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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 07 De Março De 2023

07/03/2023 às 13h45


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Ana Paula Rezende é a última tentativa de renovação do irismo

Filha de Iris, Ana Paula Rezende é cotada para disputar o Paço Municipal pelo MDB, em 2024

O que é, ou melhor, o que foi o irismo? Uma visão de administração pública 100% focada em obras físicas. No começo, ensaiou um projeto populista de mobilização de massas que, no entanto, perdeu o bonde da modernização do Estado, acabou sucessivamente derrotado nas urnas e foi confinado nas suas últimas manifestações de vida a Goiânia – até a morte do seu mentor, Iris Rezende.

Ainda assim, teve uma longa trajetória política, mais de 60 anos. Essa resiliência, pelo bem ou pelo mal, tende a garantir ao irismo uma sobrevivência mínima, agora nas mãos da filha e herdeira Ana Paula Rezende. Daí, o inevitável: pelo sobrenome, ela estará obrigatoriamente nas especulações sobre o cenário para a próxima eleição para o Paço Municipal.

Seu estofo para ser candidata é indiscutível. Sucessores de famílias ilustres da política costumam enfrentar as urnas sob a alegação de defesa do legado enxergado na carreira do pai ou da mãe. Ganham na maioria das vezes. Na verdade, trata-se de aproveitar um patrimônio eleitoral valioso para desenvolver uma carreira com base em mandatos eletivos. Ana Paula parece ser mais uma expressão desse fenômeno tão comum no Brasil.

Apesar de jovem, Ana Paula Rezende não chega a ser um quadro de renovação, já que vem da política tradicional. Quanto ao irismo, sim, é, em uma dosagem por enquanto impossível de ser medida. Isso dependerá de passos futuros. Se conquistará cargos como a prefeitura da capital e se mostrará serviço. É importante observar que o assessoramento e o aconselhamento que cercava Iris, e está instalado no entorno da filha, envelheceu ou também morreu, encontrando-se deslocado, no que restou, no mundo novo das redes sociais, da comunicação acelerada e da mudança de parâmetros. Sacudir essa montanha de pó seria decisivo, antes da aventura da busca do voto.

Acordo Caiado-Mendanha é questão de tempo e coreografia

Revelada por este blog em primeiríssima mão, a aproximação entre o governador Ronaldo Caiado e o seu principal adversário na e eleição passada, o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, caminha a passos acelerados e deve se tornar realidade em algum momento nas próximas semanas. Enquanto isso, ambos, tanto o governador quanto o ex-prefeito, executarão a coreografia necessária para introduzir estrategicamente no tabuleiro político do Estado as novas peças a saltar da composição entre os dois.

Desde a reeleição, Caiado já falou no mínimo seis vezes com Mendanha, entre telefonemas e eventos solenes, sempre em tom formal, civilizado acima de tudo. Claro, em nenhum momento houve abordagens políticas. A troca de sinais positivos, no entanto, esteve implícita em todas as ocasiões.

O acordo entre os adversários de 2022 é tão revolucionário e impactante quanto o dos antagonistas de 2018, que extrapolou em matéria de potencial e colocou Daniel Vilela na vice da chapa liderada por Caiado no ano passado e, mais ainda, como candidato certo ao governo do Estado em 2026.

Em política, grandes movimentos e manobras em profundidade exigem preparação prévia e o cumprimento de etapas muito bem estudadas, preservando-se ao máximo as personagens envolvidas. É o que já está acontecendo quanto a Caiado e Mendanha: interlocutores e apoiadores articulam de lado a lado, dentre eles o prefeito de Aparecida Vilmar Mariano e o deputado estadual Veter Martins. Há ganhos para todos.

Sem oposição, momento é de céu de brigadeiro para Caiado

A consolidação do pacto político que sustentou a reeleição do governador Ronaldo Caiado, com a nomeação para o secretariado de representantes dos partidos aliados, desenha um céu de brigadeiro para o Palácio das Esmeraldas.

A base governista está 100% pacificada. Não há dissidentes nem rebeldes nem mesmo insatisfeitos, pelo menos se manifestando publicamente ou com alguma força nos bastidores. A Assembleia Legislativa está dominada. É até difícil prever algum tipo de contratempo para Caiado, em um cenário que desde já cria expectativas favoráveis para a sua sucessão em 2026 – com a provável candidatura do atual vice, Daniel Vilela.

A oposição… sim, por onde anda a oposição? Não se tem notícia.

Em relação ao cenário federal, o governador já tem estabelecidas as bases para um relacionamento proativo e civilizado com o presidente Lula, diferenças ideológicas à parte. Aliás, Caiado e o petista passaram a se identificar através da prioridade de ambos para o atendimento das demandas da população vulnerável. A base social de um, estadualmente, e de outro, nacionalmente, agora tornou-se uma só – os pobres, para os quais eles estão dedicando os mandatos assumidos em 1º de janeiro deste ano.

