Coluna Momento Político - 21 de janeiro de 2019

CAIADO ESTÁ CONVICTO DE TER COMEÇADO MUITO BEM

É impressionante – e até contagiante, para alguns membros da equipe – o entusiasmo do governador Ronaldo Caiado com os passos iniciais do seu governo. Já com 3 semanas de mandato, ele acredita que tem muito para mostrar de positivo e não se abala nem mesmo com a choradeira do funcionalismo quanto a polêmica do pagamento de parte do mês de dezembro, que parece destinado mesmo destinado a ficar para uma data indeterminada no futuro. Pelo que considera sucesso inicial, Caiado mostra-se seguro de que superará rápido os obstáculos mais difíceis e colocará a administração para andar conforme as demandas e o desejo dos goianos que o elegeram na última eleição. Mais até: o governador chega a dizer ao seu círculo mais reservado que nunca uma gestão deu a primeira arrancada tão bem quanto a sua.

ADIB ELIAS ESBANJA PRESTÍGIO COM VISITA DE CAIADO

O prefeito de Catalão, Adib Elias, que lidera a dissidência caiadista dentro do MDB, mostrou prestígio com a visita de Ronaldo Caiado à sua cidade, a primeira do novo governador para entregar uma obra (o novo prédio do Fórum local). Mas não foi só isso. Adib recebeu de Caiado uma boa notícia: mesmo com as dificuldades encontradas pelo governo que está se iniciando, Catalão receberá apoio para a construção do “arco viário”, que é, lá, como chamam o anel viário cuja inexistência, hoje em dia, superlota o tráfego urbano com caminhões pesados. Custo: R$ 11 milhões de reais, metade a ser bancada com verbas estaduais. A obra foi lançada por Adib Elias em abril de 2018, com previsão de conclusão em 8 meses, mas ainda nem sequer começou.

AS MARCAS DO TEMPO NOVO QUE ESTÃO SENDO MANTIDAS

Já são três os programas, digamos assim, sociais dos governos do Tempo Novo que estão passando por uma espécie de auditoria sobre os seus beneficiários e a sua organização operacional: o Bolsa Universitária, a Renda Cidadã e o Passe Livre Estudantil. Mas sem risco de serem suprimidos. Ronaldo Caiado surpreendeu ao preservar todos eles, aparentemente, conforme se vê pelos seus novos gestores, dentro da mesma configuração observada até agora. É que são marcas muito fortes das gestões de Marconi Perillo que, em todas as eleições das últimas duas décadas, foram usadas fortemente nas campanhas e é provável que, daqui a 4 anos, se Marconi e seu grupo se reerguerem, assim será novamente – com o argumento adicional de que, ao serem mantidas pelo governo Caiado, deram provas de que realmente seriam programas de excelência e necessários para os goianos de menor renda.

PERMANÊNCIA DE DANIEL VILELA: BOM PARA ELE, RUIM PARA O MDB

Em vez de fortalecer, a vitória de Daniel Vilela na eleição para o novo diretório estadual do MDB enfraquece tanto ele quanto o partido, ao ser produzida por uma convocação de última hora que não deu tempo aos peemedebistas que apoiaram o governador Ronaldo Caiado para montar uma chapa e concorrer em igualdade de condições. A recondução “administrada” do presidente que disputou e perdeu a última eleição para o governo, na verdade, trará ainda mais isolamento para a legenda em Goiás, que terá que sobreviver com apenas 3 deputados estaduais e dois prefeitos – Iris Rezende, em Goiânia, e Gustavo Mendanha, em Aparecida – cumprindo os seus 2 anos finais de mandato com avaliações abaixo da crítica. É o pior momento do MDB nos últimos 20 anos.

SECRETARIADO TEM 3 CANDIDATOS DERROTADOS NA ÚLTIMA ELEIÇÃO

O servidor federal Henrique Ziller, nomeado pelo governador Ronaldo Caiado para a Controladoria Geral do Estado, disputou uma vaga de deputado distrital pelo PSB de Brasília e perdeu com 8 mil votos. Foi a sua 2ª tentativa (a 1º aconteceu em 2014, igualmente mal sucedida). Ele é o 3º candidato derrotado na eleição passada, em outros Estados, a ser incorporado ao secretariado de Caiado – os outros dois, como se sabe, são o secretário de Segurança Rodnei Miranda, do PRB, que buscou infrutiferamente uma vaga de deputado federal pelo Espírito Santo, e a secretária de Educação Fátima Gavioli, que queria ser deputada estadual por Rondônia e não conseguiu, também pelo PSB. De Goiás, o novo governador não convocou ninguém dentre os postulantes tanto vencedores quanto derrotados na eleição passada. Ainda.

APOIO A MAIA É JOGADA DE MESTRE PARA ABRIR PORTAS A GOIÁS

O apoio de Ronaldo Caiado rende pouco para a reeleição de Rodrigo Maia a presidente da Câmara dos Deputados, mas tem uma força simbólica muito grande – pela autoridade moral do governador goiano, respeitado pela coerência da sua atuação de 30 anos no Congresso Nacional, que agora vão servir de escudo moral para Maia. Politicamente, é uma jogada de mestre, já que abre portas decisivas para Goiás em Brasília, caso ele venha a vencer a disputa, coisa que parece muito provável ou até praticamente certa, para alguns entendidos. Com o empenho de Caiado, dos 17 deputados federais goianos, 15 votarão em Maia – Elias Vaz, do PSB, e Rubens Otoni, do PT, as únicas dúvidas, ainda podem vir a também apoiar, dependendo da definição final dos seus partidos.

EM RESUMO

• A reeleição de Daniel Vilela para a presidência estadual do MDB não encerra a disputa dentro do partido. Os dissidentes caiadistas, chefiados por Adib Elias, estão recolhendo assinaturas para dissolver o diretório.

• A Codego, envolvida em escândalos do final do governo-tampão de Zé Eliton, deverá ter o seu presidente e diretoria indicados pelo deputado estadual Álvaro Guimarães, que disputa a presidência da Assembleia.

• O PSDB goiano promoveu uma reunião, na semana passada, em que, de conhecido, só apareceu o deputado estadual Talles Barreto. Ninguém foi capaz de identificar, nas fotos, as demais 50 pessoas que compareceram.

• A ausência da secretária Cristiane Schmidt da live de Ronaldo Caiado no sábado, diretamente de uma sala na Segplan, tem uma explicação prosaica: ela estava no Rio de Janeiro, cuidando da sua mudança para Goiás.

• Lúcia Vânia está bem, mas não pretende mais fazer política. Aposentou-se silenciosamente, sem mágoas e recorrendo à tradicional desculpa de que a partir de agora vai dedicar-se integralmente a cuidar dos netos.

• Críticas à parte, a nomeação de alguns Caiados para o secretariado não infringiu a legislação que proíbe o nepotismo, já que se trata de parentes muito distantes – acima do 3º grau – do governador do Estado.

• Com o Regime de Recuperação Fiscal praticamente inviabilizado, o governo de Goiás pode tentar uma meia-sola com um decreto de calamidade financeira. É desgastante, mas oferece vantagens razoáveis.

• São só mais 2 semanas de mandato para Daniel Vilela e Pedro Chaves na Câmara Federal. Aquele vai ser presidente do diretório estadual do MDB, esse fica como chefe de gabinete de Vanderlan Cardoso no Senado.

• Forasteiros, por um lado, para incomodar, e técnicos consagrados, por outro lado, porque conhecem bem a máquina. Esses foram os 2 critérios usados por Ronaldo Caiado para escolher a maior parte do seu secretariado.