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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 06 De Abril De 2023

06/04/2023 às 10h53


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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O céu é o limite para o governo Caiado 2

Três fatores conjugados são a garantia de sucesso do segundo mandato do governador Ronaldo Caiado Dois são 1) a excelente condição fiscal do Estado e 2) uma organização administrativa enxuta e focada. E mais um é o arcabouço político que dá estabilidade total a esse arranjo e permite o andamento da gestão sem sobressaltos.

Desde a passagem do Conde dos Arcos como primeiro condutor dos negócios públicos em Goiás, por volta de 1750, todos os governantes que o sucederam sonharam com o cenário conquistado por Caiado: dinheiro em caixa, despesas em queda contínua e oposição praticamente zerada. Inquilinos recentes do Palácio das Esmeraldas, como Iris Rezende, Maguito Vilela e Marconi Perillo não chegaram perto dessa situação paradisíaca.

Sem exagero: nos próximos anos, o céu é o limite para Caiado. Um exemplo é o programa de obras lançado há poucos dias, com previsão de dispêndios de R$ 15 bilhões até 2026. Nunca houve nada parecido em Goiás, nem mesmo corrigindo-se para valores de hoje o montante gasto com investimentos pelos governos anteriores. E atenção para o detalhe: a expectativa é que essa verdadeira fortuna a ser aplicada em infraestrutura vá muito além. Em depósitos, à vista, o governador tem disponíveis mais de R$ 10 bilhões, desde já. Dá para imaginar, leitoras e leitores, mais quase quatro anos, no ritmo dessa festa?

Caiado repete diariamente ter respeito absoluto pelo dinheiro do povo. Não que os seus antecessores também não o tivessem. Mas, no caso do atual governador, essa qualidade se manifesta de forma diferente, através do inequívoco e determinado combate à corrupção e do cuidado minucioso com o entra e sai de dinheiro do Tesouro estadual. É real e não retórica vazia. Ao alcançar um completo equilíbrio fiscal, Goiás ganhou os mecanismos necessários para planejar as suas finanças e economizar, aproveitando bem cada centavo. Automaticamente, a governança se ajustou e avançou.

O resultado é que, a partir de agora, Caiado pode fazer o que quiser. Uma das prioridades, como se sabe, é governar para os pobres, através dos programas sociais em escala crescente. Outra, a reforma e manutenção das rodovias, um desafio histórico que ninguém antes enfrentou a contento e normalmente tido como uma incontornável adversidade crônica e estrutural. Não é e o governador prepara-se para uma nova quebra de paradigmas, como conseguiu na Segurança Pública, ao fulminar mitos como o de que a violência é decorrência da desigualdade social e não seria jamais reduzida pela repressão policial. Em Goiás, todos os índices de criminalidade caíram, a partir de 2019. Todos. E foi Caiado quem fez.

Pegando na mão da pessoa certa, Cruz vai para o 2º turno

Caiado é o maior cabo eleitoral em Goiânia, depois dos 44% de votos que obteve para a reeleição, em 2022

Talvez seja cedo, talvez não. As eleições municipais de 2024 já estão no horizonte e mobilizam as expectativas da classe política. A que decidirá sobre o próximo prefeito de Goiânia é a mais importante no Estado. E a pergunta que não quer calar, no momento, é sobre as chances de um novo mandato para Rogério Cruz.

Poucas vezes a capital teve alguém tão discutido no seu comando administrativo. Um vice quase desconhecido, agraciado pelo destino com um período completo de quatro anos como titular. Ainda que viesse a recobrir as ruas de ouro, sofreria contestações, dado o modo inusitado como chegou ao cargo. Essa é a sina dos vices. Uns dão certo, outros não. Qual é a moldura de Rogério Cruz?

 Tido como o primeiro prefeito negro de Goiânia, ele é questionado o tempo todo quanto a possibilidade da sua reeleição – direito natural de quem ocupa o Executivo, caso não o tenha exercido antes. É um lenga-lenga que deve aborrecer Rogério. Poucos se atentam: o que torna a sua recondução factível é o cargo. Estar no cargo cria metade das circunstâncias políticas e eleitorais necessárias para se habilitar à corrida pela prefeitura, com chances de vitória.

A outra metade vem dos apoios construídos. Aqui, a principal variável é o posicionamento do cabo eleitoral número um do pleito do ano vindouro em Goiânia: o governador Ronaldo Caiado, aquele que, em 2022, alcançou quase a metade dos votos disponíveis na capital, verdadeira façanha, coisa que nem Iris Rezende nem Marconi Perillo conseguiram. Caiado conta com aceitação alta entre as goianienses e os goianienses, especialmente em razão do sucesso da política de segurança pública implantada desde 2019. A criminalidade caiu vertiginosamente. Conversar ao celular, nas calçadas, ou sacar dinheiro no caixa eletrônico, deixaram de representar risco de vida. Isso é tudo para a vida cotidiana da população e é percebido por todos, refletindo-se em uma elevada aprovação para o governador.

