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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 30 De Março De 2023

30/03/2023 às 08h48


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Caiado não será candidato a senador, mas Gracinha pode ser

A primeira-dama Gracinha Caiado: herdeira do patrimônio eleitoral da família

 

Meio que passou despercebido um pequeno trecho do discurso do governador Ronaldo Caiado na abertura da 20ª Tecnoshow, em Rio Verde, na última segunda, 27. “Não disputarei mais mandatos em Goiás”, reafirmou, acrescentando: “Vou terminar o segundo governo de cabeça erguida e respeitado”. Isso foi para o rodapé do noticiário.

Na verdade, a fala replica o já dito em um encontro com deputados da base, no início do ano. Não, Caiado não será candidato em 2026, exceto a presidente da República, uma eleição nacional, se surgir a oportunidade. A senador, um pleito estadual, descartado está. Parece uma decisão firme e, considerada a importância que o governador dá às suas próprias palavras, irreversível. Se assegura que não é, não há hipótese de mais à frente mudar de ideia e vir a ser. Não no caso dele.

 Mas, vejam bem, leitoras e leitores: há uma hipótese subjacente a esse cenário desenhado para daqui a quatro anos. A primeira-dama Gracinha Caiado, líder dos bem-sucedidos programas sociais a caminho de se transformar na prioridade absoluta do segundo mandato, pode concorrer ao Senado e assim defender o patrimônio político e eleitoral anexado ao sobrenome ilustre da família. É um capital valiosíssimo, cada vez mais em alta, conforme evolui a gestão – com as arcas abarrotadas, a máquina administrativa racionalizada e plena de possibilidades de realizações.

Hoje, para o governo do Estado, o céu é o limite. Queira ou não, isso tem repercussão eleitoral. Venhamos e convenhamos: estamos falando de um político hiper experiente que, primeiro, é movido por convicções morais sem paralelo no meio e, segundo, não dá passos sem se sentir no domínio da situação. Ou seja: Caiado nunca age sem conexão com a sua biografia e com o seu jeito de fazer as coisas. Daí sairá, ou não, a postulação de Gracinha – o que leva à conclusão de que é uma questão para resolver lá na frente, jamais agora.

Para lançar a primeira-dama no pleito de 2026, o governador precisará se desincompatibilizar nove meses antes, como se sua fosse a candidatura. A rigor, não será ele. Na prática, será. É cedo, portanto, para raciocinar sobre essas circunstâncias. Ninguém precisa queimar as pestanas com essa perspectiva, a exemplo do presidente estadual do PP Alexandre Baldy, que insiste desde já em anunciar a sua candidatura ao senado em 2026.

O que difere Bruno Peixoto dos seus antecessores

 

Bruno Peixoto, presidente da Assembleia: um Legislativo diferente dos anteriores, parceiro e aliado do governador

 

Historicamente, os presidentes da Assembleia se sucedem em Goiás com uma característica comum muito forte: alinham-se ao governante de plantão no Palácio das Esmeraldas, garantindo a aprovação dos seus projetos e interesses diante da necessidade de aval do Poder Legislativo, enquanto, por outro lado, desfiam um discurso de autonomia e independência – apenas retórica, sem efeito real.

Vários presidentes gostavam de se chamar de fiadores da governabilidade, uma palavra bonita e complicada que, no fundo e nada mais, significa submissão parlamentar ao Executivo. Mas não é uma concepção negativa, ao contrário. Trata-se apenas do exercício impositivo da maioria, regra de ouro dos regimes democráticos e do Estado de Direito em qualquer parte do mundo e igualmente em Goiás.

Lissauer Vieira, o presidente anterior a Bruno Peixoto, passou quatro anos no comando da Assembleia assegurando ao governador Ronaldo Caiado a ratificação plena das matérias de iniciativa do Palácio das Esmeraldas. Todas, sem exceção, até mesmo a polêmica taxação do agronegócio, setor da economia ao qual Lissauer se revela abertamente vinculado (e a propósito votou contra, sem, no entanto, usar a sua autoridade institucional para criar qualquer obstáculo). Ele foi um exemplo dessa postura ambígua ao combinar a certeza de apoio legislativo com uma eloquente defesa da soberania dos deputados.

