Logomarca
Nublado
º
min º max º
CapaJornal
Versão Impressa Leia Agora
Sábado. 15/06/2024
Facebook Twitter Instagram
COLUNISTAS

BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 14 De Março De 2023

14/03/2023 às 13h17


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

facebook twitter whatsapp

A nova realidade de primeiras-damas com presença marcante

 

Vejam a foto, leitoras e leitores. A política, como se sabe, é um ambiente machista, pelo Brasil afora, como mostra o encontro da primeira-dama com os deputados para o encaminhamento do Pacote Social. Mas isso, felizmente, está mudando. Lá está Gracinha à vontade, cercada por eminentes senhores, recebendo aplausos reverenciais. Isso é um avanço e é bom.

 

 

Parece definitiva, no Brasil, a era das primeiras-damas de presença marcante na administração e na política, deixando para trás o antigo papel de peças de ornamentação das vitrines dos governantes estaduais e nacionais.

Estão aí, em plena ação, mulheres de personalidade como Janja, companheira de Lula, e Gracinha, esposa de Ronaldo Caiado (também no passado, se dizia “mulher” de fulano, mas o empoderamento feminino passou a apontar essa referência como negativa).

No caso de Goiás, Gracinha, assim como Janja em Brasília, vai além de uma atuação proativa na coordenação dos programas sociais, sua função específica na gestão de Caiado. Ela faz política, atravessando com sua influência toda a estrutura do governo, no mínimo como principal e mais importante conselheira. É tanto temida como respeitada.

O governador, em uma reunião com representantes do agro, por ocasião do debate sobre a contribuição fiscal sobre a produção do setor, disse com todas as letras que devia a sua reeleição à primeira-dama, diante da efetividade e da extensão do apoio que ela deu às faixas carentes da população no mandato encerrado.

Foram R$ 4,5 bilhões entregues através de programas como Mães de Goiás, Aluguel Social, ajuda pecuniária aos estudantes da rede estadual, Universitários do Bem, NutriBem e muitos outros. Que, agora, vão se multiplicar em velocidade acelerada. Mais quatro já foram aprovados nesta semana pela Assembleia, como parte do chamado Pacote Social: Goiás Por ElasDignidadeFamília Acolhedora Goiana e o novo Cofinanciamento Estadual da Assistência Social, destinado a estimular a prática da assistência aos pobres pelos municípios. E assim, somente neste ano de 2023, o orçamento do Estado para a solidariedade às pessoas vulneráveis irá a fantásticos R$ 3 bilhões, sob o comando de Gracinha.

 

 

Advocacia ferve com as 3 vagas disponíveis no Tribunal de Justiça

Carlos Alberto França, presidente do TJ-GO: o único que será ouvido por Caiado

Está aberto o processo de indicação de três novos desembargadores por conta do chamado quinto constitucional, ou seja, a cota reservada a membros da advocacia na composição do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

O salário elevado e vitalício, as mordomias e uma importância ímpar dentro da estrutura do Poder Judiciário estadual, tudo isso sem concurso e sem a necessidade de uma carreira precedente como juiz, despertam os sonhos e as ambições dos advogados que atuam em Goiânia (ninguém do interior jamais conseguiu). Há um funil pelo qual passar, e em dados momentos assemelhado a um corredor polonês, para chegar ao cargo.

Para alcançar o galardão, os interessados terão que ingressar em uma das três listas sêxtuplas a serem definidas pelo conselho da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Goiás, tradicionalmente em clima quase pacífico. As inscrições estão abertas, até 29 de março, uma quarta-feira. Basta estar registrado na OAB e comprovar exercício da profissão para se habilitar. Apesar dos mais 60 mil advogados teoricamente atendendo a esse requisito no Estado, no final das contas o número de inscritos fechará no máximo em uma centena.

Em seguida, a seleção se estreitará: até junho, ou antes, o TJ-GO reduzirá as listas sêxtuplas a listas tríplices. Chapa quente, a partir daí, ou seja, o tal corredor polonês. Os atuais desembargadores votarão os nomes de sua preferência em um ambiente sempre foi marcado por disputas acirradas quanto ao quinto constitucional. Metaforicamente, corre sangue. As alas em que o Tribunal se divide entram em confronto pelos seus favoritos. Inimizades eternas são forjadas a partir desse momento.

Prontas as listas tríplices, vem a etapa crucial: a decisão soberana do governador Ronaldo Caiado, elegendo em cada lista tríplice um premiado, conforme seus critérios. É uma fase essencialmente política, repleta de manobras e articulações de bastidores, porém dentro de uma normalidade institucional. Certeza mesmo é que Caiado tende a se resolver até certo ponto ouvindo o atual presidente do TJ-GO Carlos Alberto França, com quem mantém ótimas relações e entendimento. Historicamente, as escolhas do governador costumam ser recebidas sem contestação, mesmo porque não há canal para a sua discussão. É tranquilo.

