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COLUNISTAS

BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Momento Político - 08 De Setembro De 2020

08/09/2020 às 09h40


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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PRESSÃO DA FAMÍLIA E DESISTIR DA REELEIÇÃO, IRIS ABANDONOU SEU COMPROMISSO MAIOR COM GOIÂNIA

Iris Rezende nunca esteve na política para atender às suas vontades ou interesses pessoais. Isso, conforme suas próprias palavras, insistentemente repetidas ao longo dos seus mais de 60 anos de carreira pública. Ele nunca disputou mandatos ou buscou cargos como um desígnio pessoal, dizia, mas para retribuir a quem – novamente reproduzindo aqui suas colocações literais – sempre lhe deu tudo o que recebeu da vida, ou seja, o povo. O mesmo povo que sempre o convocava para missões de recuperação do Estado ou da capital e ao qual ele se curvou submisso, de acordo com as justificativas que apresentava durante a sua trajetória. Nesse sentido, evocando ao pé da letra cada palavra que o próprio Iris usou, em todas as eleições anteriores, existiria um compromisso de servir que, agora, ele não cumpriu – sabendo-se que menos por sua vontade do que pela pressão escancarada da sua família, legitimamente preocupada com a sua idade avançada e com os riscos à sua saúde aumentados pela ameaça representada pela pandemia do novo coronavírus. Certo, trata-se de uma esfera de responsabilidade restrita a ele e aos seus parentes, reconheça-se. Mas que o levou a quebrar o elo forte que tinha com Goiânia e as goianienses e goianienses, cidade onde iniciou a sua história e com a qual sempre se identificou, nos bons e nos maus momentos. Nesse sentido, Iris falhou em seu ato final, quando ainda tinha o que oferecer à administração municipal que ele recebeu em 2017 em petição de miséria e a qual recuperou com a maestria e a experiência de décadas como gestor do dinheiro e das necessidades da população. A aposentadoria provavelmente veio, dado às suas excepcionais condições físicas, antes da hora. Era recomendável que ficasse para 2024. Esse era o seu desejo, mas a imposição das filhas o fez mudar de ideia e a deixa Goiânia ao léu.

 MAGUITO RECEBEU ESTÍMULO PARA PROCURAR APROXIMAÇÃO COM CAIADO

O ex-governador e ex-tudo Maguito Vilela já sabia, há mais de dois meses, que o prefeito Iris Rezende não seria candidato à reeleição e acabaria anunciando a sua aposentadoria. Iris contou das suas intenções a Maguito em meados de junho, quando o aconselhou a procurar o governador Ronaldo Caiado para uma conversa de aproximação – o que foi feito em sigilo, embora, duas semanas depois, o encontro acabasse vazando. Essa recomendação de Iris alcançou também o filho Daniel Vilela, que repentinamente amenizou suas posições críticas a Caiado e mudou o tom ao admitir genérica e hipocritamente que, em Goiânia, todas as hipóteses de aliança deveriam ser consideradas pelo MDB. Há quem acredite que Maguito foi um pouco frouxo ao seguir a orientação do velho cacique e não convenceu Caiado da sinceridade das suas intenções, o que deixou aberto o caminho para o senador Vanderlan Cardoso – hoje perto de conseguir o apoio do governador e se apresentar como o candidato com mais chances de vencer em Goiânia.

 OJERIZA DO ELEITORADO MARGINALIZA PSDB NAS ARTICULAÇÕES POLÍTICAS EM GOIÂNIA

A eleição municipal deste ano em Goiânia será o primeiro movimento importante da política estadual, em mais de 20 anos, a não ter o PSDB como um dos polos principais. A verdade é que os tucanos estão completamente vendidos diante das articulações em torno das candidaturas a prefeito da capital: ninguém os procura para conversar, o que não deixa de sugerir que eles se transformaram em uma companhia deletéria como detentores incontestes da ojeriza do eleitorado goianiense.

