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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 04 De Abril De 2023

04/04/2023 às 16h48


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Iris e Paulo Garcia: os antecessores de Rogério Cruz também foram alvo de tentativas de deposição

Os dois pedidos de impeachment contra o prefeito Rogério Cruz, protocolados na Câmara Municipal o primeiro por um estudante e o segundo por dois advogados, reproduzem o roteiro da mesma e idêntica situação ocorrida com os antecessores imediatos Iris Rezende e Paulo Garcia.

Ambos não esquentaram a cabeça. No caso de Iris, foi um vereador o autor da iniciativa, Jorge Kajuru. Quanto a Paulo Garcia, a investida correu por conta do promotor Fernando Krebs. Teoricamente, portanto, coisa mais séria. Ainda assim, em nenhuma das circunstâncias os processos prosperaram diante da fragilidade dos argumentos apresentados.

Como se sabe, esse tipo de instrumento jurídico necessita de um complexo arcabouço político para avançar. Isso inexiste, no momento, na Câmara Municipal, apesar da oposição a Rogério Cruz aparentar mais consistência que em gestões passadas (talvez sim, talvez não). Outra regra não cumprida é a falta de fundamentos sólidos. Nada consta das duas solicitações além de meras opiniões dos seus autores e não fatos. O prefeito não quebrou ou atropelou qualquer lei.

A história, quando se repete, tem um ar de comédia. Ou farsa, conforme a célebre frase de Marx. Esse episódio pode acabar até mesmo acrescentando pontos positivos para a imagem do dono da cadeira número um do Paço Municipal, na medida em que o coloca como injustamente atacado e de forma inócua e infantil. Pior ainda, social e politicamente isolada. Impeachment não se banaliza.

O assunto vale pouco papel e tinta. Ou melhor: não merece muita atenção. Notícia, enfim, de vida curta.

Clima da política estadual é de paz e conciliação

Raras vezes na história de Goiás um ambiente de paz e conciliação predominou com tanta força no meio político como agora. A eleição do ano passado não deixou cicatrizes abertas, ao contrário da nacional. De forma inédita, o resultado das urnas foi naturalmente absorvido pelos derrotados sem sequelas. Não houve choro ou lamentações e muito menos contestação ou inconformismo. Quem ganhou, ganhou, e quem perdeu, perdeu, como produto do jogo democrático, parece ter sido o entendimento geral.

Ato contínuo, veio a cirurgia de ponte safena do governador Ronaldo Caiado. E o consenso da Assembleia em torno do deputado Bruno Peixoto na presidência, a mudança de tom do presidente estadual do PL e candidato derrotado a governador Major Vitor Hugo (até defendendo um bom relacionamento do senador eleito pelo partido Wilder Morais com Caiado) e, finalmente, a homenagem a Maguito Vilela em Aparecida, quando Caiado e Daniel Vilela se encontraram com Gustavo Mendanha com declarações cordiais de parte a parte.

Paralelamente, o risco de perda dos seus mandatos enfraqueceu a chamada ala radical da oposição, gente como Major Araújo e Delegado Eduardo Prado, na Assembleia, e Gustavo Gayer, na bancada federal, todos do PL, acusado na Justiça Eleitoral de não ter cumprido a cota de gênero na formação das suas chapas proporcionais em 2022. Mais um dado importante: o PL será a partir de agora presidido em Goiás por Wilder Morais, um político de origem empresarial que passa longe de extremismos e, de fato, é muito próximo de Caiado.

Vai daqui, vai dali, por isso e por aquilo, a soma de todas essas variáveis trouxe para a atmosfera política do Estado uma temperança nunca vista antes.

Adriana Accorsi e Gustavo Gayer: a renovação em Goiânia

Eleitos para a Câmara Federal com boas votações em Goiânia, Adriana Accorsi e Gustavo Gayer estão na corrida pelo Paço

A eleição do ano vindouro para prefeito de Goiânia tem um desenho previsto: Rogério Cruz correndo atrás da reeleição, Vanderlan Cardoso se apresentando pela terceira vez e, por fora, as possibilidades de renovação representadas pela petista Adriana Accorsi e pelo bolsonarista Gustavo Gayer.

Ora, dirão as leitoras e os leitores, Adriana Accorsi é caldo requentado. Não significa a virada de mesa configurada no nome de Gustavo Gayer, por exemplo. Esse, sim, um ponto fora da curva. Já a petista disputou por duas vezes, tal qual Vanderlan. Ambos, repetição. Ou mais do mesmo. E, com esses antecedentes, onde estaria a novidade?

Atenção: dispondo de um amplo recall entre as goianienses e os goianienses, com mais de 40 mil votos para deputada federal no ano atrasado, Adriana tem potencial eleitoral para concorrer com chances teóricas de vitória e daí se transformar na primeira mulher eleita para a prefeitura, em toda a história política e administrativa de Goiânia. Isso passa perto uma revolução, a motivação que impulsionaria a sua candidatura.

