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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Momento Político - 06 De Maio De 2019

06/05/2019 às 08h57


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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INTERFERÊNCIA DA PRIMEIRA-DAMA NA POLÍTICA SERÁ REDUZIDA

É jogo jogado: o governador Ronaldo Caiado resolveu adotar uma atitude recomendada pela prudência e está reduzindo a interferência da primeira-dama Gracinha na área política. A atuação da primeira-dama recebendo deputados e políticos, às vezes entrando pela noite adentro, para recolher e analisar listas de indicações para cargos no governo, que ela anotava em sua inseparável caderneta, acabou trazendo prejuízos para o governo e ajudou a complicar as relações entre o Executivo e o Legislativo – há parlamentares que, recebendo a sugestão de levar nomes ao escrutínio de dona Gracinha, preferiram abrir mão da ideia para se resguardar. Mulher de governador marcando presença e influenciando a esfera de competência do marido raramente dá certo e cria situações incômodas, que o bom senso manda que sejam evitadas para o bem de todos. No Brasil, o histórico de primeiras-damas se metendo na política corresponde aos Estados do nordeste, não por acaso a região mais atrasada do país.

HÁ DÚVIDA COM A ECONOMIA DE R$ 480 MILHÕES COM A REFORMA

Apesar do governador Ronaldo Caiado repetir sem parar, desde que mandou o projeto para a Assembleia Legislativa, que a segunda parte da reforma administrativa trará uma economia de acima de R$ 400 milhões até o final do seu mandato, esse número ainda não claro e parece um cálculo meio fantasioso. É que nele estão computadas apenas as extinções de cargos, ignorando-se os que foram criados, e não são poucos, muitos com salários superiores a R$ 20 mil reais. Além disso, há um precedente que não colabora a favor das contas do governo: na primeira parte da reforma, anunciou-se com estardalhaço uma redução de gastos da ordem de R$ 1,2 milhão ao mês. Depois, viu-se que não ocorreria nada disso. Ao contrário, com a recriação de secretarias e mais cargos, o que acabou acontecendo foi o aumento de despesas.

DEPUTADO DO CHAPÉU INDICA SEU PRÓPRIO IRMÃO E CAIADO NOMEIA

O deputado estadual Amauri Ribeiro, aquele do chapéu, que, a propósito, foi autorizado a se apresentar no plenário da Assembleia ostentado o seu precioso acessório, transformou-se rapidamente em típico exemplo de político moralista… quando se trata dos outros. Ele indicou e o governador Ronaldo Caiado nomeou o seu irmão Alexandre Ribeiro para a diretoria financeira da Codego, órgão que, se o novo governo tivesse juízo, já teria extinguido para fechar mais um ralo por onde se esvai o dinheiro público em Goiás. Pior: Amauri Ribeiro, antes de tomar posse, teve os seus 15 minutos de glória ao denunciar  dentro da Assembleia, onde, segundo suas palavras textuais, “a maioria dos cargos vão para filhos e primos de ex-governadores; irmãos de vereadores e ex-deputados; filhos e irmãos de deputados. Todos nomeados com remuneração de até R$ 20 mil”. Na época, ele prometeu que confirmaria sua denúncia com documentos assim que assumisse e levaria um dossiê ao Ministério Público, para as devidas providências. Não fez nada disso e preferiu cair na farra que antes condenava.

BRIGA INTERNA NO MDB, SÓ POR EXISTIR, JÁ É RUIM PARA DANIEL

A judicialização do comando do diretório estadual do MDB e o pedido de intervenção feito à cúpula nacional pelo senador Luiz Carlos do Carmo, confirmam que o caminho do confronto representou um passo em falso para o ex-deputado Daniel Vilela, o presidente do partido que está sob o fogo pesado de adversários internos – como, por exemplo, a ala liderada pelo prefeito de Catalão Adib Elias, que não desiste da luta para reverter a expulsão de que foi alvo. Na política, quem dirige uma casa dividida não tem nada, o que foi amplamente demonstrado pela última eleição, quando Daniel Vilela se candidatou a governador tendo como base um MDB fortemente fatiado e colheu o pior resultado da história da agremiação em Goiás, tanto em matéria de eleições majoritárias quanto para deputado. Está claro que o desfecho, seja pela anulação da constituição do atual diretório, seja pela intervenção, será negativo para a família Vilela.

