Coluna Momento Político - 17 de outubro de 2018

EQUIPE DE 60 ESPECIALISTAS PREPARA 100 PRIMEIROS DIAS

Uma equipe de 60 especialistas, que participou da elaboração do plano de governo de Ronaldo Caiado (o mais amplo e detalhado dentre todos os que foram apresentados na última eleição em Goiás) está preparando uma espécie de abordagem de impacto para o novo governo, com um calendário de ações para os seus primeiros 100 dias. Será priorizada, em primeiríssimo lugar, a situaçãqo fiscal, que Caiado receberá em petição de miséria. Em seguida, virão Saúde, Segurança e Educação, por essa ordem de importância. Em meio a tudo isso, uma reforma administrativa, com a extinção de órgãos, criação de outros (voltará a Secretaria de Agricultura, por exemplo) e medidas setoriais nunca adotadas antes no Estado, como a proibição de publicidade, a não ser de interesse educativo ou utilidade pública. Avalia-se até o fechamento da Televisão Brasil Central e a devolução da concessão do seu canal ao governo federal.

SÓ CAIADO ENTENDEU A ASCENSÃO DE BOLSONARO

Uma chusma de políticos goianos foi ao Rio de Janeiro para declarar apoio a Jair Bolsonaro. Um deles, o candidato derrotado ao Senado Wilder Morais, voltou com a ideia de abrir – e abriu – um comitê a favor do presidenciável que praticamente já venceu a eleição. É tudo carona. Bolsonaro não faz campanha tradicional, não precisa de políticos ao seu lado nem de qualquer tipo de campanha convencional, muito menos desgastantes comitês. O único que entendeu o espírito cívico da ascensão do capitão foi Ronaldo Caiado, que também esteve com ele no Rio e saiu dizendo que o seu apoio não se dará através de formalidades, mas mediante um envolvimento completo no campo das ideias e da ideologia, que é natural entre os dois. Bolsonaro vai ganhar em Goiás com uma votação em torno de 70% do eleitorado, mais do que teve Caiado.

TRANSIÇÃO SERÁ REAL SE GOVERNO MOSTRAR QUE QUEBROU

Um processo civilizado de transição entre governo que sai e governo que entra é uma característica das sociedades democráticas. E, agora, está sendo ensaiado em Goiás, com o governador Zé Eliton se prontificando – algo em que muita gente não acredita – a abrir desde já a caixa preta das contas do Estado para o governador Ronaldo Caiado. Para isso, Zé Eliton formou uma comissão de vacas sagradas do Tempo Novo, burocratas que estiveram em todos os governos de Marconi Perillo e sobreviveram no seu. São, portanto, experts em manipulação de dados, que foi a tônica dos últimos anos da gestão estadual. Por exemplo: ninguém nunca disse que a Bolsa Universitária estava atrasada há seis meses. Foi o sindicato das faculdades e universidades particulares que denunciou. O governo vai mostrar esses desmandos desde já?

PETISTAS ENTREGAM OS PONTOS E SOMEM DAS RUAS

O PT de Goiás engoliu a loba, entregou os pontos e não está fazendo nada pela eleição de Fernando Haddad para a presidência. Sumiram tanto a candidata derrotada ao governo Kátia Maria quanto os deputados eleitos, os estaduais Antônio Gomide e Adriana Accorsi, e o federal Rubens Otoni. Entre os eleitores goianos, a preferência por Jair Bolsonaro é esmagadora e é possível que já tenha ultrapassado os 70% de intenções de voto. Não se vê, nas ruas, sequer um adesivo de carro divulgando o nome de Haddad. Afora o horário eleitoral, a campanha do petista não existe aqui no Estado.

