IRIS E MAGUITO FORAM SANTIFICADOS APÓS A MORTE, MAS A HISTÓRIA PRECISA SER CONTADA
Passada a repercussão inicial da morte de Iris Rezende, é de se observar que não foi publicada uma única linha crítica ou questionadora sobre a sua biografia pessoal e trajetória política. Como sempre, procedeu-se a um costume já cristalizado em Goiás, que é o da santificação daqueles que se foram. Maguito Vilela, por exemplo, foi transformado em conciliador e pacificador, coisa que nunca foi, haja vistas ao apoio que deu ao seu filho Daniel Vilela, logo após a eleição de 2018, para um dos gestos mais desastrados da história da política estadual: a expulsão dos prefeitos do MDB que apoiaram a eleição do governador Ronaldo Caiado, por pura vingança, que hoje pesa como um fardo nas costas de Daniel (se ele pudesse voltar no tempo e reparar esse tremendo erro, é certo que o faria). Quanto a Iris, nunca foi um governante preocupado com as pessoas, a não ser na medida em que seriam beneficiárias das obras físicas pelas quais era apaixonado e nas quais enxergava o objetivo de toda e qualquer gestão pública. Em suas inúmeras administrações, tanto no governo do Estado quanto na prefeitura de Goiânia, nunca implantou um programa social, por menor que fosse. Nem muito menos focava áreas de predominância humanista, como a Educação ou a Cultura, por exemplo. Se é que deixaram um legado, é bom e oportuno que esse seja visto da maneira correta, tanto no seu caso quanto no de Maguito Vilela.
A ETERNIDADE NÃO CORRIGE OS ERROS DOS HOMENS PÚBLICOS, ANTES AGRAVA
Passar aqueles que já se transferiram para a eternidade por uma arguição quanto aos seus vícios e virtudes não significa, absolutamente, desmerecer quem quer que seja ou faltar com o respeito. Ocorre que apenas exaltar e ainda por cima atribuir qualidades que nem Iris Rezende nem Maguito Vilela jamais tiveram passa longe da contribuição correta que deveria se dar à permanência de cada um no processo histórico e para a apreensão das gerações que com eles não conviveram e não os conheceram. Suas falhas e seus acertos, devidamente pesados e examinados, somente assim poderiam oferecer uma contribuição positiva para os processos de decisão que serão tomados nas áreas em que ambos atuaram. Já os tratar como os heróis que não foram – e talvez sequer tenham pretendido ser – não colabora para se chegar a uma visão clara do passado, para se alcançar passos mais seguros no presente e no amanhã. O julgamento da História, na verdade, nunca é ameno ou tolerante, mas, antes, impiedoso e cruel, jamais perdoando e quase sempre cobrando pelas responsabilidades que não foram atendidas.
AS DIFICULDADES PARA MEIRELLES EQUILIBRAR BIOGRAFIA COM PROPOSTAS
O ex-ministro e atual secretário de Fazenda de São Paulo Henrique Meirelles é ágil nas suas entrevistas, mas ainda não definiu um discurso eficiente para se fazer próximo do eleitorado goiano. Em uma eleição em que os especialistas preveem uma priorização para a capacidade de entregar serviço dos candidatos majoritários, Meirelles tem muito a mostrar na campanha, na razão da sua vasta experiência na iniciativa privada e em cargos de primeiríssimo escalão do governo federal, como o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Mas, atenção: celebração do passado, em eleições, pode acabar tirando voto, porque, de uma forma ou de outra, o voto depositado na urna mira o futuro e não o que já passou. É preciso achar o ponto exato de equilíbrio entre biografia e propostas, o que, no caso de Meirelles, não será fácil, por um motivo raso e simples: ele é grande demais para projetos que vão influir no dia a dia das cidadãs e dos cidadãos e tem perfil adequado a uma atuação institucional, visando a bandeiras de peso nacional, como a definição das linhas da política econômica, caso seja eleito senador. Só que a mulher e o homem comuns não entendem nada disso.
ESTUDANTES DE APARECIDA SÃO OS QUE MAIS GANHARAM NOTEBOOKS ATÉ AGORA
Nas barbas (ou no mefistofélico cavanhaque) do prefeito Gustavo Mendanha, o governador Ronaldo Caiado começou e aprofundou por Aparecida um dos programas mais emblemáticos do seu governo: a distribuição de notebooks para os alunos das escolas estaduais, promessa que os governos do PSDB passaram 20 anos repetindo e nunca cumpriram. O governador já fez três eventos no município e completou 8 mil equipamentos entregues aos estudantes, em uma das ações socioculturais mais motivadoras da juventude no mundo de hoje. Mendanha não passa nem perto. Apesar do discurso vazio de modernidade, a gestão da prefeitura de Aparecida é a mais atrasada possível, faltando projetos de tecnologia e expansão digital no município, principalmente para as crianças e adolescentes – que agora começam a caminhar, mas por conta do governo estadual, com Mendanha fingindo que nada vê do alto da montanha de ressentimentos pessoais que nutre contra o governador – a quem atribui as operações da Polícia Civil que se repetem para investigar corrupção na sua administração, com o envolvimento escancarado de secretários que, mesmo assim, foram mantidos nos seus respectivos cargos.
PESQUISA DA FIRJAN DESMENTE PALESTRA DE MENDANHA EM BARCELONA
No dia em que, em Barcelona, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha anunciou ter dado uma palestra a empresários internacionais para mostrar as potencialidades de negócios oferecidos pelo município (se é que isso é verdade e não mais marketing), repassando dados sobre o que chamou de elevada margem de investimentos da prefeitura na sua gestão, os jornais em Goiás desmentiram essa afirmação com o noticiário sobre a pesquisa da Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro revelando que, ao contrário, a taxa de investimentos em Aparecida caiu à metade desde que Mendanha assumiu. Os números são indesmentíveis. E explicam por que o atual prefeito não tem, mesmo depois de quase cinco anos de mandato, uma obra ou qualquer outra realização capaz de dar uma marca ou identidade para a sua administração. Além do que foi feito pelo seu antecessor Maguito Vilela, que era mestre para levantar recursos e investir, em especial em Brasília, Mendanha não só não avançou, como, pelo que se vê no levantamento da Firjan, até deu uma significativa marcha à ré na economia aparecidense. São os números da sua contabilidade fiscal que provam o retrocesso e contra números não há argumentos.
“MUTIRÃO DE IRIS” FOI UMA BOA SACADA DA COMUNICAÇÃO DO GOVERNO DO ESTADO
Batizar os mutirões que o governo do Estado promoverá não só em Goiânia e Aparecida, como em todo o Estado, de “Mutirão Iris Rezende”, foi uma boa sacada da área de comunicação do governador Ronaldo Caiado. Além de homenagear o ilustríssimo falecido, estabelece conexões históricas que vão fundo no imaginário da população goiana e institucionalizam esse programa de mobilização popular que todos os prefeitos e governadores copiaram, porém com nomes que não pegaram e que apenas tentaram disfarçar a utilização, muitas vezes malfeita, da ideia original de Iris.
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