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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 09 De Março De 2023

09/03/2023 às 14h08


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Universalizar o nome é o desafio da ala jovem da política

 

Lucas Calil, Romário Policarpo e Pedro Sales: nomes de renovação da política estadual de olho na prefeitura de Goiânia

 

As eleições para prefeito de Goiânia no ano vindouro contarão com candidatos já conhecidos, como o senador Vanderlan Cardoso e o prefeito Rogério Cruz, mas estão incluídos desde já, pelo menos no campo das especulações, nomes de renovação radical como o deputado estadual Lucas Calil, o presidente da Câmara Romário Policarpo e o secretário estadual de Infraestrutura Pedro Sales.

É indesmentível: seriam novidades, em um cenário que ainda está longe de uma definição. Lucas Calil é deputado estadual pela terceira vez, aos 34 anos, mesma idade de Romário Policarpo. Pedro Sales tem 39. Todos os três desenvolvem carreiras públicas sólidas, os dois primeiros com repetidas vitórias eleitorais e políticas, enquanto o terceiro transforma-se pouco a pouco no auxiliar mais poderoso – em termos de recursos e potencial administrativo – do governador Ronaldo Caiado.

Em 1998, na maior reviravolta de todos os tempos da história de Goiás, Marconi Perillo, aliás com 34 anos, enfrentou e inesperadamente fulminou Iris Rezende. Essa cambalhota mostrou que as eleitoras e os eleitores do Estado eventualmente estão dispostos a correr algum risco e apostar em viradas de mesa. Particularizando as coisas quanto a Goiânia, nem tanto. Mas postulantes como Pedro Wilson e Darci Accorsi, petistas, conseguiram sair do quase nada para ocupar a sala número um do demolido Palácio das Campinas, a antiga aberração arquitetônica construída por Iris na Praça Cívica.

Para os jovens agora teoricamente em condições de reivindicar o Paço Municipal, há uma pedreira pela frente. Universalizar a imagem é o maior obstáculo a vencer. Policarpo está em vantagem, diariamente cavalgando o topo do noticiário com as suas divergências com o prefeito Rogério Cruz. Lucas Calil se beneficia da exposição garantida pelo seu mandato e por ações proativas como a sua dedicação à defesa do meio-ambiente. É pouco. Já Pedro Sales nunca foi às urnas. Dependeria, assim, de uma futura divulgação do seu conceito como gerente eficiente. Isso costuma ter peso quanto a prefeituras pelo país afora.

Para nenhum deles será fácil, caso tenham a coragem de ir adiante.

Sinal verde de Daniel Vilela apressa o acordo Caiado-Mendanha

Para o vice-governador Daniel Vilela, nada impede uma reconciliação com o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, principalmente se regressar ao MDB. É o que próprio Daniel disse à coluna Giro, em O Popular, sendo imediatamente respondido por Mendanha ao sinalizar, no mesmo espaço jornalístico, total abertura para discutir o assunto e esfregar uma borracha no passado.

Tudo isso significa, leitoras e leitores, que há um movimento forte e consistente para buscar um acordo entre o governador Ronaldo Caiado e o seu principal adversário na eleição de 2022. Gente empenhada não falta. Alguns apaixonadamente, como o prefeito de Aparecida Vilmar Mariano, louco para arranjar um mote para faturar um novo mandato – no caso, a formação de uma frente eleitoral como jamais se viu antes na política aparecidense.

Caiado e Daniel ganham com o esvaziamento da oposição ao governo, inicialmente, e nas eleições de 2026, em seguida, quando o atual vice será o candidato da base. Não há dúvidas ou riscos para esses players, daí o interesse. Isso vem à tona somente quanto ao futuro de Mendanha, teoricamente com chances de outra vez a ser candidato ao Palácio das Esmeraldas já no próximo pleito estadual. Não é um caminho plano, contudo.

Tal como quando se meteu na aventura da disputa pelo governo em 2022, ele, Mendanha, continua sem um partido de peso para se filiar ou para alianças mais à frente. Igualmente, não dispõe de estrutura de mobilização fora de Aparecida. Saiu da campanha fracassada com um fardo de dívidas. Sequer conseguiu montar uma equipe para ajudá-lo a circular nos municípios e promover uma comunicação eficiente para a sua candidatura. Viver isso novamente o ex-prefeito provavelmente não deseja de jeito nenhum.

O que Mendanha tem a colher junto com Caiado e Daniel? Ingressar em um grupo poderoso, destinado a perdurar na política estadual por décadas. Retornando ao MDB, terá espaço e respaldo para percorrer o interior já no ano que vem, elegendo prefeitos, atraindo e multiplicando aliados por esse Goiás afora. E até mesmo uma posição de destaque na gestão, com chances para apresentar trabalho e ampliar a visibilidade em tom afirmativo, de realizações, por que não? A restituição da sua carreira aos trilhos, enfim.

