CRITÉRIOS QUE DEFINEM UM NOME PARA VICE NÃO ESTÃO MAIS PRESENTES EM LINCOLN TEJOTA
Três condições costumam justificar a escolha de um vice para todo e qualquer candidato a governador de Goiás, falando sério: 1) a significância do nome, característica que costuma ser momentânea, como foi o caso da indicação do então deputado estadual Lincoln Tejota para a chapa de Ronaldo Caiado, representando uma cisão, ainda que não muito forte, na base comandada na época pelo PSDB, 2) o critério geopolítico, que parte da integração com uma região de forte densidade eleitoral, a exemplo do presidente da Assembleia Lissauer Vieira, hoje cotado para compor a chapa de Caiado exatamente em função da sua identificação com o Sudoeste Goiano; e 3) a filiação a um partido de peso, o que justificaria a figuração do presidente estadual do MDB Daniel Vilela ao lado do atual governador em 2022. Em algumas situações, porém pouco comuns no caso da disputa pelo governo, costuma-se buscar também equilíbrio religioso, quando o cabeça de chapa é católico, por exemplo, e opta pela companhia de um evangélico como vice, fechando assim o campo cristão com a dobradinha. Vale observar que, se quiser continuar onde está, Lincoln Tejota vai ter que se virar, já que não atende a nenhuma dessas variáveis, inclusive a que justificou a sua consagração em 2018, que foi a estratégia mostrar que a candidatura do tucano José Eliton não era capaz de convencer até mesmo as suas próprias bases.
MARCONI VIVE DOS FEITOS DO PASSADO E RELEMBRA ATÉ O PLANO REAL DE FHC
O saudosismo nunca é uma boa estratégia eleitoral. Iris Rezende perdeu três vezes para o governo do Estado e uma para o Senado insistindo em campanhas que mostravam as suas realizações do passado e de certa forma cobrando o voto de gratidão do eleitor. O mesmo se deu com Marconi Perillo, ao apostar equivocadamente, em 2018, na estratégia de apresentação de um relatório de obras e programas implantados nas suas gestões. É fácil entender: eleições acontecem para que o eleitorado o que defina o que deseja para o futuro. Iris só voltou a ganhar quando, disputando várias vezes a prefeitura de Goiânia, apresentou propostas para a capital e tirou os olhos do retrovisor. Marconi continua insistindo em rememorar feitos de antigamente, a respeito dos quais a população não se interessa e entende que foram obrigação de governante e não favor. Mais uma do tucano: na semana passada, postou comentários nas redes sociais exaltando o Plano Real do presidente Fernando Henrique Cardoso, que já beira os 30 anos e a maioria dos brasileiros não tem a menor noção do que significou.
ROGÉRIO CRUZ REPETE MARCELO CRIVELA AO RECEBER BLINDAGEM DA TV RECORD
O barulho em torno da demissão da apresentadora Mariana Martins da TV Record expôs a crise que se abateu sobre a emissora diante da queda da audiência dos seus antes populares programas noticiosos. É que secou a principal fonte para alimentar o interesse do público espectador, que estava na veiculação de críticas e reclamações aos serviços prestados pela prefeitura de Goiânia – blindada a partir da posse de Rogério Cruz, que é pastor licenciado da Igreja Universal, também dona da Record. A proteção ao prefeito lembra o caso do prefeito carioca Marcelo Crivella, igualmente pastor da IURD e igualmente isentado de questionamentos pela até então segunda rede de maior público no Rio. Lá, também, a audiência despencou, como ocorre aqui. E Crivella terminou mal.
CAIADO É APROVADO PORQUE FAZ GOVERNO VOLTADO PARA O PERTENCIMENTO AOS GOIANOS
Os partidos tecnicamente na oposição hoje em Goiás ou ainda não alinhados com a base do governador Ronaldo Caiado enfrentam uma pedreira para construir um nome minimamente viável para disputar as eleições para o Palácio das Esmeraldas no ano que vem. Há um reconhecimento geral, na classe política estadual, de que Caiado caminha para chegar ao pleito de 2022 disparadamente como favorito. O governador, além de realizar um governo voltado ao pertencimento dos goianos, conseguiu a duras penas resgatar a credibilidade do Estado junto a fornecedores, funcionários públicos e a população de um modo geral, em especial na liderança das ações contra a Covid-19. Somando-se a isso, para desestimular a oposição, não há nenhum sinal de que a imagem de Caiado como político ético e intransigentemente contrário a qualquer tipo de corrupção tenha sido abalada ainda que minimamente, ao contrário, parecendo ter se reforçado com as seguidas demonstrações de rigor com a coisa pública ao longo dos últimos dois anos e cinco meses de gestão. A gordura acumulada ao longo de anos de carreira parlamentar permanece intacta.
TERMO DE POSSE DE MAGUITO, “ASSINADO” DIGITALMENTE, VAI DAR O QUE FALAR
Um dos pontos que deve pesar a favor da anulação da posse de Maguito Vilela à distância, no cargo de prefeito de Goiânia, nas ações que caminham para um breve desfecho, é que, no ordenamento jurídico brasileiro, não existe “assinatura digital”. Certificação digital, sim, só que não foi o caso de Maguito. O termo de posse “assinado” digitalmente, seja lá o que isso for – simplesmente desapareceu nos escaninhos da Câmara Municipal. No dia da posse, nenhum funcionário de carreira quis autenticar o papel supostamente rubricado por ele, Maguito, no hospital e entregue por Andrey Azeredo, até hoje só mostrado em público através de uma cópia ilegível. A solução foi readmitir um ex-funcionário comissionado afastado algum tempo antes, que reconquistou o cargo como prêmio pela coragem de sancionar uma farsa escandalosa, sem a menor sustentação legal, que acabou servindo para entregar a prefeitura de Goiânia ao vice Rogério Cruz.
RRF OU PEF SÃO FAVAS CONTADAS E DEVEM TRAZER A REDENÇÃO FISCAL PARA CAIADO
Toda a documentação necessária e todas os requisitos para a adesão de Goiás ou ao Regime de Recuperação Fiscal - RRF ou ao Plano de Equilíbrio Fiscal - PEF estão resolvidos ou ao melhor que os dois programas oferecem já estão concluídos e aprontados, faltando apenas a lei de atualização que tramita neste momento na Assembleia. O próprio Supremo Tribunal Federal vai monitorar a Secretaria do Tesouro Nacional para que promova a admissão de Goiás e conceda os benefícios estipulados na legislação. O governador Ronaldo Caiado estará dando um salto inimaginável para o Estado que ele recebeu quebrado dos seus antecessores. Será um ganho extra, porque, na prática, o ajuste fiscal já foi feito. Caiado teve acesso aos depósitos judiciais, no valor de R$ 1,8 bilhão, espécie de empréstimo a juros baratíssimos; ganhou do STF a suspensão das prestações do endividamento estadual, correspondendo a uma retenção no caixa entre R$ 5 a 6 bilhões desde que a primeira quitação foi postergada; alavancou a receita, que deu e continua dando sucessivos saltos de crescimento, tanto as transferências federais quanto a arrecadação de ICMS (e neste ano as entradas do ITCD, em resumo, o imposto sobre heranças, que infelizmente disparou por causa das mortes provocadas pela Covid-19); e se prepara para receber mais de R$ 1,5 bilhão por conta da privatização da Celg GT. Um volume de dinheiro extra, como esse, já representa por si só um “ajuste fiscal”, somando-se, na ponta das despesas, aos cortes drásticos que foram feitos.
EM RESUMO