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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 25 De Abril De 2023

25/04/2023 às 13h44


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Viagens de governadores ao exterior nunca renderam nada

 

Iris e Maguito quase não foram ao exterior, Marconi deu a volta ao mundo duas vezes e Caiado praticamente não tirou os pés de Goiás

 

Viagens internacionais de governadores de Estado são um assunto polêmico por natureza. Presidente da República, vá lá, existe uma estratégia diplomática a cumprir e grandes interesses políticos e comerciais a defender. Pensem bem, leitoras e leitores: no caso de Goiás, por exemplo, o que renderiam? O governador Ronaldo Caiado nunca foi ao exterior por conta dos cofres públicos. Já Marconi Perillo, em 16 anos de poder, passou pelo menos um ano e meio fora, caso somadas todas as suas visitas a países pelo mundo afora. Ou mais.

Marconi deu a volta ao mundo pelo menos duas vezes, custeado pelo erário, em 16 anos de poder. Esteve até em Cartagena, na Colômbia, um point 100% turístico. Índia, México, Canadá, Polônia, Japão, Uruguai, Dubai e quejandos. Nem de longe barato, somando-se as despesas das numerosas comitivas de secretários, assessores e convidados. Como diz o articulista Elio Gaspari, ganha uma passagem para a Ucrânia quem apontar um único resultado, de qualquer natureza, daí originado, mas principalmente em matéria de reflexos positivos na economia estadual ou em qualquer área. 

Caiado passa ao largo das tais missões internacionais. Mal vai a São Paulo, outro destino preferencial de Marconi. Iris Rezende e Maguito Vilela também não viajaram. Os dois, juntos, não chegaram a cinco ou seis excursões além Brasil, igualmente frustrantes em termos de retorno para as goianas e os goianos. As soluções (e principalmente os investimentos) demandadas pelos desafios estaduais, tudo indica, só podem ser encontradas por aqui mesmo, em Goiás. No máximo, em Brasília.

Caiado, há poucos dias, ensaiou uma viagem a Londres. Participaria de um seminário de lideranças. No final das contas, não foi e fez bem. Seria a primeira vez, em pouco mais de quatro anos como inquilino do Palácio das Esmeraldas. Está provado e comprovado que se trata de um gasto correspondente a um desperdício, sem feedback para governos limitados a fronteiras federativas, quer dizer, Estados. De proveitoso, desse tipo de agenda, nunca veio qualquer coisa.

Um fenômeno em Goiás: a elevada popularidade de Caiado

Três pesquisas recentes trouxeram notícias positivas para o governador Ronaldo Caiado, ao apurar quocientes que mostram uma aprovação entre 60 e 70%. Aliás, para ser preciso, até mais: entre 61,9 e 72%.

Os índices são dos institutos Serpes, Real Data Big Time e Percent (este último de Uberaba). Todos os três com credibilidade alta, um (Serpes) e os demais pouco acima da média (Real Time e Percent).

Ainda no início do segundo mandato, Caiado surpreende pelo seu nível de popularidade. Na vitória em 2º turno, no ano passado, a “pesquisa” das urnas deu a ele um beneplácito de 51,81%. De lá para cá, decorridos apenas cinco meses, a aceitação geral do governador cresceu e cresceu expressivamente.

Equivale a dizer que, segundo o Serpes, Real Data e Percent, em torno de oito entre 10 goianas e goianos estão satisfeitos e concordam com o desempenho de Caiado. Uma margem raramente vista em outros momentos da história política e administrativa do Estado (talvez somente Iris Rezende em seu 1º mandato de governador).

Um detalhe importa e muito nesses três levantamentos: em Goiânia, tradicional colégio eleitoral de oposição ao Palácio das Esmeraldas, os dados são os mesmos. Ou seja: Caiado está na faixa de 70% de aprovação. Em 2022, chegou a 44% dos votos, um percentual já elevado. Agora, disparou. Provavelmente, desfrutará da condição de eleitor qualificado na disputa pela prefeitura no ano vindouro. Seu apoio será decisivo para a definição do próximo prefeito da capital.

Goste-se ou não do governador, não há como contestar esse cenário. Não se briga com números. Retratam a opinião pública estadual quando as pesquisas são produzidas, mas fornecem uma base consistente para as projeções sobre o futuro próximo. A depender de mais algumas circunstâncias, quem Caiado apoiar será o próximo ocupante da cadeira número um do Paço Municipal.

O rolo compressor do governo na Assembleia

A aprovação, com rapidez, do projeto introduzindo alterações na natureza jurídica do Ipasgo e o transformando em um similar de plano de saúde privado deixou patente: o governador Ronaldo Caiado conta com um rolo compressor na Assembleia Legislativa para atender aos interesses do Poder Executivo.

Formar maioria esmagadoras é da política: não há governo, em parte alguma da terra, que não tenha como prioridade montar uma base de apoio sólida no Parlamento. Dos 41 deputados, 27 votaram com o governador. Apenas 8 ficaram contra. Os demais ou não compareceram ou se abstiveram, sem fixar posição contra Caiado.

