SEM BASE NA CÂMARA E COM UMA GESTÃO PÍFIA, ROGÉRIO CRUZ PODE ACABAR EM IMPEACHMENT
Há uma encruzilhada à frente do prefeito não eleito de Goiânia Rogério Cruz. O caminho reto é o de uma gestão de qualidade excepcional, com desempenho acima da média na constituição de uma base na Câmara de Vereadores, tudo isso corroborado com uma taxa elevada de aprovação popular assim que as pesquisas começarem a ser publicadas – o que deve sobrevir a partir dos seus 100 dias de mandato. A trilha tortuosa é a colheita de maus resultados, sem respaldo no Legislativo municipal, desandando em desastre administrativo e um clima de depressão no alto do Park Lozandes, já se ensaiando e fatalmente levando à discussão de um impeachment com o objetivo de encurtar uma gestão que não foi encomendada pelas goianienses e pelos goianienses, mas acabou acontecendo pelas artes do destino a partir do momento em que a imprudência e a negligência diante do novo coronavírus ceifou a vida de Maguito Vilela. Para piorar, a pandemia pode levar Rogério Cruz de roldão, acelerando um desfecho político negativo, caso a situação saia do controle em Goiânia e ele venha a demonstrar incapacidade para liderar o combate à disseminação da praga e evitar um colapso hospitalar e funerário, para ao qual estamos seguindo.
LISSAUER VIEIRA NÃO É CANDIDATO A VICE DE CAIADO, MAS AO MESMO TEMPO É
O presidente da Assembleia Lissauer Vieira não desistiu da vice na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado. Apenas, como político experiente, ele sabe que não existe esse tipo de candidatura, ou seja, não é usual que alguém se apresente como postulante a essa vaga, em parte alguma. Ao contrário, o que se espera é que aconteça uma convocação, que pode vir ou não a depender das circunstâncias que precedem um pleito para um governo. Enquanto isso, Lissauer Vieira trabalha ativamente no que é certeza: uma vaga na Câmara dos Deputados, que, hoje, diante da extensão da base eleitoral que construiu, deverá conquistar como o mais votado em Goiás.
DANIEL VILELA MERGULHA E NÃO É VISTO HÁ TEMPOS NEM NO PAÇO MUNICIPAL
O desaparecimento momentâneo do presidente estadual do MDB Daniel Vilela, que tem sido visto em raras ocasiões depois que o pai Maguito Vilela morreu vítima da Covid-19, atiça especulações e indica como seu caminho uma atuação mais reservada e moderada para os próximos meses, em especial em relação ao governador Ronaldo Caiado. Ninguém sabe o que Daniel Vilela anda fazendo, sendo provável apenas que tenha sido absorvido pelas tratativas em torno da herança do pai Maguito Vilela, de que ele é o coordenador natural. Pela última vez, Daniel foi visto no dia 9 de fevereiro, data da primeira e única reunião do conselho político, onde tem uma cadeira, criado para assessorar o prefeito da capital e que deveria ser convocado de 15 em 15 dias. Como, em política, quem não ocupa espaço acaba abrindo vácuo, o resultado é que a equipe política do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha voltou a se assanhar com a hipótese de candidatura do chefe a governador, em 2022, representando o MDB.
REABERTURA DAS IGREJAS FOI ESCORREGÃO GRAVE QUE O MP FELIZMENTE CORRIGIU
Evangélico do pé rachado, o prefeito de Goiânia Rogério Cruz agiu na contramão do país ao permitir a reabertura dos templos e igrejas de todas as religiões, liberando irresponsavelmente o funcionamento de verdadeiros criadouros de vírus – já que são locais de aglomeração e de contato estreito entre as pessoas e, pelas dimensões geralmente amplas, por outro lado, ou acanhadas, por outro, sempre de difícil limpeza. O mesmo erro foi cometido em relação às escolas privadas, também autorizadas a funcionar, não se cumprindo em nenhum dos dois casos as regras de comparecimento de apenas 30% da lotação máxima, até mesmo pela inviabilidade de se ficar à porta contando os fiéis (e os alunos). O prefeito mostrou debilidade diante da pressão das lideranças religiosas e dos empresários da Educação. Em ambos os casos, o Ministério Público Estadual foi contra, agiu com firmeza e conseguiu reverter essas duas situações equivocadas.
NO PAÇO MUNICIPAL, REFERÊNCIAS A IRIS SÃO AS MAIS NEGATIVAS POSSÍVEIS
Não há como não concluir: ninguém pode traçar hoje, com um mínimo de certeza, o que está reservado para a gestão administrativa de Goiânia nos próximos meses e talvez anos. Iris Rezende, apesar de toda a propaganda sobre um paraíso na prefeitura, construiu (sem trocadilho) um legado oneroso: há dívidas pesadas a serem pagas já em 2021, mediante juros caríssimos, e um leque de grandes obras com o cronograma atrasado e sem recursos visíveis para o seu custeio. À boca pequena, o que se diz de Iris no Paço Municipal, pela herança que deixou, é simplesmente impublicável. Quase nada do recapeamento prometido das ruas foi feito, menos de 30%. Quatro dos maiores projetos de infraestrutura iniciados por Iris estão longe de acabar: Terminal Isidória, BRT, trecho da avenida Leste-Oeste e complexo viário da avenida Jamel Cecílio. E sem falar, na área social, do gravíssimo déficit de vagas na educação infantil municipal, prejudicando as mães trabalhadoras de Goiânia. Se Rogério Cruz não se transformar em um prefeito atuante e determinado, será soterrado por essa onerosa realidade.
GESTÃO FINANCEIRA É O FORTE DE CAIADO, QUE CONSEGUIU ESTABILIZAR O ESTADO
O governador Ronaldo Caiado pode ser considerado pé quente em matéria de gestão financeira do Estado. Ou um expert, bem assessorado por uma economista do calibre de Cristiane Schmidt na Secretaria da Economia. Em janeiro último, a arrecadação estadual bateu novo recorde, com pandemia e tudo, chegando a R$ 2,62 bilhões, pelo menos 40% do que Caiado viu entrar quando assumiu, em janeiro de 2019. Em relação ao ano passado, no mesmo mês, foram 23% a mais, ou, se comparada ao dezembro anterior, um crescimento de quase 10%. São números espetaculares, que consolidam a estabilização do caixa e o fim do problemático desequilíbrio entre receita e despesa herdado pelo atual governador.
JOSÉ NELTO NÃO FALA MAIS EM SÉRGIO MORO PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Um sinal da perda de prestígio do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro é que ele desapareceu das postagens do deputado federal José Nelto, antes um fã de carteirinha do campeão da luta contra a corrupção no país. Nelto defendia com paixão a candidatura de Moro a presidente da República pelo seu partido, o Podemos, que ele vivia colocando à disposição do Catão de Curitiba. É exagero dizer que o principal operador da Lava Jato está liquidado politicamente, inclusive porque o manto de impunidade que passará a recobrir o ex-presidente Lula servirá de combustível inclusive para acender as especulações presidenciais em torno do seu nome. Porém, até que que tudo venha a se aclarar, é provável que pelo menos os políticos tradicionais como o parlamentar goiano mantenham uma distância cautelar.
EM RESUMO