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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 26 De Janeiro De 2023

26/01/2023 às 11h22


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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A inútil tentativa de ressurreição do PSDB em Goiás

O PSDB estadual é um caso de “morte morrida” que merece um estudo especial. Durante 20 anos, tomou conta de forma avassaladora da política em Goiás, mas cavou por conta própria uma sepultura bem funda nas eleições de 2018 e se meteu lá dentro, de onde provavelmente nunca vai sair. Segundo o ex-governador Marconi Perillo, há poucos dias, partidos políticos enfrentam revezes naturais e depois renascem das cinzas. Ele citou o MDB goiano como exemplo, insinuando que o PSDB pode seguir o mesmo caminho.

Mas há uma diferença entre a debacle do PMDB a partir de 1998 e a queda dos tucanos 20 anos após. Tal como Marconi Perillo, Iris Rezende perdeu duas eleições sucessivas e beijou a lona. Sem vaidades e sem perseguir quimeras, o velho cacique assumiu a presidência do partido e começou a viajar pelos municípios para reunir os cacos da legenda. Humildemente, aceitou na sequência disputar a prefeitura de Goiânia, cercado pelos prognósticos generalizados de que uma derrota seria inevitável. Não foi e ele reviveu a sua liderança, embora pagando o preço de nunca mais se viabilizar para o governo do Estado (arriscou duas vezes e perdeu).

Marconi teve a mesma chance em 2022, quando poderia ter disputado uma cadeira na Câmara Federal. Vitória garantida, ganharia novamente um lugar ao sol, só que não resistiu ao canto da sereia e achou que tinha cacife para se eleger ao Senado. Com a derrota, está condenado a fazer em 2026 o que deveria ter feito no ano passado, candidatando-se a deputado federal com quatro anos de atraso.

Metade da economia goiana está por conta de 2 prefeitos bons, um médio e 2 nulidades

Metade do PIB goiano está concentrada em apenas cinco municípios: Goiânia, Anápolis, Aparecida, Rio Verde e Catalão. Isso deveria colocar um fardo nas costas dos seus prefeitos, diante da responsabilidade não só de manter essas posições, como também lograr algum avanço – além da mera expansão vegetativa.

Como esses prefeitos, com apenas dois anos de mandato pela frente, estão se saindo como influenciadores de uma fatia tão importante da economia estadual? Não é preciso ser expert em indicadores estatísticos para estabelecer uma avaliação do desempenho de cada um, indo do bom ao pior. À frente, saem Paulo do Vale (Rio Verde) e Adib Elias (Catalão). Ambos são médicos, mas mostraram capacidade técnica para a gestão dos seus municípios. Os seus números poderiam ser melhores, porém estão nivelados em um patamar aceitável que garante o quarto e o quinto lugar, respectivamente, quanto aos seus PIBs municipais.

No meio, situa-se Roberto Naves, um professor que nunca exercitou o diploma de farmacêutico, preferindo ensinar Química em um cursinho de Anápolis. Ele se esforçou nos primeiros seis anos de mandato para atrair os investimentos que afastariam Anápolis do empate incômodo com Aparecida no segundo lugar do ranking dos PIBs municipais, sem resultados. E começa agora a reta final da sua gestão (segundo mandato) com as mãos abanando: nem uma única indústria de porte respondeu aos seus apelos e resolveu se instalar ou, já plantada lá, promover uma reles ampliação em Anápolis.

Na primeiríssima colocação, Goiânia, é claro. A capital tem um inegável dinamismo e se desenvolve por conta própria. Rogério Cruz, com a sua inação e estado de perpétua crise administrativa, atrapalha. Fora alguns programinhas sociais, não foi capaz de inovar seja através de obras seja através de iniciativas inteligentes para fomentar o mundo dos negócios para as goianienses e os goianienses. É um zero à esquerda que coloca para uma das maiores capitais do país o desafio de sobreviver aos seus anos finais de mandato.

Em último, Vilmar Mariano, de Aparecida, conhecido pelo significativo apelido de Vilmarzim. Mais despreparado, impossível (sem a intenção de desrespeitar a classe, a cabeça é de vereador do interior). Complicando as coisas, herdou do seu antecessor Gustavo Mendanha uma máquina administrativa inchada e sem objetivos, praticamente paralisada. Ao mesmo tempo, sem presença estadual. Previsível assim a desaceleração da economia aparecidense, aliás iniciada assim que se encerrou o segundo mandato de Maguito Vilela. De lá para cá, apesar da propaganda ufanista que consumiu milhões nos seis anos e três meses de Mendanha, o município diminuiu quanto ao seu tamanho e também, a exemplo de Anápolis, não registrou novas empresas de grande calado. Conclui-se daí que, em relação a metade do PIB estadual, vamos muito mal.

