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GOIÁS

Coluna Momento Político - 02 De Março De 2023

02/03/2023 às 12h20


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Caiado e Mendanha estão a caminho de uma composição

Caiado e Mendanha: ex-adversários à beira de uma composição histórica

Sinais não faltam. A distensão entre o governador Ronaldo Caiado e o seu principal adversário na eleição de 2022, o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, é uma realidade com potencial para a inclusão de Mendanha na equipe de auxiliares da gestão estadual como o próximo titular da Secretaria da Indústria & Comércio – sob a justificativa de representar um gigantesco polo industrial, hoje equivalente ao de Anápolis e atrás somente de Goiânia.

Notem bem, leitoras e leitores: desde a derrota, em 1º turno, no ano passado, Mendanha suspendeu os ataques e só se referiu a Caiado com educação e civilidade.

Reconheceu o veredito popular, defendeu uma trégua para que o governador possa mostrar serviço no novo mandato e, em alguns momentos, chegou ao extremo de se dizer pronto para colaborar onde se fizer necessário, conforme noticiou a coluna Giro, em O Popular, baseando-se nas declarações do ex-prefeito a um podcast.

Confiram a manifestação de Mendanha, literalmente: “Se for chamado para ajudar o Estado eu estou pronto. Eu, por exemplo, tenho um bom relacionamento com Israel (…) Se o governador fala: ‘Gustavo, vou fazer missão para Israel, você pode auxiliar?’, eu vou ter o maior prazer de ajudar o meu Estado”. Precisa mais?

As expectativas para 2026 transformaram a política em Goiás em um jogo de xadrez reservado a grandes mestres. O único a mover pedras, por enquanto, é Caiado. Ele mexe as brancas, ou seja, tem a iniciativa. Das grandes partidas internacionais do esporte, salta uma verdade inelutável: as brancas sempre vencem. As pretas, em raras ocasiões.

De certa forma, a atração de Mendanha para a base caiadista repete a operação bem-sucedida que escalou Daniel Vilela para a vice na chapa de 2022. Dinamitou a oposição, como lucidamente escreveu Euler Belém no Jornal Opção, da mesma forma que a conquista do passe do ex-prefeito aparecidense teria o efeito de barrar a formação de uma frente contrária em 2026, manobra da qual o benefício maior vai justamente para a candidatura ao Palácio das Esmeraldas do filho e herdeiro de Maguito Vilela.

Caiado vive um momento livre de pressões. Monta o segundo governo à sua imagem e semelhança, sem concessões partidárias – quebrando os parâmetros obedecidos por Iris Rezende, Maguito e Marconi Perillo. Anunciou que não disputa mais cargos em Goiás, elevando-se acima da classe política regional. Parece empenhado em preparar o futuro, trabalhando sozinho enquanto todas as demais forças se envolvem com apenas já e imediatamente. Poucos olham para a frente. Mendanha, se topar e ele topa, tem garantido um papel importante nesse processo.

Obras ou serviços? O plano de Marconi que Caiado realizou

Em 2010, o planejador-mor do então candidato a governador Marconi Perillo foi mais uma vez, como sempre, Giuseppe Vecci. E, daquela vez, Vecci resolveu fugir do ramerrão das obras volumosas que foram o clichê de todos os governos desde quando Pedro Ludovico edificou Goiânia e fixou no imaginário da política estadual a medição do sucesso de uma gestão pela régua do cimento, aço, asfalto e areia

Iris Rezende, na retomada da sua trajetória política com a vitória arrasadora de 1982, sacramentou essa visão. E a partir daí o conceito se firmou: governo bom é governo que constrói. Marconi veio na sequência propondo-se como alternativa a Iris, mas nos 20 anos após o seu triunfo em 1998 não divergiu. Escolheu o mesmo caminho: obras.

O tucano-mor de Goiás chegou a ensaiar algo diferente. Por um tempo, dizia ser um governador sem uma prioridade específica, apresentando-se como focado em todos os campos de atividade de um governo. Durou pouco e ele se voltou para a trilha batida dos investimentos em infraestrutura etecétera e tal.

O parênteses cogitado por Vecci teve curta duração. O plano de governo que ele elaborou para Marconi, na época, falava em uma mudança radical na Saúde, Segurança e Educação, setores vitais para a vida cotidiana em Goiás. Sim, uma obra aqui e outra ali. O centro da gestão, contudo, seria sanar em definitivo as demandas da sociedade por hospitais qualificados, redução drástica da criminalidade e ensino de alto nível nas escolas estaduais.

Serviços e políticas públicas avançadas, enfim. Um programa de governo pé no chão, liquidando com uma obsessão da classe política inexistente em Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, por exemplo, onde as gestões são avaliadas pela capacidade de levar bem-estar e frutos civilizatórios às cidadãs e aos cidadãos. Não apenas pelo que constroem.

