DEPOIS DE 6 DERROTAS CONSECUTIVAS PARA O GOVERNO DO ESTADO, O MDB VAI INSISTIR?
Nos últimos 20 anos, o MDB foi derrotado seis vezes seguidas nas eleições para o governo de Goiás. A cada insucesso, o partido foi se tornando menor, mesmo apresentando candidatos consistentes em pelo menos cinco desses pleitos, quando foram lançados Iris Rezende e Maguito Vilela, as maiores lideranças da legenda (e, na última disputa, em 2018, Daniel Vilela, quando a sigla se saiu muito mal e quase virou pó, sem conquistar nenhum deputado federal e apenas seis estaduais, dos quais dois saíram imediatamente para se filiar ao DEM). Se insistir em enfrentar a sétima eleição, abrindo mão de uma composição ostensivamente vantajosa como seria uma com o governador Ronaldo Caiado, em troca da vaga de vice ou senador na chapa da reeleição, o MDB teria a chance de se revigorar e, como propõe Iris Rezende, se preparar para lançar candidato próprio em 2026, provavelmente o nome que vier a figurar ao lado de Caiado em 2022. Esse parece ser o caminho hoje defendido tanto por Iris quanto por Daniel Vilela, porém sob contestação de alguns setores, como, por exemplo, o prefeito Gustavo Mendanha – que nutre ressentimento pelo apoio que o governador deu a Márcia Caldas, do Avante, na campanha do ano passado em Aparecida e tem vontade de retaliar. Mendanha é um político imaturo e inexperiente, que nunca passou por um batismo de fogo, não tem bandeira ideológica, carece de projeção estadual e faz uma gestão pífia, baseada na “unanimidade” adquirida com a cooptação de 100% da classe política aparecidense através da farta distribuição de cargos com bons salários.
IRIS FAZ EMBAIXADA DA BOA VONTADE ENTRE ADIB ELIAS E DANIEL VILELA
O ex-prefeito Iris Rezende iniciou uma espécie de embaixada da boa vontade para tentar minimizar as arestas entre o presidente estadual do MDB Daniel Vilela e o prefeito de Catalão Adib Elias. Expulso por Daniel depois de apoiar a eleição de Ronaldo Caiado em 2018, Adib agora está pronto para dar o troco, vetando o acordo que está sendo ensaiado para o ano que vem entre os emedebistas e o DEM. Já está agendada uma conversa entre o “trator do interior” e o velho cacique no escritório político da avenida T-4, no setor Bueno, para os próximos dias, quando a resistência de Adib começará a ser testada – Iris, abertamente, trabalha a favor de levar o MDB para a chapa da reeleição de Caiado e admite até emprestar o seu nome para a vaga de candidato ao Senado, embora não faça questão e esteja disposto a abrir mão em favor de Daniel Vilela. Quanto a este, parece aberto a reconhecer que errou no episódio da expulsão e, se for necessário, externar seu arrependimento se for o caso até com uma visita à casa do prefeito de Catalão.
QUANDO A CONSAGRAÇÃO, NA POLÍTICA, É MAIS IMPORTANTE QUE O OXIGÊNIO
A família de Iris Rezende passou a ser francamente favorável à sua desaposentadoria e consequente candidatura ao Senado no ano que vem, claro, na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado. É unânime a convicção, entre os parentes próximos, de que Iris só tem a ganhar com a motivação extra para os seus quase 90 anos que o exercício do mandato em Brasília daria a ele, fornecendo um combustível vital necessário para desfrutar de umaq vida saudável que seria mais decisivo que o oxigênio, ou seja, a consagração da sua biografia no altar mais elevado da política brasileira, que é a Câmara Alta. Nas circunstâncias peculiares de Iris e levando em conta o que realmente gosta de fazer, o novo mandato senatorial viria como uma garantia extra e qualificada de mais longevidade ainda. Esse é o ambiente doméstico que cerca hoje o velho cacique, ou seja, de estímulo a mais uma candidatura em 2022.
O EQUÍVOCO DE JÂNIO DARROT: QUERER SER GRANDE EM UM PARTIDO NANICO
O empresário e ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot experimenta na própria carne as agruras da opção – equivocada – por um partido político nanico, no caso dele o Patriota, que ele escolheu influenciado pelo marqueteiro Jorcelino Braga com a promessa de que seria candidato a governador. Darrot fez a sua carreira no PSDB, um partido grande, ainda que no momento fragilizado em Goiás. Ao saltar para o Patriota, comprometeu o seu futuro, tornando-se “nanico” também. Partidos assim são o mesmo que partidos de aluguel. Geralmente, propriedade privada de alguém que só decide motivado pelos seus interesses pessoais. E foi o que ocorreu com o proprietário da sigla, um tal de Adílson não sei o quê, que negociou com o presidente Jair Bolsonaro e vendeu o partido, danando-se a situação de quem foi ingênuo como Jânio Darrot, se filiou e agora, com Braga, foi jogado na rua da amargura. Está aí o resultado.
ROGÉRIO CRUZ AINDA NÃO CONCLUIU NENHUMA DAS 89 OBRAS DEIXADAS POR IRIS
Acendeu o sinal amarelo na prefeitura de Goiânia. Um balanço rápido mostra que todas as grandes obras deixadas em andamento por Iris Rezende, exatamente 89, estão com o cronograma atrasado. Nenhuma, mais de cinco meses após a posse de Rogério Cruz, foi ainda concluída. Faltam recursos, com as empreiteiras contratadas, sem exceção, enfrentando problemas com a disponibilidade de mão de obra e a aquisição de matéria prima, em razão das dificuldades criadas pelo impacto da Covid-19, entre elas a pressão para que pessoas de faixas etárias mais elevadas ou com comorbidades não saiam de casa para evitar o contágio, mesmo vacinadas. A mobilidade dos trabalhadores, em última análise, continua prejudicada. Outro problema é a complexidade da coordenação logística para garantir o andamento da construção de viadutos, pontes e novas pistas, que sofreu uma ruptura com o advento da nova gestão e a crise que se seguiu com o afastamento da maior parte do secretariado ligado ao MDB – substituídos, na maioria dos cargos, por quadros pouco dotados de talento administrativo.
FALANDO SÉRIO: FORA DANIEL E VANDERLAN, QUE NÃO QUEREM, A OPOSIÇÃO NÃO TEM NOME
De toda a fofoca em torno de candidaturas de oposição ao governador Ronaldo Caiado em 2022, só dois nomes se salvam: o presidente estadual do MDB Daniel Vilela e o senador Vanderlan Cardoso. O resto – gente tipo Gustavo Mendanha, Jânio Darrot, Sandro Mabel ou até mesmo Marconi Perillo – é enganação que não leva a lugar nenhum, do ponto de vista eleitoral. O problema é que Daniel Vilela anunciou que pretende ser “mais Maguito e menos Daniel”, ou seja, que vai abandonar o caminho do confronto e passar a trilhar a seara da conciliação, o que sugere que está pronto para levar o MDB a uma composição com Caiado, inclusive com um representante na chapa na reeleição. E Vanderlan, por sua vez, repete todo dia que o seu compromisso pessoal para 2022 é apoiar mais um mandato para o atual governador, em retribuição à força que recebeu de Caiado em 2020, em Goiânia, e que desse rumo não se afastará. Não sobra ninguém de peso para uma candidatura oposicionista, pelo menos alguém que tenha a necessária densidade eleitoral.
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