AUSÊNCIA DE NOMES E MEDIDAS ABRIU UM VACUO
Não há nenhuma razão estratégia que justifique o atraso nas definições de Ronaldo Caiado sobre o seu governo, a não ser o seu estilo e vontades pessoais. Um dos motivos por trás desse atraso, não há dúvidas, é a sua dificuldade natural para arregimentar quadros para compor o secretariado, já que, nos últimos anos, foi um político de ativa vida parlamentar, mas de pouca conexão real com a sociedade e mesmo com os partidos – o seu, o DEM, reduziu-se a pequeno tamanho em Goiás. Outro, o pouco aprofundamento sobre administração pública. Mas o retardamento da nomeação da equipe e do anúncio das primeiras medidas ou linhas de ação da nova gestão abriu um vácuo que não deixa de ter uma carga negativa para Caiado, embora sem chegar a ser enormemente prejudicial a ele. Vamos ver o que acontece em dezembro.
ORÇAMENTO IMPOSITIVO É ASSUNTO RESOLVIDO
O orçamento impositivo, que prevê o pagamento obrigatório das emendas orçamentárias dos deputados estaduais, é assunto resolvido do ponto de vista do governador eleito Ronaldo Caiado. Ele aceitou a tese de parlamentares como Talles Barreto, do PSDB, no sentido de restringir as emendas a recursos vinculados constitucionalmente, como os da área da Saúde e da Educação e também a uma pré-discussão com os setores próprios do governo para priorizar áreas carentes de investimentos. Pronto. Sendo assim, o orçamento impositivo não afetará em nada os gastos governamentais nem as prioridades de Caiado para a sua gestão e poderá ser implantado sem maiores problemas.
DEPUTADOS NOVATOS NUNCA TÊM UM LUGAR AO SOL
Morreu no berço o movimento ensaiado pelos 21 deputados estaduais novatos que estrearão na Assembleia a partir de 1º de fevereiro próximo, que pretendiam se organizar para exigir espaço e vantagens na Mesa Diretora. Esqueceram de avisar a turma que essa é uma tentativa de articulação recorrente em início de Legislaturas, mas que nunca vai para frente em razão da pouca ou nenhuma importância que os parlamentares veteranos dão aos chamados colegas barrigas-verdes, ou seja, em primeiro mandato. Em Goiás, a tradição mostra que somente em raríssimas ocasiões, recém chegados conseguem um lugar ao sol no comando da Assembleia.
GOVERNO FINDANTE AJEITA SUAS VIÚVAS
O governador Zé Eliton, em parceria telefônica com o ex Marconi Perillo, vasculha as oportunidades escondidas nos escaninhos da administração para que apaniguados sobrevivam às agruras que vêm aí com o início do mandato de Ronaldo Caiado. Assim, Raquel Teixeira foi nomeada para o Conselho Estadual de Educação, com a meta de se tornar presidente do colegiado já no início do ano. Charles Antonio, ex-chefe de gabinete de Zé Eliton, foi agasalhado em um mandato na Agência Goiana de Regulação. Há outros casos, todos constrangedores: forçar a intromissão de adversários políticos no governo Caiado sugere ideia de tentativa de sabotagem.
JÂNIO DARROT VAI SEGUIR RUMO PRÓPRIO
O prefeito de Trindade Jânio Darrot tende a considerar que a sua cota de sacrifício a favor do grupo antigamente liderado pelo ex-governador Marconi Perillo já está cumprida e tem como prioridade se dedicar aos dois anos finais do seu mandato, para, em seguida, preparar sua candidatura a deputado federal – não sabe ainda por qual partido. Jânio, grande empresário do ramo das confecções e confinador de bois, tem estrutura para bancar qualquer projeto político, mas, a partir de agora, resolveu que se dedicará ao seu próprio projeto, não ao de amigos pessoais ou aliados políticos.
ZÉ ELITON DIMINUI O RITMO E SUBMERGE
Comenta-se muito sobre o sumiço pós-eleição do governador findante Zé Eliton. Logo após as urnas, ele ainda manteve a cabeça de fora ao tentar articular os deputados eleitos da base governista em extinção para organizar a oposição ao governador Ronaldo Caiado, mas a ideia foi mal recebida e considerada precipitada – já que a nova gestão ainda está a semanas de se iniciar. Diante da reação negativa, afastou-se do palco, inclusive reduzindo sua rotina administrativa – que ele tanto prezava, a ponto de sacrificar a campanha para se dedicar a ela – a quase nada além de poucos e raros despachos internos. A discrição atual e a pouca movimentação, mesmo quanto aos assuntos internos do governo, é absolutamente incomum no Zé.
INCENTIVOS FISCAIS, A MAIOR CRISE DO NOVO GOVERNO
A determinação de cortar fundo na política de incentivos fiscais vai gerar uma crise sem precedentes entre um governador, no caso Ronaldo Caiado, e as chamadas classes produtoras do Estado – acostumadas desde o primeiro governo de Iris Rezende, em 1983, a pagar muito menos impostos que o mínimo devido. É uma distorção, em nome de um suposto desenvolvimentismo, que acabou minando a arrecadação de ICMS, hoje calculada em menos de um terço do que poderia ser, caso não houvesse nenhum benefício. E ninguém está disposto a abrir mão de um centavo sequer para que Caiado viabilize financeiramente o governo, hoje sem nenhuma condição de prestar mesmo os serviços básicos de saúde, segurança e educação.
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