Cruz rachou o Republicanos para levar a maioria do partido para a campanha da reeleição de Caiado. Esse gesto teve relevância, na época. Se houver uma retribuição em 2026 e o governador pegar na mão do prefeito, não é difícil concluir que ele disputará o 2º turno. Eis o ponto: com Caiado, Rogério Cruz beira o favoritismo. Sem, vai depender da definição que ele, Caiado, adotará. Se terá um candidato. Se se declarará neutro. Naquilo e nisso, a cotação do prefeito desce. Escorado, sobe e poderá ir longe.

MDB volta como peça-chave da política em Aparecida

O MDB está no centro das atenções da classe política de Aparecida, uma das mais atrasadas e provincianas do Estado, apesar do ambiente de modernidade sugerido pelo potencial industrial da economia local e da classificação do município como o segundo mais populoso do Estado.

Três postulantes à prefeitura na eleição do ano vindouro miram o partido para dar sustentação às suas candidaturas. O principal é o atual prefeito Vilmar Mariano, ora completando um ano no cargo desde assumiu com a renúncia de Gustavo Mendanha para disputar e perder o governo do Estado. O convite para se filiar ao MDB, assinado pelo vice-governador Daniel Vilela, já está na mesa de Vilmarzim.

O ex-prefeito Ademir Menezes, o aparecidense a ir mais longe na política estadual como vice do governador Alcides Rodrigues, também está de olho na legenda. Ele sonha voltar depois de um longo recolhimento, quando cedeu espaço para o filho Max Menezes, infelizmente malsucedido em duas tentativas de busca por um mandato na Assembleia.

Por último, o presidente da Câmara André Fortaleza, uma liderança em crescimento na cidade e fora, que tem a vantagem de já ser filiado ao MDB. Fortaleza e Vilmarzim são desafetos, sustentando uma briga de vida e morte, homérica para os padrões de Aparecida.

Vilmarzim, Ademir e Fortaleza são em tese postulantes a prefeito. Vilmarzim, óbvio, é o mais certo. Está no cargo e tem direito à reeleição. Ocorre que tudo isso passa por uma figura hoje recolhida em casa depois das eleições do ano passado, mas seguindo em frente como dominante na política municipal: Gustavo Mendanha, ele próprio interessado em se reinserir no emedebismo, embora se sentindo indesejado por Daniel Vilela – além de vice, Daniel é o presidente estadual da sigla.

Onde vai dar essa maçaroca? Pelo status de prefeito, Vilmarzim tem a preferência. Mas não consegue se acertar com Mendanha. Este primeiro pensa em si próprio e depois no resto. Tem um estirão pela frente, depois dos 800 mil votos faturados na disputa pelo governo. Pode ser, neste ajuste fino, que seus objetivos deixem de confluir com os de Vilmarzim e aí as coisas se compliquem. Mas o MDB é fundamental nessa equação. Representa tradição, proximidade com um governador bem aprovado e cobertura política para disputar uma eleição.

Marconi procura Lula para unir a centro-esquerda em Goiás

 Marconi teve chances de se aproximar de Lula em 2022, mas perdeu o bonde e agora busca recuperar o prejuízo

O ex-governador Marconi Perillo atua nos bastidores para se compor com o presidente Lula, usando canais de interlocução como o vice-presidente e ministro da Indústria & Comércio Geraldo Alckmin e o mensaleiro Delúbio Soares. O objetivo final é a montagem de uma frente de centro-esquerda em Goiás.

O novo grupo marcaria presença nas próximas eleições, a municipal do ano vindouro e a estadual de 2026. A disputa pela prefeitura de Goiânia é o principal alvo a curto prazo – e, caso a manobra venha a ser bem-sucedida, Marconi admite até ser candidato a prefeito, hipótese descartada formalmente, porém mesmo assim colocada na mesa de negociações. Pessoalmente, ele diz preferir os nomes da deputada federal Adriana Accorsi ou do ex-reitor da UFG Edward Madureira.

Uma operação parecida rumo ao PT e a Lula deu-se em 2022 e quase logrou êxito. Na última hora, o tucano desistiu, equivocadamente induzido pelo seu grupo próximo a concorrer ao Senado diante da “certeza”, na época, de que seria vitorioso, enquanto encabeçar uma chapa para enfrentar a reeleição do governador Ronaldo Caiado, com um nome do PT na vice, contaria com chances praticamente nulas.

Marconi articulou diretamente com Delúbio Soares, embora, paradoxalmente, tenha sido em um dos seus mandatos que a aposentadoria do petista como professor do Estado foi cassada. Abruptamente, abandonou as conversações e sequer deu satisfações da sua decisão de optar pelo pleito senatorial. Delúbio reagiu muito mal.

Mas a roda da política não para de girar. Por iniciativa do ex-governador, as tratativas voltaram, agora incluindo também os conselhos e a ajuda de Geraldo Alckmin. Este sugeriu a filiação de Marconi ao PSB, fixando assim com mais força um perfil de centro-esquerda e criando condições ideológicas para uma conciliação com Lula – o presidente e Marconi têm um histórico de agressões mútuas e sempre se moveram em campos opostos.

Com a oposição em Goiás à beira da aniquilação, o ex-governador esperneia para encontrar um polo de antagonização em relação a Caiado e, ao mesmo tempo, criar condições para o seu retorno ao processo político depois das suas duas derrotas nas urnas e do esfacelamento do seu partido, o outrora poderoso PSDB, agora reduzido ao humilhante status de partido nanico.