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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 24 De Agosto De 2021

24/08/2021 às 06h00


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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OFICIALIZAÇÃO DO CONVITE AO MANDA PARA ALIANÇA EM 2022 FOI UMA JOGADA DE MESTRE

A política, escreveu um pensador chinês, é a arte da guerra em tempo de paz. E, em uma guerra, o poder de iniciativa e o elemento surpresa contam muitas vezes mais que o poderio dos Exércitos e até podem definir o resultado de batalhas mais que o armamento e as tropas. O governador Ronaldo Caiado, ao visitar de supetão o diretório estadual do MDB na sexta-feira, 20, para convidar o partido a indicar um representante para figurar na sua chapa da reeleição em 2022, mostrou que tem conhecimento de estratégia e a que chegou onde está não só pela sua biografia impecável e intransigente disposição contra a corrupção, porém também porque sabe mexer as peças do tabuleiro. O MDB com o DEM no pleito do ano que vem significam a desidratação de toda e qualquer oposição, que fica sem oxigênio, ou seja, perde o fôlego que somente um partido da dimensão do comandado hoje por Daniel Vilela poderia garantir. Esse é o escopo maior da formação da chapa Caiado governador-Daniel vice, que vai gerar um eixo de poder duradouro para Goiás, imprimindo seus efeitos lá na frente, talvez até, sem exagero, ultrapassando 2030: Caiado eleito em 2022, Daniel em 2026, Caiado de novo em 2030, sendo seguido por ele mesmo -a depender da capacidade física, uma vez que estará perto dos 80 – ou então Daniel de novo e por aí em diante.

TEMPO PARA ARTICULAÇÕES ELEITORAIS ENTROU EM REGIME DE URGÊNCIA

O encontro entre Caiado e Daniel na sede do diretório do MDB foi a formalidade que abriu a temporada eleitoral de 2022, o que já estava passando de hora: são apenas 13 meses daqui até a data de urnas do ano que vem. Era hora. Existem reclamações que precisam ser contornadas dentro da base do governador quanto a essa aliança, assim como há emedebistas desesperados com a suja inevitabilidade. Essas insatisfações entram agora no radar de ambas as partes, mas, em princípio, não têm a menor possibilidade de criar atrapalhos significativos. São amplamente solucionáveis, tanto para Caiado quanto para Daniel, o primeiro enfrentando a indisposição de um conhecido criador de casos como o prefeito de Catalão Adib Elias, e o segundo com o inexperiente e imaturo prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha tentando se atravessar na sua garganta, mas nenhum, Adib ou Mendanha, com altura suficiente para impedir o sucesso da mais surpreendente e audaciosa articulação político-eleitoral já vista em Goiás.

ADIB, LUIZ DO CARMO E VANDERLAN: OS INSATISFEITOS DENTRO DA BASE SÃO ESSES

Quem tem motivos para contestar a aliança DEM-MDB não é motivado por nenhum fundamento público relevante ou discordância quanto a propostas para o futuro de Goiás. No caso de Adib Elias, trata-se de um ressentimento pessoal, aliás até justo: ele foi expulso do MDB, partido da sua vida, por Daniel Vilela justamente por ter apoiado Caiado em 2018. Pois bem: após essa monumental humilhação, ele, Adib, é chamado para apoiar quem apontou a porta da rua para ele? Não é fácil. Luiz do Carmo tem um escopo diferente. Sem um único voto, transformou-se em senador porque era 1º suplente de Caiado e assumiu com a renúncia desse quando assumiu o governo do Estado. Lógico, quer continuar. Só que não tem nem densidade eleitoral nem perfil majoritário para figurar em uma chapa que se pretenda competitiva para o ano que vem. Como não é bobo, sabe não tem chances: já não fariam sentido dois nomes emedebistas em uma mesma chapa. Em relação a Vanderlan, há uma combinação de mágoa pela derrota em Goiânia em 2020, quando foi vítima de um estelionato eleitoral comandado por Daniel Vilela, com o desejo de assegurar um cenário futuro mais favorável para a sua carreira – Daniel, sendo o vice de Caiado e com uma vitória em 2022, fatalmente assumiria o governo em 2026, com a renúncia do titular para disputar o Senado, e seria candidato à reeleição, bloqueando todos os espaços para quem quer que seja, pelo menos na base governista.