Caiado 2: Pedro Salles será o supersecretário do governo e isso tem significado para 2026

Titular da Secretaria da Infraestrutura, a ser criada, e controlador dos principais órgãos executivos estaduais: Pedro Sales está com tudo

Já é público: o governador Ronaldo Caiado vai criar uma Secretaria de Infraestrutura, cujo titular será Pedro Sales – o advogado brasiliense de 39 anos que desfruta da mais absoluta confiança de Caiado, o acompanhou como assessor parlamentar no Congresso Nacional e veio para Goiás para cumprir missões a partir da posse do governador em 2019 e de lá para cá passou por vários órgãos, tendo a presidência da Goinfra (antiga Agetop) como o encargo mais importante.

A amplitude e a força da nova pasta serão monumentais, ao agregar como jurisdicionadas a Saneago, a Codego, a Agehab e a poderosa Goinfra, com autonomia para investir anualmente todo o dinheiro do fundo alimentado pela nova contribuição do agro, no mínimo algo em torno de R$ 1,5 bilhão, a ser totalmente aplicado na manutenção das rodovias goianas. Isso, claro, será apenas parte do milionário orçamento da Secretaria de Infraestrutura, talvez a menor.

Pedro Sales já emplacou na presidência da Goinfra o engenheiro e ex-diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) Lucas Vissoto. Logo, indicará o novo chefe da Agência Goiana de Habitação. A Codego, de menor destaque, deve continuar como está, ou seja, nas mãos de Manoel Castro de Arantes, o Fião, de Goianésia, pai do deputado Renato de Castro.

O filé é a Saneago. Atenção: se o ex-candidato derrotado ao Senado Alexandre Baldy foi nomeado para comandar a estatal, como, aliás, Pedro Sales defende abertamente (e Baldy topa), um sinal de relevância será emitido para 2026, além de todos os demais embutidos na criação e destinação da Infraestrutura. O ex-ministro é dono do PP estadual, que assim teria o papel de garantir um substrato político para o novo secretário e líder supremo do setor de obras da gestão estadual.

Em governos, qualquer um, ninguém é empoderado à toa. A sucessão de Caiado caminha para ganhar um novo aspirante.

Terno de líder do governo na Assembleia tem as medidas exatas de Talles Barreto

No quarto mandato, com uma trajetória impecável na política desde os 18 anos de idade, o deputado Talles Barreto está redondo, redondo para ser escolhido pelo governador Ronaldo Caiado para a liderança do governo – mesmo porque tem o apoio do futuro presidente da Assembleia Bruno Peixoto e da maioria esmagadora dos colegas para exercer a função. Isso significa dispor da capacidade de articulação necessária para encaminhar os interesses do Executivo no âmbito do Legislativo.

Líder do governo não é pouca coisa. Só perde em importância para o presidente do Poder. Automaticamente, passa a ser o principal cotado para o comando da Mesa Diretora, no biênio subsequente, agora que a reeleição foi revogada.

Talles, desde a malfadada CPI da Saúde, foi o braço direito de Bruno na liderança. Assumiu a relatoria e enterrou em tempo recorde a CPI. Em seguida, relatou também todos os projetos de interesse do Palácio das Esmeraldas, desde aumentos para professores, a polêmica taxa do agro, o novo regime jurídico das organizações sociais, o Refis da AGR, dentre outros assuntos de destaque. Em todas as matérias, atuou em estreita sintonia com Caiado.

O deputado e o governador têm uma história comum que passa pelo antigo PFL, no qual Talles Barreto passou 14 anos. Saiu para viabilizar sua primeira candidatura a deputado, pelo PTB. Caiado foi seu padrinho de casamento. Em meados do seu primeiro mandato, o governador o chamou para a sua base parlamentar – e assim que se abriu a janela partidária, Talles retornou ao ninho, ou seja, ao União Brasil, pelo qual se elegeu para a próxima Legislatura.

Está pronto para a liderança do governo. Depende, claro, da decisão personalíssima de Caiado. Só tem um concorrente, Wilde Cambão, que tem a simpatia da primeira-dama Gracinha, mas é do PSD, não do União Brasil.