CAIADO IMPÕE SEU JEITO E SUA PAUTA
A decisão de indicar o senador Wilder Morais para atuar junto à equipe de transição indicada pelo governador Zé Eliton parece ter sido resultado de uma cuidadosa reflexão estratégica por parte do governador eleito Ronaldo Caiado. Está claro que ele buscou a maior autoridade disponível ao seu lado – um senador da República, como ele – para inibir qualquer tentativa de manipulação ou de protelação por parte da gestão findante quanto a abertura da caixa preta do governo – de onde, suspeita-se, devem emanar odores malcheirosos. Com Wilder, a pauta da transição será de Caiado e não, digamos assim, da dupla Zé Eliton/Marconi Perillo, que provavelmente não hesitaria em conduzir a operação de acordo com os seus interesses de preservação do tal “legado” do Tempo Novo.
ATÉ AMIGOS ACHAM QUE MARCONI DEVE DAR UM TEMPO
É consenso entre os amigos e aliados mais chegados do ex-governador e candidato derrotado ao Senado Marconi Perillo que ele deve se afastar, ao menos temporariamente, da política, dedicando-se exclusivamente à sua defesa nos processos judiciais a que responde – uma derrapada, por menor que seja, poderia levá-lo de volta pra a prisão. Há muita preocupação com a evolução desses processos, que especialistas consideram de alto risco para qualquer um, mais ainda para um político como Marconi, que tem exposição nacional e não conta hoje com qualquer vantagem de foro privilegiado. Misturar estratégias de defesa jurídica com tentativas desesperadas de recuperação de status político pode piorar as coisas para o ex-tucano-chefe de Goiás.
PROPAGANDA DE GOVERNO VAI ACABAR EM GOIÁS
O governador eleito Ronaldo Caiado estuda a proibição, em definitivo, de qualquer tipo de propaganda paga pelos cofres estaduais, com exceção de anúncios e campanhas educativas ou de utilidade pública. Estima-se, com a medida, uma economia de R$ 1 bilhão em quatro anos, caso fossem seguidos os mesmos padrões de gastos publicitários dos últimos oito anos. Pelo sim, pelo não, é certo que, no primeiro ano do novo governo, não será despendido um único centavo com divulgação promocional da administração e de seus órgãos. Esse regime de austeridade pode alcançar a Agência Brasil Central, que seria extinta, com a devolução das concessões das suas emissoras de rádio e canal de televisão, altamente deficitários e sem audiência, ao governo federal.
DIFÍCIL ENTENDER E PREVER O QUE VEM AÍ
A vitória esmagadora de Ronaldo Caiado desorganizou a política em Goiás. Ninguém, nem os mais experimentados participantes do processo estadual, sabe como vai ser o novo cenário que começa a se delinear a partir de 1º de janeiro. Além da ascensão de Caiado ao pódio, um outro fator ajuda a dificultar o entendimento e a previsibilidade do que vem por aí: a derrocada do ex-governador Marconi Perillo, que acabou sendo muito pior do que se poderia imaginar, a partir da sua inesperada prisão pela Polícia Federal no âmbito da Operação Cash Delivery e total pulverização da sua liderança. Caiado, superfortalecido, de um lado, e Marconi, super-enfraquecido, desequilibraram a tradicional balança da política em Goiás – situação de um lado e oposição, de outro.
CONSULTORIA SEM ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
A consultoria Comunitas (nome oficial: Comunitas – Parcerias para o Desenvolvimento Solidário), que fará para Ronaldo Caiado a parte técnica do processo de transição entre governo velho e governo novo, foi fundada por Ruth Cardoso, já falecida, mulher de Fernando Henrique Cardoso. Trata-se de uma entidade especializada no atendimento de prefeituras, com alguns episódios críticos no portfólio – por exemplo, foi investigada pelo Ministério Público em razão de um contrato polêmico com o município de Porto Alegre. O foco da Comunitas são projetos sociais e não o que ela vai fazer agora em Goiás, ou seja, coletar dados governamentais para a elaboração de um diagnóstico de situação.
CANDIDATURA DE VITTI A PREFEITO É NATIMORTA
Não se deve colocar nenhuma ficha na hipótese de uma futura candidatura do atual presidente da Assembleia Zé Vitti a prefeito de Goiânia. Ele nunca teve bases na capital, sempre foi do interior, não desenvolveu nenhuma liderança política ou estabeleceu laços com políticos com influência entre os goianienses. O PSDB, que beijou a lona na última eleição, não tem a menor condição de embarcar em mais uma aventura, depois do fiasco da candidatura de Zé Eliton – Vitti seria uma reprodução piorada do Zé, aliás, até no apelido. De resto, envolveu-se demais com a tentativa de reeleição de Lúcia Vânia, compartilhou da mesma que eleva teve de que já estava vitoriosa por antecipação... e saiu da eleição tão queimado quanto a velha senhora.
ZÉ ELITON DÁ MEDALHAS ATÉ PARA ELE MESMO
O governador Zé Eliton já tem um lugar garantido na história administrativa de Goiás pelo volume de medalhas que distribuiu em seus poucos meses de governo (tomou posse em abril último), mas agora extrapolou. A caminho do fim do seu mandato-tampão, assinou repartiu mais 424 condecorações de uma tal Ordem do Mérito da Segurança Pública “Governador Mauro Borges”. O inusitado em tudo isso é que Zé atribuiu uma delas… a ele mesmo. Criada em 2011 pelo governador Marconi Perillo, um reconhecido aficcionado da política de compartilhamento de medalhas no atacado, essa Ordem do Mérito destina-se a agraciar personalidades que tenham contribuído com a segurança pública em Goiás – medida dúbia em que cabe qualquer um. Inclusive o próprio Zé.
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