pode mirar o exemplo próximo do prefeito Iris Rezende. Mais uma vez, o velho cacique emedebista deu a volta por cima como chefe de Executivo, depois de receber há pouco mais de dois anos a prefeitura de Goiânia com uma dívida de R$ 1 bilhão, 200 obras paralisadas e R$ 31 milhões mensais de déficit. Proporcionalmente, um rombo maior que o encontrado por Caiado no governo do Estado. Sob uma chuva de críticas, Iris baixou a cabeça, dedicou-se a sanear a máquina municipal e hoje, no seu terceiro ano de mandato, só tem motivos para comemorar. Dispõe de mais de R$ 1 bilhão em caixa para fazer e acontecer, deve levantar mais R$ 400 milhões ano que vem e, por ter promovido Goiânia para a letra B no ranking do Tesouro Nacional, terá aval da União para um empréstimo de R$ 780 milhões junto a Caixa. É dinheiro demais, que ele não vai conseguir gastar até o final do seu mandato, daí a justificativa para a sua reeleição no ano que vem.
REFORMA ADMINISTRATIVA TÍMIDA ECONOMIZA MUITO POUCO
Embora apresente a segunda parte da reforma administrativa como prova de que está cortando no osso para tentar levar Goiás ao reequilíbrio fiscal, o governador Ronaldo Caiado mandou para a Assembleia um projeto que apenas reduz cargos comissionados – em valor que, mensalmente, fica em torno de R$ 10 milhões, incapaz, portanto, de contribuir efetivamente para um verdadeiro ajuste financeiro. Faltou uma lipoaspiração para tirar os excessos da máquina estadual. O governo de Goiás é dono de veículos de comunicação, companhia de gás, companhia de telefonia, fábrica de remédios, empresa de ônibus e muito outras extravagâncias que nada têm a ver com as responsabilidades sociais e econômicas do Estado. Mas tudo isso ficou incólume. Nada foi cortado ou eliminado. Os ralos que drenam os preciosos recursos do povo goiano continuam abertos.
MAGUITO TEM CONDENAÇÕES EM 2ª INSTÂNCIA E ESTÁ INELEGÍVEL
É preciso ir devagar com as especulações sobre uma possível candidatura de Maguito Vilela a prefeito de Goiânia, caso Iris Rezende não queira a reeleição. Primeiro, nunca houve no passado uma situação em que Iris, podendo ser candidato, deixou de ser. E os 87 anos que ele fará em 2020 não vão atrapalhar em nada, com a saúde que ele exibe. Iris sempre quer mais um mandato e tem cacife para isso. Depois, Maguito tem 2 condenações em 2ª instância por improbidade e, portanto, está incurso na Lei da Ficha Limpa, o que significa que não pode registrar candidatura a cargos eletivos. Claro: teoricamente, é possível uma reversão, na 3ª instância, mas pela lentidão da Justiça brasileira, isso é praticamente impossível até o ano que vem, quando ocorrerá a eleição.
CANDIDATO DE CAIADO EM APARECIDA É GLAUSTIN FOKUS
É o governador Ronaldo Caiado em pessoa, e não qualquer intermediário, quem vai cuidar da articulação política dos partidos da sua base com vistas às três eleições municipais mais importantes de Goiás: Goiânia, Aparecida e Anápolis. Desde há muito tempo que esses colégios eleitorais passaram a eleger prefeitos sem alinhamento com o Palácio das Esmeraldas e acabam ajudando no crescimento da oposição ao governo do Estado, seja quem for o governador. Caiado não tem definição de nomes ainda, mas, pelo menos no caso de Aparecida, sabe-se que não hesitará em declarar apoio ao deputado federal Glaustin Fokus, do PSC (que se coligou com o DEM no pleito estadual do ano passado) O único problema é que o parlamentar tem muito mais alma de empresário que de político e teme que uma candidatura majoritária venha a prejudicar seus negócios – o que vem adiando a sua decisão sobre a disposição para disputar ou não a sucessão municipal em Aparecida e passando uma imagem de frouxidão.
INVESTIGAÇÃO SOBRE A CAOA VAI REVELAR RENÚNCIA FISCAL MILIONÁRIA
A inclusão da CAOA entre as empresas que serão investigadas pela CPI dos Incentivos Fiscais da Assembleia Legislativa promete desvendar uma das mais ousadas e milionárias operações dos governos passados para atrair investimentos em Goiás. Para vir para Anápolis, a CAOA ganhou terreno, um gigantesco galpão, obras de infraestrutura e perdão do ICMS praticamente para todo o sempre. E, além de não pagar nada, ainda fatura com créditos de ICMS correspondentes ao que adquire como matéria-prima, gerando títulos podres que são vendidos no mercado paralelo a quem tem dívidas a quitar com a Secretaria da Fazenda. Uma mina de ouro. Com facilidade, as vantagens que a companhia recebeu já ultrapassam a casa do bilhão de reais e configuram um dos casos de renúncia fiscal mais escandalosos da história econômica do Estado. Há outras empresas com privilégios parecidos, claro – e uma delas é a Mitsubishi, em Catalão – que também deveriam entrar no foco da CPI. Mas não se sabe se os deputados terão coragem para ir fundo nas apurações.
TAMANHO DA BASE NA ASSEMBLEIA SERÁ FINALMENTE MOSTRADO
Dois projetos que estão em tramitação na Assembleia vão mostrar se é verdade ou não que o governador Ronaldo Caiado formatou uma base de apoio no Legislativo e, em caso de resposta positiva, qual o tamanho e a margem de segurança que conseguiu a seu favor. São eles a segunda parte da reforma administrativa e as mudanças no Passe Livre Estudantil, ambas matérias com algum grau de polêmica e, portanto, capazes de por à prova o resultado da estratégia de distribuição de cotas de R$ 30 mil em nomeações e também indicações para diretorias e superintendências aos deputados, em troca dos seus votos. A decisão de recorrer ao fisiologismo causou estragos à imagem de Caiado, eleito supostamente para acabar com as práticas da velha política em Goiás – mas no final das contas sucumbindo às pressões dos parlamentares sedentos por cargos e favores no governo. A reforma administrativa deve ser aprovada sem maiores problemas, mas com o Passe Livre a situação se complica: os cortes foram muito drásticos e não têm a simpatia da Assembleia.
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