CAIADO PASSOU A BOLA PARA DANIEL VILELA, QUE ESTÁ SOZINHO DE FRENTE AO GOL

O governador Ronaldo Caiado, com a vantagem de jogar com as brancas, valeu-se da sua tremenda autoridade moral para incorporar o MDB ao leque de partidos que sustentará a sua reeleição, praticamente definindo o presidente estadual da legenda Daniel Vilela como seu vice. Mas isso deixou de ser novidade. Novidade é o que Daniel fará com a bola que recebeu em um passe magistral que o colocou diante do gol. Isso mesmo: a iniciativa está agora com o filho e herdeiro político de Maguito Vilela. Venhamos e convenhamos: afora discursos e declarações elogiosas para Caiado, sinalizando uma forte aproximação, ele, Daniel, fez quase nada até agora, não mais que produzir o manifesto dos 27 dos 28 prefeitos emedebistas a favor do apoio à reeleição de Caiado e da sua figuração na chapa. Claro, não foi pouco, na medida em que deixou acachapado o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, o mesmo que apregoava mentirosamente ter colhido o aval de 80% desses prefeitos para o lançamento de uma candidatura própria.

FOCOS DE INCÊNDIOS ENTRE OS EMEDEBISTAS SÃO APENAS DOIS

O presidente estadual do MDB Daniel Vilela está com a iniciativa. Na sua área, existem dois focos de contestação ao acordo com o DEM: 1) o ressentimento, justo, do prefeito de Catalão Adib Elias, que ele expulsou do MDB por fazer o que ele mesmo vai fazer, ou seja, apoiar Caiado e 2) outro insatisfeito, também em razão de ressentimento, no caso Mendanha, que reclama de Caiado ter apoiado uma adversária contra a sua candidatura em 2020 e alega ser perseguido com inquéritos da Polícia Civil hoje a investigar corrupção na sua administração. É só. Não parecem ser contratempos de difícil resolução. Adib merece um mea culpa de Daniel. Tem os seus defeitos, como todo mundo, mas é um político de coração limpo, que nunca digeriu a humilhação da porta da rua que Daniel mostrou a ele, em uma das injustiças mais emblemáticas da história política de Goiás, que, como não poderia deixar, cobra uma reparação. A obrigação de resolver não é de Caiado. É de Daniel, em uma oportunidade única para mostrar sua competência, pacificando de alguma forma suas relações com o prefeito de Catalão e os demais que foram expulsos, arrependendo-se publicamente do seu gesto – um dos maiores erros que qualquer político jamais cometeu em Goiás.

MENDANHA BLEFOU, PERDEU A PARADA E ESTÁ MAIS SOZINHO DO QUE NUNCA

Quando ao prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, a avaliação é que deve ser deixado por conta própria para que se verifique toda a extensão do seu blefe. Ele é figura isolada dentro do MDB, por um lado, enquanto, por outro, só tem a seu favor apoios fora do partido que podem ser definidos cesse ainda no MDB, além de, em um futuro inevitável, do ex-ministro Alexandre Baldy, do PP. A dissidência que ele tenta criar é vista como uma resposta ao seu círculo provinciano mais próximo, que o convenceu de que não terá um lugar ao sol na política se não sair da sombra do “irmão” Daniel Vilela. Com a mesma idade e no mesmo campo, Mendanha nunca vai ser nada em Goiás.

EM RESUMO

  • Bombeiros atuam dentro do MDB para apagar os focos de incêndio entre o presidente estadual Daniel Vilela e os prefeitos que foram expulsos por apoiar o governador Ronaldo caiado em 2018.

 

  • Atenção: superar esse imbróglio é fundamental para fechar o acordo do partido com o DEM para 2022 e consolidar a indicação de Daniel Vilela para a vaga de vice na chapa da reeleição de Caiado.

 

  • Fora o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e o deputado estadual Paulo Cezar Martins, nenhum outro emedebista de expressão mínima é contra a chapa Caiado-Daniel na eleição do ano que vem.

 

  • Dentro do MDB, enxerga-se como piada o anúncio de que estaria sendo providenciado um abaixo-assinado de apoio a Gustavo Mendanha. “Não vai acontecer, não há quem queira subscrever”, dizem.

 

  • O prefeito de Catalão Adib Elias, que por enquanto discorda do acordo MDB-DEM, foi alvo de insistentes telefonemas do ex-presidente da Agetop Jayme Rincón e de Mendanha. Não quis atender.

 

  • Nesta terça, Adib Elias almoça em Goiânia com o secretário estadual de Governo Ernesto Roller, um dos prefeitos, na época, expulsos por Daniel Vilela, mas hoje carregando água para apagar o fogo.

 

  • A pressão é grande para que Daniel tome a iniciativa de procurar os prefeitos expulsos, em especial Adib Elias, para se desculpar e reabrir as portas do MDB para eles, com tapete vermelho estendido.

 

  • Existe expectativa, entre os emedebistas, de que quadros do partido serão convocados para o secretariado de Caiado assim que Daniel Vilela formalizar o “sim” ao convite para integrar a chapa da reeleição.

 

  • Entre os cotados, estão o ex-vice de Iris Rezende em Goiânia Agenor Mariano e os ex-deputados federais Pedro Chaves e Euler Morais. Ninguém tem dúvidas de que a prioridade é desse último.