Passo histórico: Rogério Cruz exclui a Comurg da coleta de lixo

Prefeito Rogério Cruz: uma mudança histórica de parâmetros ao afastar a Comurg das suas funções originais

Eterno antro de irregularidades, a Comurg finalmente recebeu o tratamento merecido: o prefeito Rogério Cruz publicou edital nesta terça, 7, destinado a contratar uma nova empresa para o recolhimento do lixo em Goiânia – inclusive com o detalhe de uma ousada escalação de uma frota de caminhões para a varrição mecanizada das principais avenidas da capital, totalizando 22 mil quilômetros por mês.

É algo inédito em uma grande cidade brasileira. O contrato agora em concorrência prevê a mobilização diária de 24 caminhões dotados de vassouras para retirar a poeira e a sujeira das ruas, aspiradas logo em seguida. Vantagem adicional: remete a controversa Comurg para um limbo, encarregada apenas de serviços de manutenção, não se descartando a sua extinção a curto prazo.

Rogério Cruz se decidiu depois de dois anos de confronto com a companhia pública, hoje um ninho de privilégios – há funcionários escalando R$ 50 mil mensais em salários – e mais uma infinidade de desvios em matéria de gestão financeira, contabilidade e desorganização administrativa. A Comurg corresponde um modelo superado nos municípios de grande porte, em que uma empresa é criada e mantida pela própria prefeitura para cuidar da principal demanda em qualquer comunidade, qual seja recolher e dar uma destinação aos chamados resíduos sólidos.

Durou demais. Na eleição passada, mais uma vez, ela esteve no foco de denúncias, com centenas de funcionários contratados para atuar eleitoralmente, ao mesmo tempo em que a sua ineficiência permaneceu incólume. No momento, é alvo de uma polêmica na Câmara Municipal em torno da tentativa de instalação de uma Comissão Especial de Investigação para investigar seus desmandos e pode chegar a um ex-vereador eleito deputado estadual com o sacrifício das normas de boa condução de um ente público de importância capital – que a decisão de Rogério Cruz, ao abrir a licitação para dar outro desenho para a coleta de lixo em Goiânia pode ter colocado a caminho do fim.

Para onde penderá o eleitorado de Goiânia em 2024

É um pouco cedo para especular sobre as tendências do eleitorado de Goiânia em 2024, mas não muito. Mesmo faltando pesquisas e ainda longe do cenário definitivo, há dois fatores cruciais a se sobressaltar na formação das expectativas sobre o veredito das urnas quanto ao nome do próximo prefeito da capital.

Um histórico e um conjuntural. O histórico é a preferência das goianienses e dos goianienses por nomes associados a um perfil gerencial ou de algum modo técnico. Em 40 anos, venceu uma maioria de candidatos associados a essa imagem – os professores Nion Albernaz, Darci Accorsi e Pedro Wilson, o médico Paulo Garcia e até mesmo Iris Rezende e Maguito Vilela, esses dois políticos profissionais, de fato, só que no caso de Goiânia transformados em referência de capacidade administrativa acima de qualquer outra marca (o último, Maguito, depois de uma bem-sucedida gestão em Aparecida).

Conjunturalmente, pode ter peso a questão do conservadorismo – ou do bolsonarismo. Jair Bolsonaro ganhou com folga nos dois turnos no maior centro urbano do Estado. No primeiro turno, 56 a 33%, números ampliados no segundo para 64 a 36%. De resto, o então presidente carregou nas costas aliados apagados como Wilder Morais para o Senado e Gustavo Gayer para a Câmara Federal. Isso configura uma força eleitoral a reconhecer, portanto.

Em princípio, um concorrente capaz de reunir essas duas características contaria teoricamente com uma certa vantagem. O senador Vanderlan Cardoso é um exemplo. Tem fama de bom gestor e é de direita, pró-Bolsonaro, embora sem extremismo. Mas uma identidade pode sobrepujar a outra e aí “gerentes” como o secretário de Infraestrutura Pedro Sales crescem e aparecem. O próprio prefeito Rogério Cruz, a depender do fechamento do seu mandato, dispõe de potencial para enveredar por esse corredor.

Entretanto, há uma terceira variável com chances de influir em Goiânia: os quase 50% de votos na reeleição do governador Ronaldo Caiado na capital, o que o coloca automaticamente como um cabo eleitoral de expressão no ano vindouro. Cruz apoiou a reeleição de Caiado e obviamente espera reciprocidade. O governador, no momento, anda longe de uma decisão. É precoce, por ora.