MENDANHA NÃO TEM ASSESSORIA QUALIFICADA E NÃO SABE SE COMUNICAR ESTRATEGICAMENTE
Apesar de inequivocamente apaixonado pelo marketing, em especial vias redes sociais, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha tem um esquema de comunicação amadorístico – inclusive gastando mal as elevadas verbas de publicidade de que dispõe, ou seja, R$ 20 milhões anuais, através de duas agências de comunicação, uma delas curiosamente a AMP Propaganda, que também é uma das três contratadas pelo governo do Estado. Mendanha não tem a menor visão estratégica quanto ao posicionamento do seu nome no contexto geral e hoje é alvo de um turbilhão de críticas, sem a menor reação. Ele parece acreditar que não deve dar respostas a acusações e denúncias e por isso mesmo, por exemplo, está passando calado pelo intenso noticiário sobre a pesquisa do Instituto Rui Barbosa que apontou Aparecida como o município goiano que menos atende com vagas em creches a sua população de crianças de zero a três anos. Um candidato a governador com uma mancha dessas no currículo já dá os primeiros passos com as pernas bambas, abrindo um flanco que vai custar caro para a sua imagem e o seu projeto eleitoral. Mendanha, como prefeito, é provinciano, vazio e movido por uma visão rasteira do mundo, não dispondo mais de interlocutores qualificados depois que rompeu com o presidente estadual do MDB Daniel Vilela: os secretários que o rodeiam são mais bajuladores que experts em política ou comunicação ou estratégia eleitoral. Ele mesmo, da proveta de onde veio, eleito vereador pelo pai Léo Mendanha e prefeito pelo “padrinho Maguito Vilela, é fortemente influenciado quanto a decisões em geral pela mulher, Mayara, de personalidade forte e opiniões sobre tudo – o que, em política, geralmente é o atalho para o abismo.
FOTO DE MAGUITO EM UM CERTO GABINETE CONTINUA CAUSANDO INCÔMODO
Continua pendurada, em uma das paredes do gabinete do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, a foto estilizada em cores vibrantes de Maguito Vilela, que, aliás, aparece ao lado de Mendanha, ambos sorridentes. Se já teve justificativas no passado, a imagem hoje perdeu completamente o sentido, assim como aconteceu em Goiânia, onde o prefeito Rogério Cruz foi instado pela viúva a retirar uma foto em tamanho gigante de Maguito que ornamentava a sala principal de despachos do Paço Municipal.
NÚMERO DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM APARECIDA SÃO OS PIORES DO ESTADO
Os números levantados pelo Instituto Rui Barbosa, órgão de pesquisas mantido pelos Tribunais de Contas de todo o país, sobre a Educação Infantil em Aparecida, na gestão do prefeito Gustavo Mendanha, podem ser definidos como deprimentes. Segundo o instituto, que atua como braço auxiliar dos Tribunais de Contas para a fiscalização da aplicação das políticas públicas nos Estados e municípios e possui credibilidade indiscutível, Aparecida tem hoje 32.150 crianças na faixa de zero a 3 anos idade, período em que obrigatoriamente deveriam iniciar a sua Educação Básica, a ser oferecida, segundo a Constituição Federal, pelos municípios. Mas isso não acontece no segundo centro urbano mais populoso de Goiás: dessas 32.150 crianças, apenas 3.007 estão matriculadas em um CMEIs ou algum outro tipo de creche mantida em convênio com a prefeitura. Ou se, menos de 10%. O índice, apurado quando Mendanha completa 4 anos e 10 meses de gestão, é o pior dentre todos os 246 municípios goianos. É com esse fardo simplesmente terrível – na medida em que mostra a situação delicada das crianças aparecidenses – nas costas que Mendanha quer se credenciar para governar Goiás, como pré-candidato já em campanha para as eleições de 2022?
MARCONI ESTIMULA NOTÍCIAS SOBRE CANDIDATURA A GOVERNADOR, MAS...
Apesar de estimular o noticiário sobre a sua possível candidatura a governador em 2022, obviamente com a intenção de ganhar alguma visibilidade, é o óbvio que o ex-governador Marconi Perillo não é doente da cabeça e não vai se suicidar politicamente engajando-se numa disputa para a qual não tem a menor condição. Se quiser voltar um dia, tornando-se isso possível de alguma forma, Marconi terá que disputar uma vaga na Câmara Federal, eleição para a qual pode contar com alguma viabilidade, embora corra riscos com relação aos processos judiciais que responde e que podem arrasta-lo para o alcance da Lei da Ficha Limpa. No pleito de 2018, Marconi ficou em 6º lugar para senador, atrás até de Agenor Mariano, do MDB, em Goiânia e em Aparecida, maiores colégios eleitorais do Estado. No geral, em 5º, perdendo até para Wilder Morais. Não há nenhum indicativo de que esse cenário mudou. E um mandato, para o ex-governador, é tão vital para sobreviver como o oxigênio. Se for candidato no ano que vem, será a deputado federal. O resto é silêncio.
VANDERLAN INVESTE NO MANDATO DE “SENADOR DESPACHANTE”
Repetindo, como esta coluna já mostrou inúmeras vezes, a estratégia que levou Lúcia Vânia à derrota na sua tentativa de continuar no Senado, em 2018, Vanderlan Cardoso se empenha em conseguir verbas e benefícios, como patrolas e tratores, para distribuir a prefeitos amigos. Ele tem despejado recursos de emendas orçamentárias em apoio maciço aos municípios, principalmente na região do Oeste Goiano, onde fica sua cidade natal – Iporá. E faz isso como poucos parlamentares já o fizeram. Tudo bem, tudo bem, não é de se desprezar e é serviço prestado, mas não é em favores para prefeitos que se deve focar em um mandato de senador – é preciso muito mais, como a lição das urnas ensinou a Lúcia Vânia e de certa forma ao senador Wilder Morais (outro que passou o tempo em Brasília trabalhando como despachante para prefeitos e instituições filantrópicas e também perdeu a eleição). Já houve cerimônias de entregas de benefícios em que Vanderlan foi chamado de “senador prefeito”. Ele pode gostar, mas isso não cria vínculos políticos nem muito menos uma base sólida.
ELIAS VAZ ENXERGA PREFEITO DE APARECIDA COMO “PROGRESSISTA”. TEM CABIMENTO?
O deputado Elias Vaz, do PSB, a propósito, em uma entrevista à BandNews, afirmou que o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha pode vir a ser apoiado pelo seu partido. Até aí, normal. Mas vejam a barbaridade que veio em seguida: “Mendanha seria uma opção interessante para o campo progressista em Goiás”. Progressista? Ou Elias Vaz não sabe, no que é difícil acreditar, ou está se fazendo de bobo: Mendanha é bolsonarista de raiz, filiação ideológica que ele já assumiu ao dizer que não tinha nenhuma afinidade com o PT e também ao longo da sua carreira como político evangélico do pé rachado, bastando para isso conferir aos suas lives com o extremista Gustavo Gayer – que só o refugou depois que ele começou a fazer jogo duplo, imaginando aproveitar-se de tudo e de todos para a sua hipotética candidatura a governador. Além disso, basta um exame do noticiário para concluir que a gestão de Mendanha a Aparecida não tem a ver com as causas básicas do progressismo hoje em dia, como a preservação do meio ambiente, a transparência, as políticas sociais e a Educação Pública. Nada disso existe no município.
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