Gayer, a propósito, foi candidato em 2020. Ficou em quarto lugar, um bom resultado. Não seria uma surpresa em 2024, 100% falando. O pior é que não representa nada além do bolsonarismo mal-educado e exacerbado, apesar dos seus 80 mil votos para a Câmara Federal. Não tem o mínimo resquício de uma experiência administrativa. Seu lapso pela iniciativa privada, antes de se transformar em político profissional, foi negativo: um curso de inglês de vida curta, falido no final. A antiga sede foi transformada em comitê permanente da extrema direita em Goiás.

Pesando tudo isso, ainda assim Adriana e Gayer, caso candidatos a prefeito, têm, sim, um significado de reoxigenação da política e da gestão de Goiânia. Se para o bem ou para o mal, ainda se está distante de uma definição. Polos ideológicos costumam se igualar, nos excessos e equívocos. O eleitorado de Goiânia, assustado, pode acabar preferindo o centro, com Vanderlan ou Rogério Cruz.

Major Vitor Hugo vai disputar a prefeitura de Anápolis

 Juíza Flávia Morais Nagato de Araújo Almeida: lotada em  Anápolis, deve levar o marido Vitor Hugo junto

O esforço do ex-deputado federal e ex-candidato derrotado a governador Major Vitor Hugo para deixar de ser um estranho no ninho em Goiás ganhou um socorro extra: sua esposa, a juíza estadual Flávia Morais Nagato de Araújo Almeida(foto), acaba de ser removida para a comarca de Anápolis. Não, isso não tem nada a ver com política. Depois de passar nove anos atuando em Luziânia, no Entorno de Brasília, ela recebeu nova designação por critérios absolutamente técnicos.

Mas é inegável que pode haver repercussão na eleição municipal do ano vindouro. Juízes são obrigados a residir nas comarcas onde judicam. É de se presumir que o marido se mudará junto, apesar de ter retornado ao trabalho como consultor legislativo da Câmara Federal, em Brasília. O Major tem emitido sinais de interesse em uma nova candidatura em 2026, oscilando entre as prefeituras de Goiânia e Anápolis. Ambas as cidades são de maioria bolsonarista, conforme as urnas do ano passado. Anápolis, no entanto, é um caso exacerbado: lá, Bolsonaro teve quase 70% dos votos, enquanto Lula não passou de 27% (resultados do 2º turno).

Vitor Hugo se deu relativamente bem em Anápolis: faturou o 2º lugar, com números bem superiores (beirou os 30%) aos de Gustavo Mendanha. O governador Ronaldo Caiado venceu fácil, com 52%, índice embalado pelo fato de ser anapolino de nascença. A análise desses dados indica que, sim, o Major tem viabilidade politicamente fundamentada na cidade, muito mais que em Goiânia.

A favor, um cenário aberto: o prefeito Roberto Naves não conseguiu produzir até agora um nome de peso para a sua sucessão. Provavelmente, na reta final, escolherá um poste qualquer ou se adequará a um dos candidatos que começam a se apresentar, como o suplente de deputado federal Márcio Correa (30 mil votos em 2022). Ou, quem sabe, ao próprio Major Vitor Hugo. Mas é cedo para definições.

Acordo Caiado-Mendanha continua no radar

A aproximação entre o governador Ronaldo Caiado e o seu principal adversário nas eleições de 2022, Gustavo Mendanha, continua no radar tanto do Palácio das Esmeraldas quanto do ex-prefeito de Aparecida. A articulação, no entanto, entrou em uma espécie de modo de espera, no aguardo de um primeiro gesto de um lado ou de outro, ambos altamente de olho comprido no acordo.

Anotem aí, leitoras e leitores: Caiado quer, Mendanha idem. Para o governador, nem é necessário relembrar as razões do seu interesse, mas é patente o objetivo de ampliar a sua base e aprofundar o processo em andamento para zerar a oposição ao seu governo, com desdobramentos na sua sucessão – e o vice e futuro candidato ao Palácio das Esmeraldas Daniel Vilela será o maior favorecido, no final das contas. Para o aparecidense, salta o proveito de vir a integrar o principal grupo político do Estado e, mais ainda, ocupar uma pasta de importância talvez como a Secretaria da Indústria & Comércio, justificadamente representando um município – Aparecida – dotado de um monumental parque de fábricas e grandes empresas.

O ajuste, no momento, esbarra na ausência de uma coreografia. Mendanha julga-se digno de um tapete vermelho para a sua chegada à base de Caiado. De certa forma, parecido com o que o governador estendeu para o também ex-adversário Daniel Vilela, com o reconhecimento de que Daniel merecia e teve com o reforço da importância do seu partido, o MDB. O ex-prefeito não aspira a tanto, mas de joelhos dobrados não irá. Nem deveria e está coberto de razão. Caiado e Daniel, por sua vez, precisam atentar para o fato de que o vencedor de uma guerra não deve jamais colocar o pé sobre o peito do vencido. Só pioraria as coisas.