AUSÊNCIA DE TRANSIÇÃO É RUIM PARA OS GOIANOS
Uma transição civilizada entre o atual governo e o de Ronaldo Caiado teria sido benéfica para os goianos, na medida em que seria permitido à nova gestão, já nos primeiros dias, adotar medidas importantes para a estabilização financeira do Estado e também para o destravamento das suas ações. Mas a necessidade de ocultar dados que exporiam o descalabro financeiro do Estado impediu que informações estratégicas fossem transmitidas para a equipe de Caiado, que está até hoje sem uma visão correta da herança que vai receber em 1º de janeiro, e assim vai chegar lá. Goiás, nessas últimas semanas de Zé Eliton como governador, caminhou para trás como nunca se viu antes. Até hoje, no início da terceira semana de novembro, não foi paga a totalidade da folha de pessoal de outubro, prenunciando os dias difíceis que estão pela frente.
GOVERNO PRECISA DE GESTORES, NÃO DE CELEBRIDADES
Comenta-se sobre a possibilidade de Ronaldo Caiado indicar uma médica de elevado renome na carreira para a Secretaria da Saúde. Pode dar certo, mas as expectativas são no sentido contrário: governos necessitam de gestores para dar certo, não de sumidades ou expoentes profissionais. As exigências da máquina pública são bem específicas e não passam pela racionalidade científica ou pela expertise técnica. Um exemplo é a experiência da médica Fátima Mrué na pasta da Saúde da Prefeitura de Goiânia, que até hoje não encontrou o caminho. Os hospitais estaduais, essência da Secretaria estadual da Saúde, deveriam ser administrados por alguém que os conhece por dentro e em detalhes, caso, por exemplo, de Zacharias Calil, eleito deputado federal no último pleito.
VAIVÉM DE ZÉ VITTI O LEVA DE VOLTA PARA O COLO DE CAIADO
Dono de um histórico pessoal e político de ligações estreitas com Ronaldo Caiado, o presidente da Assembleia Zé Vitti esteve afastado dessa convivência enquanto sonhou com a possibilidade de se transformar em 1º suplente de senador de Lúcia Vânia, mas, com a derrota, está de volta ao colo do governador eleito. Vitti, agora, almeja uma posição de destaque na nova gestão, que permita manter alguma visibilidade e criar condições para uma candidatura a prefeito de Goiânia. Como não terá mandato a partir do ano que vem, pode mudar de partido, sem nenhum problema, e voltar ao DEM, ao qual já foi filiado (hoje está no PSDB, sem qualquer identificação com os tucanos, mesmo porque, publicamente no começo e nos bastidores em seguida, foi um dos maiores críticos à condução que Marconi Perillo e Zé Eliton deram à base governista durante a última eleição).
USO DOS AVIÕES DO ESTADO SERÁ INVESTIGADO
O governador eleito Ronaldo Caiado determinará, como um dos primeiros alvos assim que tomar posse, uma investigação detalhada sobre o uso dos aviões do Estado nos últimos anos. Há denúncias de viagens realizadas exclusivamente para que figurões da atual administração se submetessem a tratamento estético, com carros seguindo por terra levando staff e seguranças. Esse assunto deveria ter sido levantado na campanha, mas não houve como comprovar através de documentos oficiais, o que, a partir de 1º de janeiro, não será problema algum. Deslocamentos para fazendas e de familiares, em fins de semana e feriados, também serão examinado a fundo.
QUEM É O RESPONSÁVEL PELA FOLHA DE DEZEMBRO?
Segundo o atual governo, é a próxima gestão. Segundo o futuro governo, é a atual administração. Esse impasse antecipa o que já se sabe: o pagamento de dezembro não tem data para ser feito. Pelo sistema atual, os salários do funcionalismo são quitados em duas parcelas, a primeira no último dia do mês, para quem ganha até R$ 3,5 mil, e a segunda no dia 10, para os demais. Mas esse escalonamento deixou de ser cumprido – outubro, por exemplo, não foi liquidado em sua totalidade até hoje. Tem alguma lógica a presunção de que dezembro deveria ser pago parcialmente pelo governo findante, no dia 31, e o restante no dia 10 de janeiro, já pelo novo governo. Isso se as coisas chegassem até lá em ritmo normal, o que não vai acontecer.
JOÃO CAMPOS NÃO É AZARÃO, MAS, SIM, FAVORITO
Apesar da impressão de que João Campos seria uma espécie de azarão para a presidência da Câmara dos Deputados, não é. A preferência de Jair Bolsonaro pelo seu nome e o apoio das bancadas evangélica e da bala praticamente transformam o goiano em favorito para a disputa, dependendo de alguma capacidade de articulação nos bastidores. A grande vantagem oferecida pelo nome de João Campos é o seu distanciamento da velha política hoje em decadência no Congresso Nacional, o que poderia trazer uma reoxigenação condizente com os novos tempos que Bolsonaro forçosamente introduzirá em Brasília. A oportunidade está nas mãos do deputado.
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