 OPORTUNISMO DE VANDERLAN E DANIEL INCOMODA E MOSTRA FROUXIDÃO DE CONVICÇÕES

A aposentadoria de Iris tem também os seus efeitos morais. Um deles é mostrar, mais uma vez, que a palavra dos políticos tem pouco valor e é condicionada a seus interesses pessoais, não a imperativos éticos. Vejam, leitoras e leitores, o que se passa com o senador Vanderlan Cardoso e com o ex-deputado federal e presidente do MDB Daniel Vilela. O primeiro afastou-se da disputa em Goiânia ao aceitar a oficialização do nome do deputado federal Francisco Jr. como candidato do PSD, disse que os seus projetos não passavam pela eleição deste ano e visavam a 2022 e que o partido estava bem representado na disputa. Foi só Iris sair da disputa e Vanderlan engoliu o que disse, mexendo-se como um louco para tomar a vaga de Francisco Jr. Já o segundo jurou para os seus eleitores que seria oposição ao governador Ronaldo Caiado, depois de perder – feio – a eleição de 2022. Mas agora, também com Iris fora, passou a fazer gracinhas para o Palácio das Esmeraldas e já admite ostensivamente que ele e o pai podem se compor com Caiado – antes figura que os dois detestavam e agora assediam atrás de apoio para o projeto de Maguito em Goiânia.

 EM BREVE, ADESÃO DE GOIÁS AO REGIME DE RECUPERAÇÃO FISCAL VOLTARÁ À PAUTA

O governador Ronaldo Caiado deve voltar em breve à pauta da adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal, dentro da visão de que ainda seria um caminho curto – e eficaz – para a recuperação do equilíbrio entre receita e despesa e a consequente volta da racionalidade à administração pública estadual – apesar dos passos significativos que já foram dados para a eliminação dos seus gargalos. Com as leis reformistas que Caiado aprovou na Assembleia no final do ano passado, todas as exigências do RRF foram cumpridas, desde a autorização legislativa para a privatização da Saneago, embora tenha sido viabilizada legalmente a venda de 49% das suas ações, o que seria uma espécie de “meia privatização”. Não há motivo para que o item, dessa forma, não seja considerado cumprido, em especial diante de uma realidade em que um serviço público essencial como o abastecimento de água e o esgoto poderia acabar em um processo de ineficiência, sob gestão empresarial, tal como aconteceu com a Celg. Etapas importantes estão sendo percorridas para a venda da Celg GT, outro trunfo de peso para o RRF. O caso de Goiás, portanto, merece ser encarado como positivo pelas autoridades da equipe econômica do governo federal, para permitir o acesso do Estado a benesses como aval da União para empréstimos elevados e suspensão dos pagamentos da dívida por 3 anos, prorrogáveis por mais 3 – moratória que já está em vigor há mais de ano, mas em consequência de decisões provisórias do STF e da pandemia do novo coronavírus.

 

EM RESUMO

  • A pandemia parece não ter afetado a economia goiana: agosto registrou o maior número de empresas registradas, no Estado, desde anos atrás. Foram quase 2600 novas firmas, um forte sinal de normalidade e mais ainda de vitalidade.

 

  • Caminha para ser transformado em lei um projeto escalafobético da deputada Adriana Accorsi, do PT, declarando os pitidogs que funcionam em Goiás como patrimônio cultural imaterial. Não tem o menor cabimento.

 

  • Será dia 28 de outubro a sessão da OAB-GO que definirá a lista sêxtupla a ser encaminhada ao Tribunal de Justiça para ser reduzida a três nomes, entre os quais o governador Ronaldo Caiado nomeará o próximo desembargador.

 

  • Houve um toque de humor na escolha de Zaratustra para a designação da operação policial contra o deputado estadual Isso Moreira e seus filhos. Os desenhos que retratam o personagem realmente se assemelham ao parlamentar.

 

  • A inscrição do nome do ex-governador Marconi Perillo como mau pagador no Serasa, por não pagar as despesas de um processo que perdeu para o governador Ronaldo Caiado, deu a impressão inicial de que seria uma piada. Não era.

 

  • Impressionante: as primeiras pesquisas em Catalão mostram que o prefeito Adib Elias vai para a reeleição com quase o dobro das intenções de votos de todos os seus adversários somados, correspondendo a quase 60% dos votos.

 

  • Em um gesto simpático, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, por enquanto praticamente reeleito, anunciou que votará em uma mulher para a Câmara Municipal. Na atual gestão, só há vereadores do sexo masculino.

 

  • Sobre Gustavo Mendanha: ele cresceu o olho e admite, depois de conquistar mais um mandato, o que considera irreversível, se candidatar em 2022 a vice ou até mesmo a governador. E não é brincadeira.

 

  • A Assembleia está apreciando uma autorização para que o governador Ronaldo Caiado promova a alienação de 71 imóveis de propriedade do Estado, porém sem uso específico. A operação pode arrecadar cerca de R$ 70 milhões.