ASCENSÃO DO PP AO NÚCLEO DO GOVERNO FEDERAL LEVA BALDY A MOSTRAR AS GARRAS
Com a chegada do presidente nacional do PP Ciro Nogueira à Casa Civil do presidente Jair Bolsonaro, os reflexos em Goiás não tardaram. O ex-ministro e atual secretário de Transportes de São Paulo Alexandre Baldy, que dirige o partido em Goiás, apressou-se a falar grosso, avisando que é candidato a senador e imediatamente colocando a legenda em leilão, isto é, à disposição tanto do governador Ronaldo Caiado, para a reeleição, como para qualquer projeto de oposição em 2022. Quer dizer: sem nenhuma confiabilidade ou postura. É um exemplo de “velha política”, embora por conta de alguém supostamente jovem e que talvez pudesse se colocar como liderança de renovação. Mas, não. Baldy, apesar de riquíssimo, enrolou-se em denúncias de propinas baratas, com repercussão nacional. Na chapa de Caiado, jamais terá lugar, vez que traria junto um comprometimento ético e moral, além de não ter perfil majoritário, densidade política e qualquer significado para encarnar a disputa pelo Senado, a não ser o oportunismo barato, interesseiro e fisiológico. Não acrescentaria nada, não ajudaria e só atrapalharia.
TALLES BARRETO: UM CASO DE VAIVÉM PREJUDICIAL PARA QUALQUER IMAGEM
Um dos sobreviventes do naufrágio do Titanic tucano em 2018 em Goiás, o deputado estadual Talles Barreto retomou o discurso – correto – que havia desfraldado após a derrota do PSDB naquelas eleições, quando dizia que a candidatura de José Eliton havia sido um erro e que o ex-governador Marconi Perillo deveria se afastar para abrir espaço para a reciclagem do partido. Só que, logo, interessado em ser candidato a prefeito de Goiânia no pleito municipal subsequente, abandonou essa bandeira em troca de um equivocado projeto eleitoral absolutamente inviável e desgastante, tanto que acabou com uma ninharia desmoralizante de votos. Agora, Talles voltou a tocar na ferida, a caminho da porta de saída, empurrado pela necessidade de sobreviver: em assintonia com os prefeitos que o apoiam, numerosos, aliás, mas alinhados com o governador Ronaldo Caiado por óbvias razões administrativas, jamais se reelegeria para a Assembleia. Na base governista, para onde está rumando, terá alguma chance. Ressalte-se: o deputado, apesar do vaivém, é um político que tem valor e conteúdo.
RESSURREIÇÃO DO PSDB É IMPOSSÍVEL PORQUE O PARTIDO PERDEU A SUSTENTAÇÃO SOCIAL
O PSDB estadual se mexe para cá e para lá, José Eliton e Marconi Perillo se desdobram para inventar motes para chamar a atenção, mas nada dá certo. A obsessão de fazer oposição cerrada ao governador Ronaldo Caiado, em detrimento da formulação de uma proposta alternativa para o futuro de Goiás, mina a sustentação social dos tucanos e impossibilita a ressurreição do partido – que perdeu, em definitivo, a interlocução com a sociedade.
MENDANHA EXAGERA NO MARKETING, QUE CONSTRÓI IDOLOS DE PÉS DE BARRO
O ex-presidente Lula, para fazer marketing político, nunca medidas éticas ou morais. No velório da sua mulher Marisa Letícia, promoveu um comício, com direito a sistema de som e banners gigantescos com frases de efeito. Aqui em Goiás, quem o emula é o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, que, por exemplo, não hesitou em aproveitar suas internações hospitalares para fazer publicidade rasteira – aliás seguindo o exemplo de outro tipo afeito a propaganda enganosa que usa o mesmo recurso, o presidente Jair Bolsonaro. Por que não segue o exemplo do seu parceiro e dito “irmão” Daniel Vilela, que passou comedido pelo drama da perda do pai Maguito Vilela e em momento algum apelou para o emocionalismo barato, menos ainda nas suas redes sociais, mantendo um comportamento sóbrio e coerente? A celebrada boa gestão que estaria em andamento em Aparecida, onde tudo se resolve com a distribuição de cargos e publicidade, na verdade, não passa de um castelo de papel.
TELEVISÃO E RÁDIO ESTATAIS, EM GOIÁS, SÃO RALOS PARA O DINHEIRO PÚBLICO
Um regime de austeridade fiscal em Goiás, submetendo o governo do Estado a critérios de gestão financeira ainda mais rígidos que os atuais, liquidaria a Agência ABC, que consome uma fortuna em dinheiro do contribuinte a cada ano para manter a Televisão Brasil Central e as duas rádios Brasil Central. São veículos de comunicação anacrônicos, sem qualquer audiência, com centenas de funcionários pagos pelos cofres estaduais para nada, apesar do trabalho de qualidade do presidente atual Reginaldo Júnior, o melhor da curta história da ABC. O caso deveria ser de extinção pura e simples, já que concessões de televisão e rádio são inalienáveis. Havendo desinteresse mantenedor, só cabe ser devolvidas à União. É o que deveria e um dia vai acontecer, diante de um ajuste fiscal radical, resumindo o Estado às suas funções de prestador de serviços públicos realmente de interesse da população e promovendo a economia de milhões de reais gastos para se manter de pé uma tradição apenas.
PREFEITOS QUE RENUNCIAM PARA DISPUTAR O GOVERNO SEMPRE PERDEM
Todos os prefeitos goianos que renunciaram aos seus mandatos para buscar o governo do Estado, até hoje, conheceram o gosto ruim da derrota. Os exemplos mais chamativos são os de Paulo Roberto Cunha (Rio Verde), Iris Rezende (Goiânia), Vanderlan Cardoso (Senador Canedo) e Antônio Gomide (Anápolis), cada um conhecendo a derrota em circunstâncias diferentes. Fora da disputa ao Palácio das Esmeraldas, um registro histórico: Lidevam Lúdio de Lima (PSDB), prefeito de Serranópolis, renunciou ao mandato de prefeito, em 2014, para concorrer à Assembleia Legislativa. Também foi derrotado, mas contribuindo para criar uma espécie de “jurisprudência” eleitoral altamente desfavorável, apesar do gesto que coragem que é abandonar mais de dois de poder para se arriscar em uma aventura que, pelo menos em Goiás, nunca dá certo.
IRREVERSÍVEL: MDB E REPUBLICANOS AJUDANDO NA REELEIÇÃO DE CAIADO
Será muito difícil deter a marcha dos ponteiros da história e impedir, para 2022, que a reeleição do governador Ronaldo Caiado venha a ser fortalecida pela agregação do MDB e do Republicanos, o primeiro o partido mais tradicional de Goiás e o segundo uma força crescente que administra o 2º maior orçamento do Estado, no caso, Goiânia. O movimento de atração entre as duas siglas e o DEM é alimentado pelos interesses comuns quanto ao futuro, apesar de um detalhe que incomoda um pouco: o distanciamento entre as legendas comandadas por Daniel Vilela e Rogério Cruz, teoricamente adversários desde o dramático rompimento que definiu quem manda no Paço Municipal, porém em uma conjuntura específica que parece não ter alcance para prejudicar a união dos dois com Caiado. A chapa que resultará desse arranjo, que ainda pode de alguma forma incluir o PSDB, será 99,9% imbatível.
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