CAIADO NÃO PERDOA MAJOR ARAÚJO PELO “BALCÃO DE NEGÓCIOS”
Quem conhece o governador Ronaldo Caiado sabe que ele jamais perdoará ou sequer retornará à normalidade e proximidade que já foi a marca da sua relação com o deputado estadual Major Araújo – depois que este denunciou a abertura de um “balcão de negócios” no governo do Estado para comprar apoio na Assembleia Legislativa. De tudo o que foi dito até hoje pela oposição ou demais críticos, nada incomodou mais Caiado do que essa acusação, que acabou revestida de credibilidade por partir de um aliado muito próximo e que também conhece a fundo o que se passa nos canais de contato entre o Legislativo e o Executivo em Goiás. Major Araújo referiu-se, entre outras aberrações, à distribuição de cotas de R$ 30 mil em nomeações e de diretorias e superintendências aos parlamentares dispostos a respaldar o Palácio das Esmeraldas e votar favoravelmente às suas matérias, algo que Caiado não queria fazer de jeito nenhum, para não se igualar às gestões do passado, mas no final das contas sendo forçado diante dos riscos que a sua governabilidade passou a correr com a insatisfação dos deputados com o seu governo.
VEXAME DO MAJOR VITOR HUGO ESTÁ PRESTES A ACABAR
O líder do governo na Câmara Major Vitor Hugo está passando por uma humilhação pública: ostensivamente, o Palácio do Planalto procura um novo nome para ocupar o posto, mas, venhamos e convenhamos, com toda razão, já que o deputado goiano mostrou-se muito abaixo das exigências que o cargo envolve. Até em fotografias, é possível notar que se trata de alguém completamente estranho ao mundo maquiavélico da política e mesmo ingênuo para esse tipo de ofício. É o caso: o presidente Jair Bolsonaro não deveria ter convidado e Major Vitor Hugo igualmente não poderia ter aceitado, propondo-se a entrar com uma mão na frente e outra atrás no covil de leões que é o Congresso Nacional. O próprio nome – liderança do governo – já indica que o seu ocupante tem que exibir um mínimo de capacidade de comando e influência sobre os seus pares, coisa que o coitado do Major Vitor Hugo não tem e provavelmente nunca terá. Felizmente, o vexame em que ele se meteu está prestes a voltar, com a sua devolução ao baixíssimo clero da Câmara Federal.
VANDERLAN E O PALÁCIO DAS ESMERALDAS ESTÃO DISTANTES
O relacionamento entre o governador Ronaldo Caiado e o senador Vanderlan Cardoso está tão prejudicado que os dois praticamente não se falam mais. Caiado já passou duas ou três vezes pelo Senado, desde que assumiu, e fez questão de ignorar Vanderlan, nem o visitando em seu gabinete e nem ao menos se aproximou para cumprimentos, em uma ocasião em que esteve no plenário da Casa. Duas razões acabaram afetando a boa conexão que os dois tinham até a eleição passada: uma, a evidente e ostensiva pré-candidatura de Vanderlan ao governo do Estado, em 2022, já em incontrolável andamento, e, outra, as críticas do senador à condução de Caiado em relação à questão dos incentivos fiscais – que ele, Vanderlan, enxerga como prejudiciais, tal como estão hoje, às empresas que verdadeiramente geram empregos e contribuem com o desenvolvimento do Estado.
OQUE SIGNIFICA O ESVAZIAMENTO DO PALÁCIO PEDRO LUDOVICO
Quem primeiro notou foi o jornalista Divino Olávio: os saguões e corredores do Palácio Pedro Ludovico estão vazios desde que o governador Ronaldo Caiado tomou posse. Antes muito movimentados, os espaços agora estão desertos e os elevadores, que viviam lotados, sobem e descem carregando pouca gente. Do lado de fora, a ampla calçada perdeu o antigo burburinho. Para Divino Olávio, a nova situação tem a ver com os cortes que Caiado fez no quantitativo de funcionários comissionados. Tanto, diz ele, que circulando pelo prédio é possível encontrar salas desocupadas, apenas com os móveis e computadores em silenciosa prontidão. Mas é provável que a explicação vá um pouco mais adiante: há, sim, certo distanciamento da nova gestão em relação à sociedade. O novo governo é autossuficiente e não desenvolveu ainda, se é que vai desenvolver um dia, canais de comunicação com personalidaes e instituições – englobando-se aí a classe política, que tem participação zero nas decisões governamentais. Em consequência de tudo isso, raras são as pessoas, além dos servidores, que têm alguma coisa a fazer ou são chamadas ao Palácio Pedro Ludovico.
REVOGAÇÃO DOS INCENTIVOS DA ENEL VAI REPERCUTIR MAL
Caso venha a ser aprovada pela Assembleia Legislativa – e parece que o será – a revogação dos incentivos fiscais concedidos à Enel, quando comprou a Celg, tende a ter repercussão nacional e trará prejuízos para o governador Ronaldo Caiado junto ao governo federal. É que, inevitavelmente, tratar-se-á de uma quebra de contrato, que afeta a credibilidade do processo de privatizações no Brasil como um todo. Há um mês, o presidente do BNDES Joaquim Levi telefonou a Caiado, para reclamar da medida e também da CPI da Celg-Enel, instalada pelos deputados estaduais.
SEM OPOSIÇÃO, GOVERNO TROPEÇA NAS SUAS PRÓPRIAS PERNAS
O governador Ronaldo Caiado, politicamente, só tropeça nas próprias pernas. É ele mesmo a fonte dos seus desgastes porque, no que depende da oposição, o seu caminho é seguro e limpo. O nome que poderia liderar o contraponto ao seu governo seria o do ex-governador Marconi Perillo, que desistiu da tarefa e se exilou em São Paulo, onde pena para sobreviver ao cerco judicial de que é alvo. Caiado, portanto, vai tocando a sua gestão sem maiores entraves políticos (pelo menos quanto a aqueles que deveriam se opor a ele) a não ser os que ele mesmo cria, como a fatídica e infeliz decisão de não pagar o mês de dezembro ao funcionalismo – raiz de todos os desgastes da sua administração e provavelmente responsável por derrubar a sua aprovação para a metade do que obteve na eleição (há pesquisas indicativas nesse sentido, em municípios de importância como Aparecida, Anápolis e Catalão, embora não estadualmente ainda). Em resumo, a oposição ao novo governo é fraquíssima. Ou inexistente.
EM RESUMO