Tranquilo, mas com poder para incendiar a chamada política classista da advocacia em Goiás, pelos próximos meses.

 

Caiado passa o rodo e joga a oposição no vazio

A cooptação da deputada federal Leda Borges, do PSDB, para a base de relacionamento político do governador Ronaldo Caiado tem um significado que está passando despercebido: simboliza, na verdade, o esvaziamento total e absoluto da oposição em Goiás, em um grau jamais visto antes na história do Estado.

Através de composições diretas e do estabelecimento de conexões civilizadas e educadas, caso dos deputados do PT, por exemplo, Caiado passou o rodo e arrastou para as suas proximidades a maioria das lideranças oposicionistas. Outras se esvaziaram por si próprias, como o ex-governador Marconi Perillo. Nesta quarta, em O Popular, Marconi dá uma série de declarações à coluna Giro sem disparar uma única palavra de crítica ao atual inquilino do Palácio das Esmeraldas.

Pelo seu histórico e pelas duas derrotas sucessivas frente ao caiadismo, o tucano deveria ser o principal elemento de aglutinação da oposição em Goiás. Não é. Falta discurso, inteligência e compreensão sobre o tempo novo (alguém já ouviu essa expressão antes?) instalado na política estadual depois dos quatro anos do primeiro mandato de Caiado. Parâmetros foram quebrados. O governo enveredou por um caminho que mistura profissionalismo com gerenciamento técnico. Não à toa, nem Marconi nem qualquer outro oposicionista sabem o que dizer da gestão.

O ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, principal adversário na eleição de 2022, adotou um tom ameno e propositivo em relação a Caiado. Parece esperar um convite para uma conversa. Em outra frente, o senador Vanderlan Cardoso segue dentro do seu estilo moderado, dando a impressão de que pretende no futuro se opor ao governo, porém não agora. A Assembleia está serena e plácida como um lago de águas paradas. A ruína do bolsonarismo apagou a chama dos destrambelhados da Casa, gente como o doidivanas Major Araújo, hoje mais comedido diante do risco de ser submetido ao rigor da Justiça Eleitoral (e de fato o Major está ameaçado de cassação por processos postulando a cassação da chapa do seu partido, o PL, empurrando como consequência o seu mandato para o ralo).

Caiado aproveita tudo isso para montar o seu segundo mandato. Pretende, como já anunciou, “governar para os pobres”. Mais um motivo, aliás, para que ninguém se coloque contra. Eles são mais de dois milhões de goianas e goianos em situação de necessidade e podem chegar a quatro milhões, pelo critério de baixíssima renda. O governador pode se concentrar à vontade no esforço para melhorar – diminuindo – esses números. Um nirvana de paz e tranquilidade para isso ele conquistou.

O quebra-cabeças de 7 milhões de peças

Enquanto a classe política se consumia de ansiedade, o governador Ronaldo Caiado não mostrava a menor a menor pressa para concluir a formação do secretariado do seu segundo mandato.

Desde a posse, em 1º de janeiro, Caiado revela alguma novidade de vez em quando e só. Mudanças pontuais. Formalmente, alega não se tratar de um novo governo e, sim, de uma sequência administrativa e política sem interrupção, já que era e continua como governador. Subentende-se que o secretariado passa por um ajuste aqui e acolá. No fundamental, no que importa, fica com a mesma composição

Um único governador foi reeleito em Goiás, fora Caiado: Marconi Perillo, duas vezes. Em ambas as ocasiões, o anúncio da equipe de auxiliares se revestiu de pompa e solenidade, antes da posse. Presidentes reeleitos, como FHC, Lula e Dilma, também fizeram igual.

Caiado reescreveu esse script. Dentro e fora da sua base, os políticos reagiram mal. Isso não afetou o governador. Nesta semana, ele, sem abrir mão da fleuma, avisou: todos os que estiveram na sua chapa serão chamados. E o fez: Delegado Waldir, Alexandre Baldy e Vilmar Rocha sentaram-se com ele.

Caiado está com a cabeça virada para outro rumo, concentrado em montar um quebra-cabeças, de olho no futuro – ou nas próximas eleições, a de 2024 e a de 2026, tendo como base uma gestão de qualidade, sem os prejuízos do loteamento político. São sete milhões de peças, representando cada goiano e cada goiana, dentre os quais 4,8 milhões estão alistados para votar. A maioria escolheu reeleger o governador, no 1º turno. Em Goiânia, quase a metade. É esse o público a atender – e não os “políticos”. Daí a falta de prioridade para resolver as demandas desses últimos.