A questão do Ipasgo seria o tipo da matéria polêmica propícia para exploração política por parte dos supostos defensores do funcionalismo. Mas, mesmo entre quem votou pela rejeição, houve pouca ou nenhuma contestação. Apenas um deles, o petista Mauro Rubem, intentou o caminho da judicialização. O magistrado em cujas mãos caiu a ação optou pelo arquivamento puro e simples. Não havia argumentos convincentes.

Demonstrado está: Caiado não terá problema algum com a Assembleia. O que mandar, será chancelado, sem sustos. E com a vantagem de uma oposição enfraquecida (os três deputados do PL e os dois do PSDB estão ameaçados de perder seus mandatos, diante do risco de cassação das suas respectivas chapas por descumprimento da cota de 30% de mulheres), sem ânimo e sem inteligência para a briga em plenário e as manobras de bastidores. Nem barulho é capaz de fazer.

E tudo isso sem contar com a garantia de governabilidade representada pelo presidente Bruno Peixoto, bem-sucedido líder do Palácio das Esmeraldas nos últimos quatro anos. Os tempos são e devem continuar a ser de paz e tranquilidade para Caiado na Assembleia.

Candidatura a prefeito de Goiânia é criancice de Mendanha

Não dá para levar a sério a consulta encaminhada pelo ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, através do advogado Júlio Meirelles, ao Tribunal Regional Eleitoral sobre a possibilidade de uma candidatura a prefeito de Goiânia.

É criancice. Júlio Meirelles, o conceituado eleitoralista contratado por Mendanha, sabe disso. Presta, contudo, serviços profissionais, atendendo ao pedido do cliente. A vedação para uma terceira candidatura consecutiva a prefeito, seja no próprio município ou em qualquer outro, é expressa, tanto na legislação como na jurisprudência.

Ao contrário, estaria permitida a perpetuação de alguém no poder. Duas vezes prefeito em um município, em seguida muda-se para outro, de preferência ao lado, sob influência da manipulação eleitoral. Poderia ocorrer uma eternização, algo que a Justiça Eleitoral repudia com veemência. Não interessa se o prefeito renunciou ao cargo e o vice assumiu. O mandato dos dois é um só.

Mendanha perde tempo comprometendo a sua imagem com ingenuidades, em vez de apresentar um projeto sólido para a sua sobrevivência política. Ele tem potencial para candidaturas a partir de 2026. Antes, só em sonho. Se continuar errando, sua liderança vai se transformar em fumaça, daqui para ali. Na disputa pelo governo do Estado, embora um passo errado e precipitado, conseguiu quase 20% dos votos das goianas e dos goianos. É um capital e tanto, mas apenas se bem utilizado, como parece não estar sendo.

Estranho no ninho, mas nem tanto: João Campos em Aparecida

Mais votado para o Senado em Aparecida, em 2022, João Campos tem recall no 2º maior colégio eleitoral do Estado

O ex-deputado federal e candidato derrotado ao Senado João Campos voltou a se movimentar politicamente, depois de um longo período de internação hospitalar em São Paulo, acometido por problemas cardíacos. Estaria bem de saúde, agora.

Aproveitando-se da sua excelente votação em Aparecida, em 2022, quando ficou em 1º lugar em número de sufrágios para a Câmara Alta em Aparecida, Campos passou a colocar o seu nome na lista de postulantes para a prefeitura do município – cada vez maior diante das fragilidades exibidas pelo atual prefeito Vilmar Mariano, que tem direito a disputar a reeleição.

Ele não tem base nenhuma entre a classe política aparecidense. Suas chances se restringem à possibilidade de receber o apoio de Gustavo Mendanha, seu companheiro de chapa no ano passado. Mendanha, até o momento, tem compromisso com Vilmarzim, porém a sintonia entre os dois está mais fraca a cada dia. É a velha história das relações sensíveis e delicadas entre governante que sai e governante que entra. Um resiste a desencarnar, enquanto o outro só pensa em independência e autonomia para firmar o próprio nome.

Por essa brecha, tenta entrar João Campos. A eleição de Maguito Vilela, por duas vezes, abriu o precedente para a chegada de políticos de fora. Sim, mas Maguito era… Maguito, um ex-governador e ex-senador que desceu do pedestal para humildemente se propor a colaborar com o povo de Aparecida. Campos está longe de ter o mesmo significado.

Além disso, não é um homem rico. Campanhas no segundo maior colégio eleitoral demandam recursos. Na fila para conquistar o apoio de Mendanha, além de Vilmarzim, estão nomes abastados como o empresário Osvaldo Zilli e o deputado federal Glaustin Fokus, milionários representantes da nova e expressiva realidade industrial de Aparecida. E até mesmo o ex-deputado federal e presidente da FIEG Sandro Mabel. Gente para a qual bancar uma eleição municipal seria equivalente a gastar alguns trocados.

Ainda assim, Campos está no páreo. Por ora, comete o erro grave de limitar suas articulações ao cacique Mendanha, sem dar importância ao resto da tribo. É um estranho no ninho – para os políticos, nem tanto para o eleitorado, a considerar o resultado da eleição senatorial de 2022.