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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 23 De Março De 2023

23/03/2023 às 13h43


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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A nova investida de Ibaneis para ocupar o Entorno do DF

Ibaneis chamou os prefeitos do Entorno para uma reunião e não avisou Caiado

 

Uma reunião em Brasília, nesta terça, 21, entre o governador Ibaneis Rocha e 12 prefeitos do Entorno do Distrito Federal marcou uma nova tentativa de sabotagem política e administrativa contra o governador Ronaldo Caiado, pior ainda ao envolver o ex-ministro Alexandre Baldy e o deputado federal Ismael Alexandrino, presentes.

 Caso comunicada previamente a Caiado e caso contasse com a presença da secretária estadual do Entorno Maria Caroline Fleury, nada haveria de estranho. Goiás e o DF, necessariamente, precisam atuar em sintonia em uma das regiões mais densas demograficamente do país, com uma miríade de problemas de difícil solução. Mas o caminho das iniciativas isoladas, principalmente quando um parceiro atropela o outro, está longe de ser o caminho ideal.

Ibaneis tem discordâncias com Caiado. Sempre tentou interferir no Entorno buscando isolar o colega goiano. O encontro com os prefeitos é claramente uma provocação. E, daí, é de se perguntar: o que faziam lá Baldy e Ismael Alexandrino? Por que outros deputados federais da bancada de Goiás não foram chamados? Ou foram e não compareceram? Célio Silveira, também ex-prefeito de Luziânia e profundo conhecedor dos desafios a aguardar respostas nos municípios cravados em volta de Brasília, não merecia um convite?

 Há intrigas mil por trás dessa situação. Aos prefeitos do Entorno, Ibaneis informou que a partir de agora a sua coordenadora para o atendimento a cada um será a vice-governadora Celina Leão – aliás, nascida em Goiás. Atenção: Celina é inimiga da ex-ministra e ex-deputada federal Flávia Arruda, patrocinadora da nomeação de Maria Caroline Fleury para a Secretaria estadual do Entorno. Significa, portanto, não existir a mínima intenção de partir para um trabalho conjunto com Caiado. Isso, no extremo, pode até levar a secretária a desistir do encargo que assumiu pensando em se limitar a questões administrativas, enquanto a parte política ficaria com Flávia Arruda. Um arranjo que parece não estar dando certo.

Investigações estão se aproximando do Major Vitor Hugo

Todo mundo sabe: Major Vitor Hugo, derrotado na eleição passada para o governo de Goiás, foi e é íntimo do presidente Jair Bolsonaro. Daí, ser possível a conclusão de que esteve no centro da movimentação golpista que balançou o Brasil durante os últimos quatro anos, agora alvo de uma investigação judiciária implacável cujas consequências são imprevisíveis.

Vitor Hugo também era golpista? Fiel e apaixonado por aquele que chamava de PR, ele corroborou nas suas redes sociais todas as maluquices de Bolsonaro contra as instituições. Teve sorte, porém: na campanha presidencial, quando foram perpetradas as maiores barbaridades, estava em Goiás envolvido com a sua própria candidatura ao Palácio das Esmeraldas. Perdeu feio e, emocionalmente traumatizado, sumiu de circulação. Não teve nada a ver, por exemplo, com os atos terroristas do 8 de janeiro.

É notório o andamento uma caça às bruxas do bolsonarismo. Um dos resultados deve ser a inelegibilidade do Jair, a culto prazo. Nesse cenário, ganha destaque a apuração sobre a minuta golpista achada na casa do ex-ministro a Justiça Anderson Torres. Vitor Hugo tem a ver com esse documento? Não. Ooooops… talvez, sim, de alguma forma transversa.

O Major participou de uma live, no ano passado, aquela em que Bolsonaro apresentou dados de um inquérito da Polícia Federal sobre supostos ataques ao sistema eleitoral em 2018, considerado sigiloso. Houve crime na divulgação. A ideia era fomentar a convicção de que as urnas eletrônicas seriam passíveis de fraude. Vitor Hugo estava lá e cada frase dita por ele está agora sob escrutínio.

Lembrando: ele é consultor legislativo da Câmara dos Deputados e, nessa condição, tem conhecimento profundo sobre redação legal ou institucional. Pode ser um dos motivos da sua inclusão como testemunha nos inquéritos dos atos golpistas em andamento no TSE. De qualquer forma, nas suas mídias sociais, Vitor Hugo baixou a bola. Mantém a fé no ex-presidente, é verdade, só que em um tom de rigorosa moderação. Virou um cordeirinho.