Sem crises no front político, governa-se melhor. Caiado está em vantagem, portanto, respaldado pela estabilidade fiscal do Estado, pelo caixa de R$ 10 bilhões, pela suspensão do pagamento das pesadas parcelas da dívida e por um espetacular enxugamento de gastos. Poderá empenhar-se à vontade na construção de obras marcantes como o Hospital do Câncer, a manutenção e implantação de rodovias, as casas para as famílias de baixa renda e, o mais importante de tudo, na ampliação dos programas sociais, que receberam R$ 4,5 bilhões no primeiro governo e nos próximos quatro anos vão ganhar no mínimo o dobro.

A razão de Vilmar Rocha para não aceitar o convite para a Casa Civil

Em uma conversa de duas horas, nesta semana, o governador Ronaldo Caiado chamou o presidente estadual do PSD Vilmar Rocha para assumir a Secretaria da Casa Civil.

Caiado quis dar uma demonstração de reconhecimento pela participação do PSD na sua reeleição: um bom quadro de candidatos proporcionais, tempo de rádio e televisão, o próprio Vilmar integrando a chapa como postulante a senador.

Acrescente-se a isso que, à sua maneira cortês, ele, Vilmar, vinha cobrando uma retribuição do governador aos partidos irmanados na campanha vitoriosa de 2022.

Surpreendentemente, no entanto, a resposta foi… não. E a justificativa tem bem a cara de Vilmar Rocha: numa idade em que não se sente mais atraído por projetos pessoais, a sua única pretensão seria agora atuar em nome do grupo, ou seja, do partido. Por isso, preferia declinar da convocação e sugerir o nome do ex-deputado federal Francisco Jr. para representar o PSD na equipe de Caiado. Além disso, ainda colocou à disposição os ex-deputados estaduais Max Menezes e Simeyzon Silveira.

Acertou-se o aproveitamento de Francisco Jr.. Onde e como, ainda a definir. O ex-deputado, apesar da carreira política, tem perfil técnico, de gestor, tendo como primeira função na sua vida pública a Secretaria de Planejamento da prefeitura de Goiânia. Quanto aos demais, dificilmente. E Vilmar continua presidindo o PSD.

Um “comunista” no Palácio das Esmeraldas, segundo o agro

Para os agrotroglodistas de Goiás, Caiado virou “comunista”

Caiado “comunista”? Quando o governador Ronaldo Caiado e o agro em Goiás romperam o relacionamento histórico de décadas, a partir do resultado das eleições de 2022 e da instituição da taxa sobre os produtos rurais, foi isso que a turma da fazenda (bolsonarista por natureza) passou a pensar. Confiram a estória toda.

Para dialogar sobre o novo imposto, Caiado se dispôs na época a receber uma delegação de supostos líderes do agronegócio. Na data e no horário combinados, apareceram 20 “representantes” desse setor estadual da economia. O governador viu nesse número elevado uma estratégia de pressão e só permitiu a entrada de dez no seu gabinete. A conversa foi duríssima.

No seu estilo franco, que costuma inibir eventuais interlocutores, Caiado reclamou ter sido traído eleitoralmente. Mostrou números. Em cidades icônicas do Sudoeste, a zona mais característica do agro em Goiás, chegou a perder em cinco cidades (a sexta foi Goianésia). Embora tenha vencido em 240 municípios, ganhou por uma diferença irrisória em grandes centros como Rio Verde e Jataí. O bolsonarismo contagiou esse eleitorado, abandonando o guia que passou uma vida defendendo os interesses do chamado “homem do campo”.

tête-à-tête no gabinete principal do palácio prosseguiu. Caiado trovejava e ninguém objetava. Ele revelou considerar a sua reeleição resultado das políticas de apoio às famílias em vulnerabilidade, comandadas pela primeira-dama Gracinha. Fora daí e com a rasteira do agro, teria havido 2º turno, colocando em risco o segundo mandato. Por isso, a irreversível decisão de “governar para os pobres”, mote da gestão a partir de 2023, sem falar nos inacreditáveis R$ 4,5 bilhões investidos nos programas sociais entre 2019 e 2022.

Saíram todos de cabeça baixa, depois do “pito”. Haviam participado de uma espécie de cerimônia de divórcio. O “novo” Caiado, surgido após a reeleição e a cirurgia de ponte de safena, agora confirmava que é mesmo outro Caiado, preocupado, tal qual o presidente Lula, com a base da pirâmide populacional, ou seja, com os pobres. Seu governo é para eles. Virou “comunista”, enfim, na visão ideológica primitiva do agro bolsonarista e troglodita.