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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 04 de fevereiro de 2019

04/02/2019 às 13h42


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DEIXOU SEQUELAS

A eleição de Lissauer Vieira para a presidência da Assembleia Legislativa deixou sequelas que vão exigir do governador Ronaldo Caiado um esforço que ele, talvez, ou não está disposto ou não acredita que deve fazer. Desde que foi eleito até hoje, quando já completou mais de mês de mandato, Caiado nunca chamou deputados para conversar nem desenvolveu algum tipo de relacionamento mais significativo com qualquer um deles. E acredita que não deve ceder espaços no governo em troca de apoio parlamentar. Essa posição do novo governador vai dificultar a normalização das relações com a Assembleia, coisa que seria fácil de alcançar caso ele credenciasse interlocutores como o secretário de Governo Ernesto Roller ou mesmo o vice-governador Lincoln Tejota (ambos são ex-deputados experientes). Roller e Tejota até atuaram nas articulações para a escolha do novo presidente, mas com as mãos vazias, sem nada a oferecer aos deputados. Não podia dar e não deu certo.

 

A BANCADA FEDERAL E O COORDENADOR QUE NÃO COORDENA

A reunião dos senadores e deputados federais goianos, em Brasília, que escolheu Flávia Morais como coordenadora, contou com a presença de Jovair Arantes – o único dos derrotados na eleição passada que compareceu. Ninguém entendeu o motivo. É tradição que os parlamentares de cada Estado tenham um “líder” para falar por eles em Brasília, mas de pouca função ou utilidade além da coordenação de um acordo para o preenchimento dos cargos do governo federal em Goiás, hoje, em sua maioria, entregue a funcionários de carreira, mas mesmo assim abençoados por um senador ou deputado federal do Estado.

 

DISPUTA ENTRE WILDER MORAIS E ADRIANO DA ROCHA LIMA
Está cada vez mais crítica a disputa de poder entre Wilder Morais, secretário de Indústria e Comércio, e Adriano da Rocha Lima, secretário de Desenvolvimento e Inovação. Wilder não abre mão – e tem lógica – de levar para a sua recém-criada pasta os organismos, como o programa de incentivos fiscais Produzir, que atuam próximos ao empresariado, mas Rocha Lima resiste e, no primeiro embate, ganhou a parada com a decisão do governador de que o Produzir fica na SEDI – sob o argumento de que teria a ver com políticas de desenvolvimento estratégico do Estado. Em uma cerimônia, há poucos dias, presidida por Caiado, em que foram anunciados novos empreendimentos industriais para Goiás, Wilder não deu as caras. Quem comandou a reunião, com um longo discurso, inclusive, foi Rocha Lima.

 

CAIADO CUMPRE A PROMESSA, MAS BENEFICIADOS RECLAMAM

Eis aí um bom exemplo sobre como são infinitas e perpétuas as demandas do funcionalismo estadual: na campanha, Ronaldo Caiado prometeu acabar com a 3ª classe dos soldados da Polícia Militar e unificar todos em uma só categoria, assumiu o governo e “cumpriu”, mas o que conseguiu foi aumentar ainda mais a insatisfação dos 2.661 profissionais supostamente beneficiados. É que Caiado usou a palavra “equiparação”, que presume que todos seriam incluídos em uma classe só, nesse caso a 1ª, mas não foi o que aconteceu, pois a medida do governador apenas promoveu quem estava na 3ª para a 2ª classe, o que, para a soldadesca, não era o almejado. Os perfis do governador nas redes sociais foram inundados de reclamações. Os salários mais do que dobraram, mas eles querem mais, ou seja, todo mundo na 1ª classe.

