NINGUÉM FOI SOLIDÁRIO COM MARCONI
Uma das surpresas do episódio da prisão preventiva do ex-governador e candidato derrotado ao Senado Marconi Perillo foi a pouca ou quase nenhuma solidariedade pública que recebeu dos seus aliados – ou quem sabe ex-aliados. O principal deles, o governador Zé Eliton, não disse uma palavra e olha que é advogado experiente e teria autoridade para avaliar a justeza legal da detenção ou não. Pior ainda foram as declarações do presidente da Assembleia Zé Vitti, quando afirmou que o acontecido foi ruim... mas para a classe política como um todo. Tão zeloso com o seu marketing pessoal, a ponto de se deixar fotografar de joelhos em uma igreja após ser solto, Marconi foi abandonado ao léu pela tucanada em geral.
TEMPO NOVO CRIOU E DESTRUIU A BOLSA UNIVERSITÁRIA
Zé Eliton e Marconi Perillo, ao permitir o atraso nos pagamentos da Bolsa Universitária por mais de seis meses, acumulando uma dívida com as faculdades e universidades em torno de R$ 60 milhões, comprometeram irremediavelmente o programa. O novo governo vai ter dificuldades para cobrir esse rombo, pelo menos nos seus primeiros meses – e provavelmente vai ter que encerrar ou suspender a ajuda aos universitários carentes. Um detalhe picante: apesar de exaltar a Bolsa Universitária nos seus discursos e programas de rádio e TV, Zé Eliton, desde que assumiu, em abril último, nunca pagou as suas obrigações. Nem uma única vez.
VAI SER DIFÍCIL PARA DANIEL SEGURAR O MDB
É óbvio que a vitória de Ronaldo Caiado fortaleceu a ala dissidente do MDB, liderada por prefeitos de expressão como Adib Elias, de Catalão, e Ernesto Roller, de Formosa. Se o candidato derrotado a governador Daniel Vilela não se alinhar com esse grupo e com o novo governo, teremos uma disputa pelo comando do partido – com vantagem para a corrente caiadista, que, a propósito, está segura da sua superioridade, ainda mais com o poder de imantação que o Palácio das Esmeraldas exercerá sobre o pouco que sobrou ao lado de Daniel. A eleição para o diretório estadual emedebista ocorrerá logo no início do ano e colocará em jogo o controle sobre as milionárias verbas do fundo partidário e até mesmo espaços na administração estadual. O grupo de Adib e Roller não vai deixar barato.
AMBIENTE SOMBRIO DOMINA O PALÁCIO
Mesmo com tão poucos dias após a eleição, o ambiente e o café já esfriaram no Palácio das Esmeraldas. A agenda do governador Zé Eliton esvaziou-se, não há pedidos para audiências nem quaisquer solenidades programadas. O atraso de parte da folha de pagamento (atenção: nem os 40% iniciais prometidos foram pagos) jogou o ânimo de todos no chão. Já há até quem culpe a falta de criatividade do secretário da Fazenda Manoel Xavier pela falta de recursos para garantir pelo menos os salários do funcionalismo. Mas isso é fichinha perto do que vai acontecer, com a inevitável débâcle fiscal do Estado prevista para antes do final do ano.
O COVEIRO DO TEMPO NOVO SAIU GANHANDO
Depois de enterrar o Tempo Novo, de cabo a rabo, com o fiasco da sua candidatura, que nunca mostrou um lance de inteligência ou estratégia pensada, Zé Eliton se saiu bem, levando como prêmio de consolação mais três meses desfrutando das delícias e comodidades do cargo de governador de Goiás – mesmo com a crise financeira explodindo. Enquanto a maioria dos peões do tucanato ou já está na rua da amargura ou se prepara para o longo exílio que se aproxima, o coveiro de todos terminará seu mandato e voltará para a sua bem sucedida carreira jurídica. Politicamente, o Zé acabou. Volta o dr. José Eliton, quem verdadeiramente ele nunca deixou de ser.
FARSA DO IDEB VAI SER DESVENDADA
Laureada com uma secretaria extraordinária de R$ 14 mil mensais, logo após a derrota nas urnas, a professora Raquel Teixeira terá a missão de defender o “legado” do IDEB – que deu o 1º lugar para a Educação estadual em Goiás e foi exaustivamente citado na campanha eleitoral. Mas não vai ser fácil sustentar a trapaça. Quem entende do assunto sabe que o IDEB é uma conta extraída das provas presenciais, taxa de aprovação e taxa de evasão. O que a Seduce fez? Treinou os alunos para responder as provas, com base na repetição de questões, e removeu do ensino médio os alunos do curso noturno, que têm reprovação alta e elevado índice de abandono, transferindo-os sem que soubessem para o ensino supletivo. Pronto. Assim os índices subiram e foi feita a mágica do IDEB da Educação em Goiás.
PRIMEIRA FISSURA NO EDIFÍCIO DA AUTORIDADE MORAL
Parentes na política são sempre nocivos. Não há meio termo. Entram sob a alegação de supostas competências técnicas e pessoais, para, no fim, tudo se resumir a um favorecimento familiar descarado. Está em evidência, agora, o caso do governador eleito Ronaldo Caiado, que deve levar uma filha para o seu secretariado (ela já estará na comissão de transição, dizem os jornais) e estimula um primo para disputar a presidência da OAB-GO, conforme vídeo que o advogado Alexandre Caiado está distribuindo aos amigos. Nada disso cheira bem e vai se caracterizando como a primeira fissura no edifício da autoridade moral que o governador eleito tanto apregoou.
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