CAIADO NÃO DEFINIU NADA SOBRE O QUE SERÁ SEU GOVERNO
Na história das transições entre governos, em Goiás, Ronaldo Caiado é uma das maiores exceções já registradas, ao se aproximar da data de posse sem adiantar seus movimentos iniciais na gestão e praticamente sem falar nada de concreto sobre o que será a sua administração, a não ser declarações vazias de boas intenções e frases de efeito. Exceto o anúncio de alguns nomes, a maioria de fora do Estado, para o secretariado e a insistência na questão fiscal, não se sabe de nada que Caiado pretende fazer nem como será efetivamente o seu governo. Uma vez eleito, ele sempre repetiu que não tinha pressa para apresentar definições sobre o que pretende a partir de 1º de janeiro, decisão que levou ao auge com o pedido encaminhado à Assembleia Legislativa para que não fizesse a apreciação do orçamento para o ano que vem. É inédito. Não há paralelo nem em Goiás nem em nenhum outro Estado. Ou o que vem por aí será grandioso ou não passará de uma montanha parindo um rato.
PRESENÇA DE PARENTES NO SECRETARIADO PRECISA SER EXPLICADA
Essa estória de escolher um primo – o empresário Adriano da Rocha Lima – para a Secretaria Estadual de Desenvolvimento, à qual será acrescentado o epíteto de Inovação, precisa ser melhor esclarecida pelo governador eleito Ronaldo Caiado. Primo, como assim? E qual as qualificações que justificam a agregação de um parente à equipe de governo? E por que motivo alguém, bem sucedido na carreira empresarial, como se supõe no caso de Adriano da Rocha Lima, aceita deixar os seus negócios e vir para Goiás para integrar o secretariado, em função que paga um salário miserável de R$ 14 mil reais líquidos para o seu ocupante? São questões que precisam ser colocadas em pratos limpos. E urgentemente.
POSSE DO NOVO GOVERNO SÓ AGUARDA DEFINIÇÃO DE ZÉ ELITON
A posse de Ronaldo Caiado no governo do Estado, na manhã do dia 1º de janeiro, no plenário da Assembleia Legislativa, será ornamentada pelos discursos do deputado Talles Barreto, do PSDB, representando a oposição, e do deputado José Nelto, pela situação. Falarão também o presidente do Poder, Zé Vitti, e o empossado, encerrando a programação de discursos. O atual governador, Zé Eliton, não comparecerá, segundo a definição do protocolo e da tradição para a posse. Ao Zé, caberá receber Caiado no Palácio das Esmeraldas e efetuar a cerimônia de transição do cargo – ato que exige alguma coragem devido ao clima emocional e não menos tenso que é gerado em ocasiões desse tipo. Alcides Rodrigues, em 2011, por exemplo, não apareceu para repassar o bastão do poder a Marconi Perillo, missão entregue ao seu vice Ademir Menezes. Aguarda-se a confirmação de que Zé cumprirá o seu papel institucional ou se vai correr da raia.
NÃO HÁ MOTIVOS PARA BOLSONARO PRIVILEGIAR GOIÁS
Não há nenhuma certeza de que o presidente Jair Bolsonaro irá conferir privilégios especiais ao governo de Goiás, como, por exemplo, a inclusão do Estado no Regime de Recuperação Fiscal, que estabeleceria vantagens e facilidades para que o rombo financeiro a ser herdado do Tempo Novo de Marconi Perillo pudesse ser superado. Caiado, é bom lembrar, não apoiou Bolsonaro no 1º turno e só se definiu a favor no 2º turno, quando a fatura já estava definida a favor do capitão. Além disso, estabelecer condições favoráveis para Goiás em relação a outras Unidades da Federação acabaria caracterizando uma exceção que, na verdade, abriria uma porteira perigosa por onde passariam pelo menos entre 10 a 14 Estados, comprometendo os rigores fiscais da nova administração do país, sem falar que Caiado é tido como possível candidato a presidente em 2022 e portanto concorrente de Bolsonaro.
MARCONI, DO CÉU AO INFERNO EM MENOS DE 15 DIAS
Como é que o político mais importante de Goiás nos últimos 20 anos se transforma, em menos de um mês, em carta fora do baralho, como foi o caso de Marconi Perillo, que desceu do céu ao inferno em menos de 15 dias, desde que foi alvo de uma operação da Polícia Federal, ficou em 5º lugar na eleição para o Senado e amargou 24 horas de cadeia? É um caso raro, que ficará para a História pelo seu ineditismo, só se comparando, em termos de governadores de Estado, com o caso muito mais grave de Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro. E olha, leitor, que a semelhança ainda pode aumentar, diante das expectativas de novas ações policiais envolvendo o ex-governador goiano.
WILDER É O NOME DA FUTURA BASE GOVERNISTA PARA 2020
O senador findante Wilder Morais é o nome mais forte, dentro da base governista que se instalará a partir de 1º de janeiro em Goiás, para disputar a prefeitura de Goiânia em 2020, dada a sua proximidade com Ronaldo Caiado e diante também da sua boa e surpreendente votação na capital na última eleição. Mas, nos círculos caiadistas, há quem discorde, enxergando em Wilder um político sem “pegada” e com características exageradamente convencionais para o momento de renovação política que se instalou no país e deve continuar crescendo nos próximos anos. Em síntese, ele teria perfil ultrapassado, o que, aliás, teria sido decisivo para a sua derrota na disputa pelas 2 vagas no Senado, mesmo contando com a significativa vantagem de já estar no mandato. Foi uma chance de ouro para Wilder, que... a desperdiçou inteiramente.
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