 Em que ponto Bruno Peixoto se diferencia desse comportamento? Resposta: ao agir com transparência, fundamentado objetivamente em duas palavras: parceria e aliança. Ele, desde a colocação da sua candidatura, nunca trilhou outro caminho. A Assembleia é parceira e aliada de Caiado, entende e diz. Como, se há uma bancada oposicionista? Ora, de acordo com o explicado nos parágrafos anteriores: pela regra cidadã expressa na superioridade numérica da maioria. Formalmente, trata-se de um Poder independente, sim. Politicamente, não, no final das contas, já que, dominado pela base governista, acompanha sem ressalvas as decisões do chefe do Executivo. Isso aqui e pelo planeta afora, com exceção de onde um governante não consegue formar maioria.

Simples assim. E é um passo adiante, o do atual presidente da Assembleia, ao tirar a máscara vestida pelos seus predecessores. Jogar às claras valoriza o processo político. Bruno é Caiado e está no exercício do cargo a serviço desse relacionamento, sem disfarces. Não há fórmula de governabilidade mais poderosa e funcional do que essa.

Gol de placa na Tecnoshow encerra a “crise” com o agro

Nos últimos 20 anos, o governador Ronaldo Caiado nunca deixou de comparecer à Tecnoshow, em Rio Verde, uma das três maiores feiras de difusão de tecnologia rural do país. Nesta semana, mais uma vez, esteve na abertura da edição correspondente a 2023 – e a sua presença resultou em um sucesso de estratégia política e de comunicação.

Antes, houve rastros de onça propagandeando a movimentação de fazendeiros para vaiar e hostilizar Caiado. Ele não se intimidou. Foi, viu e venceu. O Popular até se permitiu um exagero: o agronegócio, mesmo inconformado com a criação de um novo imposto estadual para o setor no início do ano, ensarilhou as armas e aproveitou a feira para dar um “voto de confiança” ao governador.

Nada é mais certo neste mundo do que pagar impostos e morrer, diz-se há séculos nos Estados Unidos. Em Goiás, a turma do agro parece ter enfim aceito essa verdade inelutável. Caiado nadou de braçada na Tecnoshow. Fez um discurso, como sempre, evocando a sua história em defesa do homem do campo, não só no Estado, como em todo o país. Entrou no explosivo tema da invasão de terras, de volta ao noticiário com o governo Lula. Repetiu os argumentos que levaram à instituição da contribuição fiscal sobre parte do agronegócio (alimentos básicos, por exemplo, estão isentos), dentre eles a geração de recursos para a manutenção da infraestrutura viária necessária para o escoamento da produção.

Nada de linguagem de fuga. Claramente, de enfrentamento. Esse é o estilo do governador. Metaforicamente, ele topou a briga e dobrou os adversários. Para melhorar, outros políticos e líderes classistas também tiveram acesso ao microfone no palanque da Tecnoshow e se alinharam nos elogios rasgados à atual gestão, em clima de apoteose para Caiado. Uma vitória e tanto, reconduzindo aos trilhos o segmento da economia considerado o mais importante de Goiás. A crise com o agro, se existiu, se foi além das poucas páginas que O Popular dedicou ao assunto, simplesmente está superada.

Baldy assume a Agehab para construir até 40 mil casas

O ex-ministro e atual presidente estadual do PP Alexandre Baldy assume a presidência da Agência Goiana de Habitação na próxima segunda, 3 de abril, com a meta acertada com o governador Ronaldo Caiado de construir 40 mil casas, até 2026.

É um objetivo ambicioso. Factível, porém, caso sejam mobilizados os recursos necessários – uma verdadeira fortuna. Para isso, Baldy pretende recorrer aos cofres estaduais, hoje, como se sabe, abarrotados, aos programas habitacionais do governo federal (Lula está relançado o Minha Casa, Minha Vida) e às emendas orçamentárias da bancada federal.

Portanto, possível é. Mas não com facilidades. O investimento requisitado pode chegar a R$ 5 bilhões. Cada unidade, hoje, tem um custo avaliado em R$ 130 mil. Baldy conta com um trunfo: é habilidoso e tem trânsito livre nos escalões políticos de Brasília. E tanto é que, ao ser perguntado sobre as 40 mil casas, responde dizendo que serão 30 mil, com possibilidade de chegar a 40 mil. Ainda assim, uma façanha, caso consiga.

Desde já, o ex-ministro se anuncia como candidato ao senado em 2026. Suas chances, em princípio, serão maiores, porque será beneficiado pelo recall de 2022, quando logrou 400 mil votos e ficou em 4º lugar, mas massificou o nome. Se construir 30 ou 40 mil casas, suas aspirações serão potencializadas. Isso nunca foi feito antes em Goiás. A aposta é espetacular. Jogo alto. Se der certo, o Senado – serão duas vagas – estará a alcance das mãos.