Dobradinha VW vai dar trabalho em 2024 e 2026

Vanderlan e Wilder: atuação conjunta para disputar a prefeitura de Goiânia e o governo de Goiás

São parecidos – empresários na política – e têm o mesmo objetivo. Os senadores Vanderlan Cardoso e Wilder Morais formaram uma aliança para conquistar o poder, tanto em 2024, capturando a prefeitura de Goiânia, quanto em 2026, conquistando nada menos que o governo do Estado. É o fato novo da política em Goiás: a dobradinha VW.

Vanderlan e Wilder são ideologicamente gêmeos, o primeiro um pouco menos bolsonarista quanto ao segundo. Isso os aproxima ainda mais. A origem comum no mundo dos negócios instiga os dois a se apresentar como uma proposta da renovação da política, com capacidade gerencial acima dos profissionais da área. Tem sentido. Porém, lembrai-vos, leitoras e leitores: em Goiás, muitos tentaram, mas ninguém parecido jamais foi a lugar algum, muito menos chegou ao Palácio das Esmeraldas. O Senado, para esse tipo de perfil, é o limite.

Sim: as goianas e os goianos jamais elegeram comerciantes ou industriais para governar o Estado ou, mesmo, a capital.  Fazendeiros, vários. Médicos e advogados, aos montes. Eis a escrita que a dupla VW quer quebrar, já no ano vindouro, Vanderlan com o seu agora lustroso currículo, recém reforçado pela presidência da Comissão de Assuntos Econômicos – a segunda mais importante do Senado. Wilder, disperso ainda, batendo cabeça na procura por uma bandeira coletiva para encarnar em Brasília, além do mero e hoje esvaziado bolsonarismo.

O cimento para a solidificação do estreito relacionamento entre os dois é a presença da esposa de Vanderlan, Izaura Cardoso, na primeira suplência de Wilder. É ela que dá unidade aos projetos de ambos, pela possibilidade de assumir a cadeira senatorial caso o seu titular seja candidato a governador em 2026 e vença a eleição. Por isso, Vanderlan pode acabar concorrendo ao Paço Municipal em 2024, para não atrapalhar e, ao contrário, fortalecer Wilder na sucessão de Ronaldo Caiado. Eles estão jogando combinados entre si. Só eles, mais ninguém. Há aí, a propósito, um problema a resolver: o isolamento, a falta de um grupo coeso, a necessidade de agregação de mais lideranças. São, em resumo, muito fechados, de certa forma comunicando-se diretamente com as eleitoras e os eleitores nos pleitos majoritários que enfrentaram. Bom, por um lado, ruim, por outro. Essencialmente, quer dizer que… não são políticos.

A lista de Lula: veja quais foram os pedidos de Caiado

O presidente Lula entrou na reta final para o lançamento de um pacote de obras em sintonia com os 27 governadores, conforme cada um se manifestou na reunião em Brasília no final de janeiro último.

Lula anda meio obcecado com obras, o que é polêmico. O país e sua população precisam é de serviços públicos eficientes e não de megaprojetos de engenharia. De importância, tipo estradas, hospitais, ferrovias e assemelhados, tudo já foi feito. Infelizmente, a cabeça do presidente está virada para grandes realizações, como forma de diferenciação quanto ao governo de Jair Bolsonaro.

Como Goiás se insere nessa estratégia? Simples: na reunião entre os governadores e Lula, Caiado foi instado a incluir três “obras” na lista do governo federal para Goiás. Na hora, respondeu: recursos para Hospital do Câncer de Goiânia (já lançado, o CORA), recursos para o BRT entre a região de Santa Maria, no Distrito Federal, e Luziânia, e recursos também para o inovador projeto de fruticultura no Vale do Paranã, no nordeste goiano.

Imaginem, leitoras e leitoras: o que o governo federal poderia “construir” em Goiás? Alguém consegue pensar em alguma “obra”? Difícil. Tanto que as sugestões de Caiado para Lula, quanto a Goiás, se inserem na classificação de políticas públicas favoráveis à mobilidade em uma área superpovoada e ao desenvolvimento econômico interiorizado, além da prestação de serviços médicos.

A rigor, se o presidente quiser, são reivindicações de fácil e rápido atendimento. O governador agiu com inteligência. Para Lula, é só despachar autorizando as verbas necessárias, nada mais. Não há necessidade de licitações nem quaisquer procedimentos burocráticos. Talvez sem o impacto desejado pelo presidente, focado em cimento, aço e areia, porém de muito maior valor para as goianas e os goianos. Vamos ver, nos próximos dias.