ELEIÇÃO PARA PREFEITO DE GOIÂNIA ENTRA NO RADAR

Longe ainda no tempo, mas próxima quanto ao calendário político, a eleição para prefeito de Goiânia em 2020 já entrou no radar e, desde já, pode ser vista assim: 1) Iris Rezende será mais uma vez candidato, mas, se surpreender com uma desistência, abre o campo para Daniel Vilela; 2) o PSDB terá como melhor alternativa a vereadora Dra. Cristina, que perdeu para deputada estadual, mas passou dos 20 mil votos na capita e representa uma espécie de renovação e limpeza do partido; 3) Alexandre Baldy deve ser o nome do PP; e 4) o PT deve repetir Adriana Accorsi, que se saiu muito bem na reeleição para a Assembleia. Aventureiros como Zé Vitti, pelo PSDB, estão completamente descartados. E Delegado Valdir deverá vir pelo PSL de Bolsonaro.

POLÍCIA FEDERAL ATRÁS DA ORIGEM DO DINHEIRO

De onde saíram os mais de R$ 1 milhão de reais em dinheiro vivo que a Operação Cash Delivery encontrou em poder de Jayme Rincón e do seu motorista? Levando-se em conta que Rincón atuava, quando foi preso, como coordenador-geral da campanha do PSDB, qual seria o destino desses recursos? Para que alguém guardaria em casa uma quantia como essa, em época de reta final de eleições? As respostas são óbvias, mas precisam ser acompanhadas de provas. É por isso que essas perguntas dominam, no momento, as investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, que pediram ajuda ao COAF para localizar saques bancários vultosos duas a três semanas antes da apreensão.

NOVEMBRO VAI COMEÇAR COM DEMISSÕES

O mês de novembro deve começar com a demissão em massa de servidores comissionados do Estado, em uma tentativa desesperada para baixar os gastos e garantir o pagamento pelo menos das despesas fundamentais para a gestão, como o funcionamento dos hospitais e a gasolina para as viaturas da polícia. Essas exonerações só não ocorreram ainda em outubro pela inviabilidade de corrigir a folha de pessoal a tempo, já que ela é fechada em torno do dia 10, devido ao seu gigantismo. No entorno do governador Zé Eliton, fala-se no afastamento de pelo menos 60% dos comissionados – se não todos.

EM RESUMO

• Os candidatos majoritários derrotados da chapa governista, ativos nas redes sociais durante a campanha, praticamente desativaram os seus perfis. Ficaram para trás as postagens da “onda azul” e do “vira virou”.

• Casos mais graves de depressão pós-urnas no PSDB: Jean Carlo, que perdeu uma eleição certa para deputado federal, e Francisco Oliveira e Eliane Pinheiro, antes tidos como prováveis mais votados. Estão doentes.

• Ronaldo Caiado não vai escapar da sina de nomear parentes para o secretariado, em que deve pontificar, qualquer que seja o cargo que venha a ocupar, a filha Ana Vitória, ex-procuradora-chefe da Prefeitura de Goiânia.

• A equipe econômica do novo governo avalia a suspensão temporária dos incentivos fiscais para tirar a curto prazo o Estado da crise financeira. Posteriormente, os benefícios seriam 100% devolvidos às empresas.

• O PTB, que sucateou a Secretaria de Desenvolvimento, transformada em valhacouto de ex-prefeitos e ex-vereadores, vai anunciar apoio ao governo de Ronaldo Caiado – mas sem a presença tóxica de Jovair Arantes.

• A Operação Cash Delivery e consequente prisão inviabilizaram a nomeação de Marconi Perillo para o Tribunal de Contas do Estado, onde teria foro privilegiado. Mas a possibilidade para Zé Eliton continua aberta.

• Profissionais: os mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo apreendidos com Jayme Rincón em motorista estavam em pacotes presos por ligas elásticas. As cintas de papel que mostrariam o banco de origem foram retiradas.

• Jorge Kajuru não foi ao almoço dos parlamentares eleitos com Ronaldo Caiado – sinal de que não brincava ao avisar que será senador independente e não mero agregado do novo governo. Isso é bom para Goiás.

• Há um clima de intrigas entre os Vilelas, principalmente Maguito, e o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, que teria assumido compromissos com a campanha de Daniel – e até agora não cumpriu.