CENÁRIO PARA 2022 ESTÁ PRÉ-DEFINIDO, COM ALTA DA COTAÇÃO DE JOÃO CAMPOS NA CHAPA DE CAIADO
Aos poucos, o cenário eleitoral para 2022 vai se delineando ou pelo menos sugerindo o rumo que será tomado. Parece claro, a esta altura, que teremos a chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado com o presidente estadual do MDB Daniel Vilela na vaga de vice e o ex-ministro Henrique Meirelles, do PSDB, ou o deputado federal João Campos, do Republicanos, na disputa pelo Senado. Esses dois são os mais prováveis. O último vem crescendo a partir da hipótese da oposição se organizar em torno do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, mas dentro de uma frente esvaziada caso Campos e o seu partido não estejam integrados. Isso, em política, tem valor. Aliás, foi a principal motivação para que Caiado buscasse o MDB para a sua base: tirar o oxigênio dos movimentos contrários, já que, em Goiás, fica fácil enxergar que qualquer articulação antigovernista estaria praticamente fadada ao insucesso sem a presença dos emedebistas – e eles estarão com Caiado. Fora isso, resta a esquerda, historicamente raquítica em termos de votos majoritários e ainda por cima com o pesado fardo de se obrigar a fazer campanha para Lula em um Estado conservador, cuja economia é puxada pelo agronegócio.
RRF SÓ VAI MELHORAR A SITUAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO, QUE JÁ É BOA
Soou como um mau presságio para a oposição a notícia de que foi publicada no Diário Oficial da União a portaria do Ministério da Economia que autoriza a adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal. Assim que o convênio for assinado, o Estado consolidará as vantagens que já vem tendo no pagamento das parcelas da dívida, que seguirão adiadas e reduzidas, além do acesso liberado a novos financiamentos, o que permitirá ao governador Ronaldo Caiado programar um plano de obras como nunca se viu antes – mesmo porque, sem o RRF, a estabilidade financeira do Estado já foi conquistada e há hoje sobra de caixa para a realização de investimentos. É imperativo reconhecer: para quem nunca havia exercido cargos públicos executivos, Caiado mostrou ter muito jeito para a gestão administrativa, conquistando patamares que todos os seus antecessores ambicionaram, mas não conseguiram chegar nem perto.
EM MENOS DE 7 MESES, DANIEL VILELA FOI TRAÍDO 2 VEZES
Em menos de sete meses, o presidente estadual do MDB Daniel Vilela foi golpeado pelas costas por duas vezes: a primeira, quando Rogério Cruz, efetivado prefeito com a morte de Maguito Vilela, chutou os emedebistas porta afora do Paço Municipal, mesmo consciente de que, sem eles, jamais seria nada mais que um apagado ex-vereador, provavelmente morando hoje no Rio de Janeiro a serviço dos fundamentalistas pentecostais dos quais é cabo de chicote; e a segunda, agora, pelo prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, outro que não estaria onde está não fora a família Vilela. Não é fácil sobreviver na política em meio a tantos calabares, como tem sido a rotina de Daniel neste ano.
SAIR DO PSDB E INGRESSAR NA BASE DE CAIADO É RETORNO ÀS ORIGENS, PARA TALLES
Ao deixar o PSDB na janela partidária do ano que vem, o deputado estadual Talles Barreto estará apenas retornando às suas origens, ingressando em um partido da base do governador Ronaldo Caiado ou, quem sabe, diretamente no DEM (ou no seu sucessor, com a fusão com o PSL). No passado, Talles passou anos no PFL, próximo a Caiado na condição de presidente da juventude pefelista. Pouca gente sabe que, quando Caiado assumiu o governo, em janeiro de 2019, o deputado se preparou para ser abordado pelo Palácio das Esmeraldas e conversar sobre a sua reconversão, mas surpreendentemente não houve nenhuma iniciativa nesse sentido. Ele, Talles, não se dá bem com o ex-governador Marconi Perillo e menos ainda com o ex-vice e ex-governador José Eliton. Após a derrota dos dois, em 2018, Talles propugnou por uma autocrítica do tucanato estadual e pela abertura de espaço para reoxigenação da sigla, com a redução do espaço dos derrotados, mas não foi ouvido e nem minimamente levado em consideração. Mais um ponto: na sua base eleitoral de quase 40 prefeitos é praticamente unânime a opinião – e a pressão – para que se transfira para o DEM (ou outro partido da base governista), quando chegar a hora, e assim possa disputar com chances a reeleição. Uma informação que reforça tudo isso: Caiado foi padrinho de casamento de Talles.
ANTES DO NOME, OPOSIÇÃO PRECISA DE UM PROJETO PARA GOIÁS
Afora o governador Ronaldo Caiado, que por si só representa um projeto de governo, dado que a sua candidatura pode ser resumida em dar prosseguimento à gestão que implantou em ampliar os horizontes (razão de ser de toda reeleição), os demais políticos envolvidos no debate sobre 2022 estão precisando dar mais atenção para o quesito ideias para Goiás. O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, por exemplo, apresenta-se como intérprete do “povo”, que desejaria um novo projeto para o Estado, segundo diz. Qual, ele não sabe dizer. Não é capaz nem mesmo de citar ao menos um ou dois pontos diferenciados que poderiam ser colocados pela oposição a Caiado, a quem faz uma crítica tímida e sem consistência. O ex-governador Marconi Perillo, se fosse perguntado sobre esse vazio, responderia que o melhor para Goiás seria algum tipo de “volta” aos seus governos, já que vive no saudosismo e na celebração do passado. A esquerda não sabe o que dizer e vai inventar um discurso às vésperas da eleição, como sempre faz em Goiás. De cabo a rabo, o que se tem hoje na política estadual um deserto de propostas e visões para os dias que virão para as goianas e os goianos.
TENSÃO EM APARECIDA COM A IMINÊNCIA DE NOVAS OPERAÇÕES POLICIAIS
Existe tensão na prefeitura de Aparecida quanto a iminência de novas operações policiais à caça de corrupção em áreas sensíveis como o hospital municipal e as secretarias de Saúde e Fazenda. Há um ano, por ocasião da Operação Falso Positivo, que investigou pagamentos superfaturados de exames laboratoriais no HMAP, o secretário André Rosa (Fazenda) viveu dias de pavor, imaginando que agentes policiais chegariam a qualquer momento para prendê-lo pelo seu envolvimento na trambicagem. O prefeito Gustavo Mendanha também receia ser envolvido, pior ainda através de familiares. A boataria em Aparecida é monumental. Mendanha atribui essas ações policiais a perseguição política, mas a verdade é que, nas quatro ou cinco realizadas até agora, as provas levantadas foram consistentes. Vem mais por aí? Podem apostar que sim, leitoras e leitores.
EM RESUMO
Rei da reforma de praças em Aparecida, Gustavo Mendanha prometeu arrumar 100 na campanha para o seu 1º mandato, mas até hoje só fez 43. Ele é jocosamente chamado de “Gustavo A Praça é Nossa”.