 

LEGISLATIVO NÃO SUBMISSO AO EXECUTIVO É AVANÇO PARA GOIÁS

Talvez sem muita consciência de que acabaria alcançando esse objetivo, o movimento da maioria dos deputados estaduais que elegeu Lissauer Vieira como o novo presidente da Assembleia, não submisso ao Executivo, vai dar uma contribuição histórica para o progresso político de Goiás ao vestir no Legislativo o figurino da independência que servirá de contrapeso e de freio que no final das contas será positivo para o mandato do governador Ronaldo Caiado – e principalmente por se tratar de Caiado. Do ponto de vista dos interesses da sociedade, que é a beneficiária de uma gestão que se mostre equilibrada e responsável nos seus atos, pode se tratar de um avanço: a Assembleia, enfim, poderá realmente moderar a ação do Executivo, que a partir de agora terá que se mostrar cauteloso e prudente em dobro ou em triplo quanto aos projetos e aos temas que submeterá à apreciação da Casa. Bom, mas muito bom para Goiás. Caiado, se ganhou sozinho a eleição para governador, sozinho não governará porque são momentos diferentes e desiguais.

 

GOVERNO CONTINUARÁ FECHADO A INDICAÇÕES POLÍTICAS

O colunista Divino Olávio, daqui do Diário Central, aposta que vai quebrar a cara quem esperar qualquer evolução na articulação do novo governo por conta de algum recuo nas posições de Ronaldo Caiado. “Ele não muda, está convencido do acerto das suas decisões”, diz o colega jornalista. Isso pode significar que o governo continuará fechado a indicações dos deputados, atitude que teve papel fundamental na construção do movimento independente na Assembleia e a consequente eleição de Lissauer Vieira às margens da influência do Palácio das Esmeraldas. Divino Olávio lembra a biografia limpa de Caiado, que passou incólume por sucessivos escândalos de corrupção em Goiás e no país e que ele pretende preservar, custe o que custar, mesmo com abalos na base de apoio do governo – e assim concessões não serão feitas de jeito nenhum. Goiás é que terá de se adaptar ao governador, não ele a Goiás.

 

EM RESUMO

  • Nos últimos 30 anos, Rubens Sardinha só deixou de ser diretor parlamentar da Assembleia por um breve período, na gestão de Jardel Sebba. Agora, ele perdeu o cargo para o ex-deputado Luís Cesar Bueno.

 

  • A avaliação no meio jurídico é que Jayme Rincón não escapa ileso dos processos a que responde na Justiça Federal, depois que admitiu ser o dono dos R$ 1 milhão apreendidos na sua casa e na do seu motorista.

 

  • A derrota do governo na eleição para presidente da Assembleia surpreendeu, mas muito mesmo: é que se esperava um passeio de Ronaldo Caiado, do alto da sua experiência de 30 anos como parlamentar.

 

  • Com pouco mais de um mês de mandato, Ronaldo Caiado ainda tem 40% dos cargos de direção do seu governo para preencher. Há pastas importantes em aberto, como a Agehab e a Agrodefesa, dentre outras.

 

  • O vice-governador Lincoln Tejota entrou mudo e saiu calado da sessão da Assembleia que elegeu Lissauer Vieira como novo presidente. Ele era – era – uma das esperanças de reação do governo para evitar a derrota.

 

  • Nunca um deputado ganhou uma eleição para presidente da Assembleia falando tão pouco quanto Lissauer Vieira. Pelo menos publicamente. Nos bastidores, sobraram conversas. E, pelo visto, muito bem sucedidas.

 

  • Quando ensaiava colocar a cabeça para fora ajudando os deputados a derrotar o governo na eleição para presidente da Assembleia, Marconi Perillo foi surpreendido com a cacetada do arresto do seu patrimônio.

 

  • Entre o Tribunal de Contas do Estado e o Palácio das Esmeraldas, o clima azedou com as constantes críticas de Ronaldo Caiado à aprovação de contas irregulares dos governos do Tempo Novo. Mas o troco ainda virá.

 

  • É estranho: a função de controlador geral do Estado é essencialmente técnica, mas para o lugar foi nomeado um ex-candidato a deputado distrital por Brasília, Henrique Ziller, que perdeu a eleição pelo PSB.