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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 28 De Março De 2023

28/03/2023 às 13h19


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Caiado e o agro seguem discutindo a relação

 

É melhor se conformar: a contribuição fiscal sobre produtos agropecuários veio para ficar

 

Além da Tecnoshow, em Rio Verde, os grandes fazendeiros do Estado seguem se mexendo contra a contribuição fiscal da agropecuária. E até conseguiram um encontro reservado com Caiado, na casa do senador Wilder Morais. Na prática, para discutir a relação entre o governador e a sua antiga base de apoio, hoje trincada. Ou rompida. O divórcio parece irreversível, servindo para essa conclusão, inclusive, o acontecido durante a reunião chamada por Wilder com o intuito de dar vazão às queixas do agro.

Presente, uma dúzia de produtores, previamente hostis, com sangue nos olhos e faca nos dentes. A ladainha foi a mesma de sempre, aquela estória furada de custos elevados e preços baixos ameaçando o setor de quebradeira. Caiado ouviu com o semblante calmo. Não reagiu às provocações. Na sua hora de falar, mostrou-se amigável, com a voz modulada. Lembrou não existir em Goiás e no Brasil quem tenha se sacrificado além dele pela defesa da agropecuária. Reafirmou esse compromisso quando garantiu a destinação exclusiva da arrecadação oriunda da nova taxa para a conservação das estradas e pontes maciçamente usadas no escoamento da safra e no transporte de bois.

Como se antepor a isso? Os agrolíderes convidados por Wilder não deram conta. O governador explicou ser responsável por 7,2 milhões de goianas e goianos, que aguardam políticas públicas eficientes para resolver as suas demandas em áreas cruciais como Educação, Saúde e Segurança. E que saiu da reeleição com a missão de reforçar o cuidado devido aos pobres, com programas sociais emancipativos. Esse eleitorado é que fechou com ele. Se dependesse apenas do agro, seria Major Vitor Hugo o atual inquilino do Palácio das Esmeraldas. Para tudo isso, a contribuição fiscal veio para ficar e… ponto final.

Caiado deu um baile e não foi contra-argumentado. Seus interlocutores, exaltados em alguns instantes, acabaram mais uma vez dominados. Quem chegou armado para um confronto, saiu com o rabo entre as pernas. Não houve nenhum bate boca, para surpresa geral. A impressão que saltou é a de que falta tutano para as cabeças que imaginam representar o agro. É um pessoal fraco em termos de ideias, em um meio sem inteligência ou preparo intelectual. Não à toa, terreno propício para o bolsonarismo.

Como avaliar a malha viária por um único buraco?

De vez em quando, circulam vídeos mostrando trechos esburacados de rodovias e carros e caminhões trafegando com dificuldade. Costuma ser o suficiente para decretar uma eventual má conservação da malha viária e que o governo, portanto, falhou. Isso tornou-se comum em Goiás desde a massificação dos celulares com câmeras de qualidade. Mas não passa de uma avaliação demagógica, tremendamente superficial e, sobretudo, injusta. Politiqueira, enfim, tanto que segue presente nas redes sociais dos poucos opositores que sobraram contra o governador Ronaldo Caiado.

A partir de uma pequena parte, não se pode qualificar o todo. O falecido diretor de Jornalismo da Organização Jaime Câmara, Luiz Fernando Rocha Lima, o Nando, orientou durante anos o noticiário dos veículos da empresa com base em um mantra parecido: se um único doente deixava de ser atendido em um hospital público, toda a rede estadual de Saúde estaria em crise. Um, somente. Essa teoria bizarra atazanou a vida do então governador Marconi Perillo, nos mandatos iniciados em 2011.

Nando falhou com a objetividade jornalística, muito embora sob um viés de radicalismo humanista, o de pressionar midiaticamente por soluções a favor de quem depende do SUS. Boa intenção, sem dúvidas. Em um mundo ideal, não deveria haver nem pacientes não socorridos nem crateras nas estradas. No entanto, sempre haverá. E em circunstâncias inúmeras e variadas que nenhum governo será capaz um dia de antecipar e resolver.

Em um e outro casos, o que a racionalidade e a inteligência impõem é a existência de estratégias administrativas em andamento para melhorar tanto os hospitais quanto as rodovias, em caráter permanente e não como programas apenas provisórios ou emergenciais. É isso que deve ser cobrado e é disso que o saudoso Nando se esqueceu, na sua época.

