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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 07 De Fevereiro De 2023

07/02/2023 às 13h46


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Romário Policarpo: Câmara tem mais o que fazer do que só se preocupar com o prefeito

O presidente da Câmara de Goiânia Romário Policarpo balança para cá e para lá contaminado pelo golpismo

De uma Câmara Municipal, em qualquer cidade, espera-se minimamente o cumprimento das suas finalidades constitucionais, avaliando e aprovando leis, fiscalizando o Executivo e discutindo as melhores soluções para os desafios de cada comunidade. Daí a passar 24 horas por dia envolvida em uma confrontação estéril com o prefeito, vai uma distância muito grande. Em um município, ainda mais um do tamanho de Goiânia, há mais a fazer para os vereadores.

Esse é o erro que apequena o presidente do Legislativo goianiense Romário Policarpo. Para ele, a capital se resume ao que Rogério Cruz faz ou deixa de fazer. Não deveria ser assim. Já no terceiro mandato graças a uma distorção da jurisprudência do STF, Policarpo consome o seu valioso tempo em uma interminável queda de braço com o Paço Municipal, ora próximo, ora distante, sempre esticando a corda e transmitindo um inequívoco sinal de que pensamentos golpistas passam pela sua cabeça – ele é o virtual vice que parece inclinado a conspirar contra o titular, porém com receio de ultrapassar os limites.

O presidente da Câmara é jovem e como tal teria a obrigação de inovar e provar ser uma reciclagem da velha política. Corrijam este blog, leitoras e leitores, se estiver errado: em mais de quatro anos no cargo, Policarpo nunca mostrou qualquer diferenciação diante dos seus antecessores e menos ainda em relação aos parâmetros convencionais de uma função tão relevante para Goiânia. É mais do mesmo. No sábado mesmo, 4, O Popular publica uma entrevista com ele acusando os auxiliares de Rogério Cruz de não trabalhar e queimar o expediente com fofocas. Pode ser. Mas Policarpo e a instituição que preside fazem o mesmo.

Outra matéria do jornal na mesma edição fala sobre pontos do Plano Diretor que agravam a possibilidade de inundações, como a que levou a vida do motoqueiro Warley Melo Adorno, de 22 anos, arrastado por uma enxurrada na Avenida C-107, no Jardim América. É grave. A Câmara de Policarpo analisou durante meses a lei, em clima mais de manipulação que de debate produtivo e não acrescentou ou mudou nada, engolindo o que veio pronto do Executivo. Foi politiqueira e omissa. O Poder também tem culpa no cartório quanto a essa morte. Seu jovelho presidente precisa se explicar.

Decisão salomônica de Caiado cria 2 líderes de governo na Assembleia

O governador Ronaldo Caiado inovou mais uma vez: seu governo terá, na prática, dois líderes na Assembleia. Wilde Cambão e Talles Barreto, desde sempre cotados para a função, foram agasalhados por uma fórmula inusitada criada na última hora para agradar a ambos, qual seja o primeiro como líder e o segundo como vice-líder, com uma troca de posições daqui a um ano.

Ou seja: pelos próximos dois anos, Cambão e Talles farão um rodízio, com um assessorando o outro. É o que significa a decisão do governador, que, assim, adotou uma forma salomônica, aliás sem precisar ir ao limite de ameaçar cortar alguém ao meio com a sua espada, como fez o rei de Israel.

O primeiro líder será Cambão, por 12 meses, ao final dos quais Talles assumirá o seu lugar e ele o de Talles. Há uma questão de personalidade a observar nesse arranjo. Talles tem mais presença e mais preparo para encaminhar os assuntos de interesse do governo na Assembleia. Já faz tempo que ele relata com sucesso as matérias de importância encaminhadas por Caiado. A polêmica lei que instituiu a taxação do agro, por exemplo. Além disso, ele mora em Goiânia, enquanto Cambão está baseado em Luziânia, cidade onde inclusive disputou e perdeu a prefeitura em 2020. A distância pesa. E também é um deputado reservado, pouco afeito a debates e vocacionado para os bastidores, de voz forte e pausada. Ele tem o DNA da família Roriz (e o sobrenome), historicamente tradicional na região do Entorno.

Talles Barreto como vice-líder será uma mão na roda para Cambão. Eles devem trabalhar em conjunto, dividindo e combinando tarefas que vão desde viabilizar a aprovação de projetos até ocupar a tribuna para defender a gestão estadual de críticas e ataques. Significa, no final das contas, que o Palácio das Esmeraldas terá não um, mas dois líderes na Assembleia. Bom para Caiado. Alguns apostam que não dará certo e que haverá uma prejudicial diluição do polo de poder naturalmente encarnado pela figura de um único representante do governador no Legislativo, firme e determinado. A conferir.

