MAGUITO FOI ELEITO POR POUCO MAIS DE 20% DO ELEITORADO E TERÁ QUE ACERTAR MUITO PARA CONQUISTAR O AVAL DA SOCIEDADE
No 2º turno, o candidato a prefeito de Goiânia pelo MDB Maguito Vilela teve uma votação bem abaixo do esperado. Dos 250 mil votos que teve no 1º turno, evoluiu 50 mil e foi para 277 mil sufrágios ou mais ou menos 25% a mais. Seu adversário Vanderlan Cardoso, postulante do PSD, deu, no entanto, um salto de mais de 70%, saindo de 148 mil votos no 1º turno para 250 mil no 2º. Todas as pesquisas publicadas antes do dia 29, inclusive na véspera, apontavam para números diferentes, francamente favoráveis a Maguito. Um instituto, o Diagnóstico, chegou a 60% das intenções de voto para o emedebista e apenas 30% para Vanderlan. Não foi o que houve. Goiânia deu um recado para o MDB, para o superfilho e dono de tudo Daniel Vilela e para o grupo político e aliados de Maguito: devagar com o andor. Receberam um cheque para administrar a capital, mas não em branco. A maior parte das goianienses e dos goianienses – que não votou no vitorioso – ainda precisa ser convencida de que é do novo núcleo que se instalará no Paço Municipal que sairão as soluções necessárias para todos. Pouco mais de 20% do eleitorado teclou número 15 nas urnas eletrônicas, índice mais baixo de comprometimento já registrado na história política e eleitoral de Goiânia. Isso quer dizer que o aval da sociedade terá que ser conquistado com acertos, bom senso, comedimento e sobretudo demonstração de que, no dia 29, domingo passado, não foi um processo de ganância pelo poder que emergiu das urnas e sim um passo à frente para a cidade e seus habitantes. É o que vamos saber agora.
PREFEITURA DE GOIÂNIA TENDE A SE TRANSFORMAR EM UMA MIXÓRDIA. E EM BREVE
Preparem-se para más notícias, leitoras e leitores. Não sobre Maguito, que até sinaliza alguma melhora, embora seus médicos e seus familiares não consigam definir o que avançou positivamente em seu padecimento hospitalar, se é que avançou. Porém, a respeito do que vai acontecer na prefeitura, primeiro no período que antecede a posse e depois já a partir da instalação do novo regime. Os ingredientes são os piores possíveis: um prefeito que não foi eleito diretamente, Rogério Cruz, e não sabe exatamente o que fazer nem tem autoridade plena para isso, e uma eminência parda, no caso Daniel Vilela, tutelando todas as decisões, de fato criando um temerário círculo de fogo que tende a ser nocivo para Goiânia, já que nenhum dos dois tem nas mãos a credencial emitida pelas urnas – essa, foi para Maguito. Ninguém sabe como o vice é, qual o seu estilo, qual o seu comportamento, quais as suas características pessoais. Até entrar na chapa vitoriosa, Rogério Cruz não passava de um vereador mergulhado na obscuridade. Nos últimos dias, o substituto eventual que agora é o titular quase definitivo deu um duplo e preocupante sinal: 1) avisou que não será um “poste” depois de assumir o cargo, o mesmo que dizer que não aceitará o papel de fantoche cumpridor de ordens e 2) foi a um encontro dos prefeitos eleitos da Igreja Universal, em São Paulo, onde ouviu as diretrizes da instituição para os seus prepostos que foram vitoriosos nas últimas eleições. Ou seja: há duas forças, uma interior, ele mesmo, e outra exterior, a Igreja Universal, prontas para interferir no que vem aí para a gestão administrativa da capital. As chances de sair disso tudo uma mixórdia, em pleno Paço Municipal, são grandes.
PARTICIPAÇÃO DE CAIADO NO ÚLTIMO PROGRAMA DE TELEVISÃO ALAVANCOU VANDERLAN
A participação do governador Ronaldo Caiado no último programa de rádio e televisão do candidato do PSD a prefeito de Goiânia Vanderlan Cardoso teve efeito positivo ao servir de alavanca para o salto que ele, Vanderlan, deu às vésperas da data da eleição, quando reduziu sua diferença em relação ao representante do MDB Maguito Vilela de mais de 20 para apenas 5 pontos. Foi uma evolução extraordinária e absolutamente inesperada, surpreendendo a campanha de Maguito – que esperava uma vantagem expressiva – e desmentindo as pesquisas publicadas na reta final, que davam Vanderlan muito atrás do emedebista. No rádio e na TV, foi a única aparição de Caiado a favor do candidato a quem deu o seu apoio. Tem-se a visão, hoje, de que ele poderia ter tido uma visibilidade maior na campanha. Mas o governador, corretamente, foi econômico na sua exposição, evitando dar a impressão de que estaria cobrando voto em Vanderlan ou tentando influenciar mais do que o normal em uma eleição municipal. Tanto que funcionou e deu resultados, agregando votos para o postulante do PSD – e não desgastes, como acontecia com governantes do passado, do MDB e do PSDB, quando interferiam a favor dos seus preferidos em eleições em Goiânia.
APROVAÇÃO ELEVADA VEM DA POLÍTICA DE SEGURANÇA E DA POSTURA ANTICORRUPÇÃO
Dezenas de pesquisas já deixaram claro que o governador Ronaldo Caiado tem alta aprovação entre as eleitoras e os eleitores de Goiânia. Uma das causas, todo mundo sabe, é o sucesso da sua política para a segurança pública, que diminuiu drasticamente as ocorrências criminais em todo o Estado, mas principalmente na Grande Goiânia, devolvendo a paz social a que as cidadãs e os cidadãos têm direito. Mas há mais motivos, dentre eles sua postura inflexível contra a corrupção e seu histórico de vida limpa, itens que estão entre os de maior apelo popular. A condução firme do governo do Estado durante a pandemia também somou. Graças a tudo isso, Caiado tem alcançado entre 55 e 70% de aprovação nas avaliações sobre o seu desempenho e a sua gestão entre as goianienses e os goianienses, o que levou, no início da campanha deste ano na capital, a uma disputa entre Maguito Vilela e Vanderlan Cardoso pelo seu apoio, prevalecendo o concorrente do PSD – e, no final das contas, comprovou-se que foi, sim, um trunfo pelo qual valeu a pena lutar.
EITA GOIÁS: ATÉ 2024, SERÃO 44 ANOS DE RODÍZIO ENTRE OS CORONÉIS DO MDB
Em 2024, Iris Rezende e Maguito Vilela completarão 42 anos de rodízio em cargos e candidaturas, pelo MDB, desde a primeira eleição de Iris em 1982, após a redemocratização. Naquela eleição, Maguito, que era vereador pela Arena de Jataí, candidatou-se a deputado estadual e ganhou beneficiado pela vinculação geral dos votos, quer dizer: foi arrastado por Iris. Pouco depois, em 1990, já estava como vice do velho cacique na chapa que venceu para o governo do Estado. A partir daí, o vaivém dos dois se intensificou e, como visto, continua. E Iris vai disputar o Senado em 2022. Não há nada parecido em nenhum Estado brasileiro.
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