JOSÉ NELTO VAI CONTRA CAIADO NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Mesmo desagradando o governador Ronaldo Caiado, o deputado federal José Nelto aliou-se com a maioria do Congresso, segundo ele, que manobra para retirar os Estados e municípios da reforma da previdência e deixar que cada um resolva o assunto com as suas Assembleias e Câmaras Municipais. Caiado prefere que a questão seja disciplinada de cima para baixo, o que evitaria desgastes com o funcionalismo público caso a discussão e solução final tenha que se dar em Goiás. Mas a tendência, segundo informa, Nelto é mesmo excluir os entes da Federação, para imprensar contra a parede os governadores do Nordeste, todos do PT, que agem durante o dia contra a reforma da previdência, mas nos bastidores querem vê-la aprovada levando a tiracolo seus Estados e os municípios e livrando-os do custo político ao dar a eles a desculpa de que estariam cumprindo regras federais obrigatórias ao mexer nos direitos de aposentadoria dos seus funcionários públicos. “A exclusão dos Estados e municípios é fatura liquidada”, garante o deputado goiano.

ELEIÇÃO EM APARECIDA EM 2020 TERÁ PESO ESTRATÉGICO PARA 2022

As eleições para prefeito de Aparecida, no ano que vem, devem ser as mais importantes de Goiás, do ponto de vista da preparação do terreno para a sucessão do governador Ronaldo Caiado em 2022. Pouca gente sabe que Aparecida é maior do que sete capitais de Estados, dispõe de um orçamento que só perde para Goiânia e, controlada pelo MDB (com o atual prefeito Gustavo Mendanha, que vai tentar se reeleger), constitui a plataforma sobre a qual a oposição a Caiado montará o seu projeto de poder. Aparentemente, as eleições lá estão em aberto, sem favoritos. Mendanha enfrenta problemas de afirmação com obras atrasadas e sua principal realização, o hospital municipal, que foi inaugurado com a presença do então presidente Michel Temer, funcionando como reles ambulatório e menos de 5% da sua capacidade de atendimento. Há ainda a iminência de situações judiciais, em razão do trânsito de parentes do prefeito, como o irmão Danilo e o primo Davi, dentro da máquina municipal.

EM RESUMO

  • O caderno oficial do governo que apresenta a segunda parte da reforma administrativa cita, entre a equipe que preparou o trabalho, o nome de Maria das Graças Carvalho Caiado e esclarece entre parênteses: Gracinha.

 

  • Toninho, irmão do ex-governador Marconi Perillo, sobreviveu à queda de um monomotor em Mato Grosso. Boa notícia. Falta agora explicar de quem era o avião, com quem ele estava e o que fazia naquelas lonjuras.

 

  • Era inevitável: são tantos parentes do governador Ronaldo Caiado ocupando cargos que o Ministério Público abriu um inquérito para apurar eventuais ilegalidades. Há caso até de marido e mulher nomeados.

 

  • A aprovação do orçamento impositivo, que será progressivo até alcançar 1,2% em 2022, é uma vitória expressiva para os deputados da oposição. As emendas serão fundamentais para viabilizar a reeleição de muitos deles.

 

  • Apesar do hábito de dar conselhos, principalmente sobre administração, o prefeito Iris Rezende evita enveredar por esse caminho quando conversa com o governador Ronaldo Caiado. Ficou sabendo que ele não gosta.

 

  • Leitura dinâmica: o projeto da 2ª parte da reforma administrativa tem mais de 200 páginas. Mesmo assim o deputado Vinicius Cirqueira gastou menos de uma hora para dar parecer favorável à sua aprovação na CCJ.

 

  • Não é o caso de deixar o Palácio das Esmeraldas em desespero, mas as pesquisas publicadas sobre a aprovação do governador Ronaldo Caiado são taxativas: o capital político conquistado na eleição está se esvaindo.

 

  • Bem que ninguém acreditou quando Iris Rezende disse que não seria candidato em 2020, ano que terminará com 87 anos. Está aí o prefeito em plena campanha. Os demais pretendentes, no MDB, desapareceram.

 

  • A 1ª parte da reforma administrativa do governador Ronaldo Caiado foi aprovada sem crise pela Assembleia Legislativa. A 2ª parte, enviada na semana passada aos deputados, deve ter uma tramitação mais difícil.