Incrivelmente, quem seguiu a essência do planejamento de Vecci foi Ronaldo Caiado. Durante o seu primeiro governo, Caiado recebeu uma saraivada de críticas da oposição sob a acusação de não ter obras. Não adiantou nada: o eleitorado, em sua sabedoria, entendeu que a proposta a partir de 2019 era outra, a da eficiência das políticas públicas em Goiás. Assim como, a partir de 2023, o que valerá será governar para os pobres, como o próprio governador repete a cada dia. Eis a razão da reeleição.

Haverá obras. Caiado está com os cofres abarrotados para fazer as que quiser. Mas as principais continuarão a ser as imateriais. Aquelas que se sentem, mas não se veem. Saúde, Segurança e Educação, mais programas sociais, cultura, municipalismo e outras frentes de trabalho ao gosto de Caiado e conforme as necessidades das goianas e dos goianos. O mundo mudou. Pensem nisso, leitoras e leitores.

Disputa pela vice de Daniel Vilela em 2026 já começou

Aparentemente, 2026 ainda está muito longe para a abertura das articulações para a composição das chapas para a sucessão de Ronaldo Caiado. Mas… só aparentemente. Isso porque já existem desde já definições colocadas na mesa e a principal delas é a inevitabilidade da candidatura a governador do atual vice de Caiado, Daniel Vilela.

Ora, sendo considerada irreversível a sua presença no pleito daqui a quatro anos, e é, torna-se normal que a escolha do seu vice-governador também venha cogitada com precocidade. Ele mesmo foi chamado por Caiado muito antes da hora esperada. Óbvio: não é uma decisão a tomar tão cedo, sim, só que, conhecendo-se o candidato a governador, fica mais fácil para cada interessado se colocar em campo para se preparar para a cobiçada vaga. O jogo, assim, começou.

Em termos de partidos, como Daniel Vilela é do MDB, tem toda lógica a indicação de um vice da legenda similar em potencial político e qualidade de quadros em Goiás, o União Brasil. Ficaria redondo, ao consagrar a sigla também de Caiado. Dois nomes, encabeçam a lista: o secretário de Infraestrutura Pedro Sales (conhecido agora como Super Pedro, dado ao acúmulo de recursos administrativos e financeiros da pasta), que além de tudo o mais conta com a vantagem de privar da confiança estrita do atual governador, e o presidente da Assembleia Bruno Peixoto, este citado diante do cargo que poderá estar exercendo em 2026 (se reeleito para a presidência do Legislativo), sem dar por ora qualquer sinal de vontade.

Há um outro aspirante à vice da base governista em 2026: Roberto Naves, prefeito de Anápolis. Alguém dirá, que ele está filiado ao PP, detalhe que quebra a perfeição da fórmula sintetizada pelo eixo MDB-União Brasil. Um fato novo da política nacional, no entanto, deve mudar essa expectativa, qual seja a federação entre o PP e o União Brasil, em andamento. Se sair, e deve sair, o caminho de Naves para a vice estaria pavimentado.

Dentro da naturalidade da marcha da política em Goiás, caso não ocorram imprevistos, são esses os cotados e será difícil surgir outros.

Um candidato da base ou apoio a Rogério Cruz em 2024

Os prognósticos para o governador Ronaldo Caiado em 2024, em Goiânia, são simples: lançar uma candidatura própria da sua base a prefeito ou investir na reeleição de Rogério Cruz, retribuindo o apoio recebido para a sua própria recondução, em 2022, aliás de forma incisiva, quando Cruz antecipou a sua posição ao divergir do Republicanos e cerrar fileiras com muita determinação a favor de Caiado.

A favor desse segundo arranjo, é bom lembrar: a vaga de vice está disponível. Ajuda a fechar um acordo.

Não existe terceira alternativa. O governador tem afinidade com o prefeito e idem. São chegados. Só que eleição é coisa séria e depende de viabilidade política e de potencial real de votos, não de simpatias. Há uma situação implícita – o rescaldo de 2022. Isso, em tese, justificaria uma convergência do Palácio das Esmeraldas a favor do novo mandato para Cruz.

Pelas características pessoais de Caiado, a aposta mais segura é uma decisão alinhada ao seu perfil histórico de lealdade e fidelidade aos companheiros – fechando com Cruz, no caso. Seria um gesto de reciprocidade, o mesmo que o senador Vanderlan Cardoso devia pelo aval que recebeu em 2020, como candidato a prefeito de Goiânia, mas negou à vitoriosa reeleição do governador, por motivos até hoje não muito claros.

Conclusão: o prefeito precisa deixar patente que pode ganhar. Não faz sentido exigir do governador um sacrifício em vão.