Marconi segue sem humildade e sem mea culpa

Foto trabalhada pelo próprio Marconi para identificar seu perfil no Instagram: autoimagem de glória

A visão sobre si próprio do ex-governador Marconi Perillo, acreditando-se perseguido pelo Ministério Público e pelo governador Ronaldo Caiado, daí ter experimentado injustamente, segundo imagina, os revezes de 2018 e de 2022, é mais um erro grave na trajetória de equívocos do tucano desde quando apeado do poder pelo voto popular.

Marconi caiu porque o seu significado se esvaziou. Ele foi deposto pelo… povo. Deixou de ser o destemido moço da camisa azul e se transformou em mais do mesmo da velha política. Não se renovou. Meteu na cabeça ser dono de um legado, traduzido nos feitos dos quatro mandatos no Palácio das Esmeraldas. Se isso existiu um dia, não existe mais. As realizações dos 16 anos de governo foram superadas pelo que Ronaldo Caiado fez em quatro. Assim é a vida: os governos se sucedem e avançam, como a própria história avança.

Um exemplo: os programas sociais. Para o ex-governador, essa seria a praia das suas gestões. Só que hoje as propostas de Caiado para a área de solidariedade são suficientes para apagar completamente a lembrança da Renda Cidadã, cheques isso e aquilo, Bolsa Universitária e seja mais o que for. Predominam agora o Mães de Goiás, o Aluguel Social, o Universitários do Bem, o NutriBem e mais duas dezenas de mecanismos de apoio para as famílias de baixa renda. A roda girou.

Deixemos de lado, portanto, esse tal de “legado”. Esse trololó não vai ressuscitar Marconi, por ora tão morto quanto Iris Rezende e Maguito Vilela. Achando-se ainda dono da bola, não irá a lugar nenhum. Iris e Maguito, derrotados em eleições majoritárias estaduais, voltaram assumidamente submissos à vontade popular, propondo-se modestamente a usar o que tinham de experiência para administrar Goiânia e Aparecida. Deu certo.

Marconi se enxerga acima de tudo isso. Seu círculo íntimo o estimula a seguir sonhando que é o mesmo semideus dos anos de fastígio. Disseram a ele, no ano passado, que teria 500 mil votos caso candidato a deputado federal e que, por isso, seria preferível concorrer ao Senado. Deu no que deu.

Continua faltando um mea culpa e uma demonstração de humildade. O que Iris e Maguito sinalizaram ao abandonar a política estadual e descer para a municipal. Uma fonte deste blog definiu o que aconteceu com o ex-governador: a inteligência foi abduzida da sua cabeça e do seu círculo íntimo. Marconi acaba de dizer que jamais será candidato a prefeito. Ou seja: julga-se muito acima dessas pequenezas. Prefere ficar flutuando até 2026 como uma alma penada.

A nova taxa do agro: R$ 1 bilhão até meados do ano

A taxação sobre produtos agropecuários, instituída pelo governador Ronaldo Caiado no início do ano, é um sucesso: até o fim de março, R$ 350 milhões já terão sido acrescentados às arcas do tesouro estadual por conta do imposto. Mais dois meses, com o avanço da colheita de soja, e o ingresso ultrapassará R$ 800 milhões – e com potencial para alcançar R$ 1 bilhão ainda neste semestre, a depender da recuperação dos preços da commodity, atualmente em baixa.

Todo esse dinheiro está carimbado para a manutenção das rodovias, em especial nas zonas onde as cargas de grãos são a essência da economia, como o Sudoeste, por exemplo. Ainda assim, a turma do agro não se conforma. Sente-se espoliada. Continua esperneando, recorrendo aos tribunais, porém colecionando derrotas. Há dias, acionou o STF. Não entendeu que a época das benesses tributárias passou e que ninguém pode deixar de contribuir.

Nos dois Mato Grosso, o novo imposto existe faz muito tempo. Sobreviveu a contestações judiciárias, inclusive no Supremo. Tal como em Goiás, lá também os recursos são direcionados para a infraestrutura. É uma realidade, em um Estado que está à frente de Goiás como símbolo da força e do potencial dos negócios rurais, predominantes na motorização das suas economias.

A falta de juízo dessa gente a levou a tentar organizar protestos durante a visita do governador à exposição Tecnoshow, em Rio Verde. Não prosperou. Caiado foi, discurso na inauguração, repisou suas justificativas para a nova taxação e mais uma vez calou os chamados insatisfeitos do agro.