Em tempo: Wilde pronuncia-se “Ualde”. E Cambão foi um apelido aleatoriamente colocado por um aluno, na época em que ele foi professor de Educação Física. Nada a ver com ferramentas antigas da roça ou qualquer outra referência. 

Divulgação do número de celular de Vilmarzim foi demagogia barata

Demagogia barata geralmente acaba em desgastes para os políticos que apostam nessa estratégia. Vejam só, leitoras e leitores, o caso do prefeito de Aparecida Vilmar Mariano, o escorregadio Vilmarzim. Durante uma entrevista a uma emissora de rádio, ao responder ao questionamento de um morador de bairro acerca da roçagem de lotes, ele teve um surto de autopromoção: ditou seu contato de celular e pediu que o cidadão enviasse o endereço exato do local que necessitava de serviços. “Este é o meu número pessoal: 98435-5995”, revelou, conforme conta o blog aparecidense Folha Z, melhor fonte para se informar sobre a cidade.

Entusiasmado com a súbita ideia, o prefeito ainda repetiu algumas vezes o número e garantiu que estaria à disposição para atender e dar uma resposta para demandas de qualquer um que o chamasse: “Acho bom quando recebo uma ligação direta do meu patrão, que é o povo. O povo paga o meu salário e eu tenho obrigação de atendê-lo”, emendou um eufórico Vilmarzim, talvez acreditando ter improvisado uma jogada genial de marketing.

Enganação, na verdade. Este blog ligou mais de 10 vezes para o apregoado celular, sempre em horário de expediente, durante três dias. Não deu em nada. Vilmarzim não atendeu. Quem quiser que experimente e terá o mesmo resultado. “O meu patrão, que é o povo”, paga o salário do prefeito de Aparecida, mas não tem o direito de ser ouvido, pelo menos da forma como ele próprio anunciou.

Enquanto isso, entre inundações provocadas pelas chuvas intensas, mato alto, lixo nas ruas e erosões a torto e a direito, vale o velho bordão popular: visite Aparecida antes que acabe.

Célio Silveira agradece, mas não vai para a Secretaria do Entorno

O deputado federal Célio Silveira está com um pé atrás quanto a hipótese de aceitar o convite do governador Ronaldo Caiado – que ainda não aconteceu, mas está a caminho – para ocupar a Secretaria do Entorno, ainda a ser criada. A experiência anterior com essa pasta, ou parecidas, é deprimente. Os governos do MDB e do PSDB a tiveram, em alguns momentos, sempre esvaziada, sem recursos, sem estrutura e sem atribuições claramente definidas. Uma secretaria de gaveta, enfim. O que Célio teme é ver a história se repetir, com ele como protagonista.

Gayer foi para a Câmara fazer papel de bufão

Eleito deputado federal, e bem, Gustavo Gayer não entendeu o papel que terá no Congresso

A representação parlamentar federal de Goiás sempre foi de alto nível. Até o excêntrico Jorge Kajuru, ao se tornar senador, assumiu um comportamento sério, moderado e responsável. No geral, quem passou pelo Congresso, em nome do Estado, sempre procurou honrar a camisa das goianas e dos goianos.

Bem, pelo menos até agora. A bancada eleita em 2022 conta com uma subcelebridade exótica, para não dizer destrambelhada: Gustavo Gayer. Ele foi muito bem votado, encarnando o que de pior existe no bolsonarismo e na extrema direita. Na diplomação, perante os juízes do Tribunal Regional Eleitoral, arrancou o seu diploma das mãos de um deles e foi embora com gritos incompreensíveis. Era de se esperar, portanto, o papelão que protagonizou na sua própria posse na Câmara Federal.

Gayer se juntou a um grupelho barulhento de velhos e novos deputados identificados pela infantilidade política. Vestiu-se de palhaço, pregando, nas costas, um cartaz onde se lia “Fora, ladrão”, sob uma mão sem o dedo mindinho. Em vídeos postados nas redes sociais, apareceu gritando a pleno pulmões slogans manjados, no plenário, tipo “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”. Isso sem contar outras bizarrices, ainda mais ridículas, que correspondem a um estágio ideológico primário, seguramente capazes de isolar o rapaz como uma figura folclórica entre os seus pares no Congresso Nacional – mesmo entre oposicionistas ao governo Lula, área em que as cabeças mais lúcidas vão procurar criar bases consistentes de atuação, em termos de direita esclarecida.

Esse é um filme triste que Goiás nunca viu antes: um deputado eleito com 200 mil votos que, pelo visto, não vão servir para nada, atuando como um bufão de circo. No lugar errado. Preocupado com posts e likes nas redes sociais e pouco se lixando para a política real. As goianas e os goianos não merecem.